Futuro de qual civilização?

A participação em evento sobre o futuro, promovido pelo Núcleo de Estudos do Futuro, me levantou uma reflexão: do futuro de quem estamos nos referindo?
Supostamente da humanidade, de uma população futura de 9 bilhões de habitantes, em 2050. E a grande preocupação é a com a evolução tecnológica que irá mudar substancialmente o modo de vida. 
Mas será que estamos nos referindo a todos os 9 bilhões ou aos mais ou menos 8 bilhões integrantes da dita sociedade ocidental. 
Segundo alguns historiadores há um confronto milenar entre a sociedade ocidental e a oriental, com a predominância nos últimos 6 séculos da ocidental. A oriental baseada no Japão, chegou a ser uma ameaça, mas foi submetida à ocidental, pela força militar e poder econômico. Restaram a China e a Índia, que com as suas imensas populações poderiam fazer prevalecer a sua civilização. Mas também estão sucumbindo à dominação ocidental pela economia. Permanecem com os seus valores culturais, disseminando dentro da civilização ocidental, mas marginalmente. A China e a Índia já estão amplamente incorporados ao mercado ocidental. 
Portanto, quando falamos de futuro da humanidade, estamos incorporando os chineses e os indianos, assim como a maioria da população asiática.

Mas há um segmento que não só resiste à civilização ocidental, como a combate, embora tenha o suporte de uma matéria prima, essencial da atual civilização ocidental.

Como pensar num mundo comum, com a presença do Estado Islâmico e outros grupos minoritários, mas que perturbam os padrões de vida desejados pela civilização ocidental?

O fato atual é que a presença desses grupos está levando a um enorme exodo da população das áreas em que atuam, deixando que as dominem inteiramente.

Em algumas regiões, como no Afeganistão, apesar de toda intervenção militar ocidental, prevalece uma civilização (ou uma incivilização, segundo os padrões ocidentais) que não parece aceitar a sua incorporação à sociedade ocidental. 

Os drones são amplamente utilizados na região, sendo aliás o seu principal campo de provas. Mas para uso militar. É viável pensar nos afegões civis usando drones para a entrega a domicílio de kebabs? Ou usando robôs para serviços domésticos? As robôs terão que usar burkas?

É outro mundo, que não se incorpora ao mundo ocidental. Não seria problema maior se se isolassem. Mas alguns deles querem combater e destruir a civilização ocidental. Que, a ver deles, pretende destruir a sua cultura. Há uma guerra de civilizações, que pode refluir no futuro, como se tornar a grande ameaça ao futuro que a civilização ocidental está tentando desenhar.

A "barbárie" do Estado Islâmico usa ainda instrumentos primários para a sua matança de prisioneiros. Mas estão equipados com armamentos modernos, de padrão ocidental. Locomovem-se com os veículos concebidos e produzidos pelo ocidente. Não é uma guerra baseada em camelos. E utilizam meios tecnológicos avançados para fazer as suas ameaças. Usam vídeos, internet e rede social. 

A sua sustentação econômica é baseada na apropriação de refinarias de petróleo e venda do mesmo para o mercado ocidental. Através do mercado negro, mas sempre acham intermediários e compradores, porque o petróleo é a base do modelo civilizatório ocidental.

O que se desenha para o futuro da sociedade ocidental é a liberação dessa do petróleo. O que se deseja é uma civilização livre de petróleo. 

Se isso se concretizar irá tirar dos anti-ocidentais a sua sustentação econômica. Será viável a sobrevivência de uma sociedade anti-ocidental que se baseia na posse de um insumo básico da cultura ocidental.

Com o fim da era do petróleo, sucumbirão também os redutos rebeldes anti-ocidentais?

Acabarão também sendo incorporados pela civilização ocidental?



 

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