A direção dos ventos

Os ventos começaram a soprar mais forte, numa direção mais perceptível. E os pássaros que os estavam aguardando começaram a voar, seguindo essa direção. Até mesmo alguns que estavam voando em sentido contrário, estão revertendo a direção.
O fato relevante que provou o aumento de intensidade do vento foi a desconfiança dos deputados integrantes da Comissão Especial do Impeachment em relação às promessas do Governo. 

Aproveitaram para conseguir a liberação de suas emendas, mas não a trocaram pelo voto. Não acreditaram nas promessas de cargos e o resultado foi o que se viu: 38 x 27, como poucas manifestações em relação aos argumentos do relator, como da defesa do Ministro Advogado Geral da União, José Eduardo Cardoso. 

Os 27 não quiseram ouvir o que relator apontou em relação aos decretos e pedaladas, tampouco sobre a contestação de Cardoso. Para eles não houve crime e pronto. Sem crime o impeachment é golpe. Mas alguns ainda podem mudar.

Os 38 não ficaram atrás. Só ouvem o que querem, aceitam o que o relator expôs e não "deram a mínima" à argumentação de Cardoso. 

O mais importante é seguir a direção do vento. Eles querem estar com o lado vencedor. Ou, ao contrário, não querem ficar com o lado perdedor.

E ai entra outro fator. O favorito - neste momento - já se assume como vencedor e começa a negociar as condições do seu governo. Para indignação, estarrecimento, irritação  e desespero da Presidente, que percebe a derrota iminente. E denuncia uma suposta traição e conspiração.

Não há conspiração. O jogo é aberto, até com direito a um suposto vazamento acidental que de acidental nada tem. 

Temer já anunciou as diretrizes do seu governo, usando a velha tática pessedista mineira. Embora seja paulista. Diz, mas diz que não era para divulgar. Exatamente porque queria divulgar. Vai negar sempre que não teve essa intenção. Deu o segundo passo: chamou a Eliane Cantanhêde para assumir que está preparado para assumir.
  Com isso já discute e negocia com os políticos, como sendo o novo Governo.

E Temer passou a ter uma motivação pessoal adicional, típica de um político. Uma disputa com um adversário. Esse não é a Presidente, mas o ex-presidente Lula. 

Lula parece já ter desistido. Em vez de ficar no corpo a corpo com os deputados, em Brasília, preferiu ir ao Rio de Janeiro, para ter o apoio dos seus correligionários e  abraçar Chico Buarque. Ele, como todos os supostos 50 mil presentes ao ato nos Arcos da Lapa, não tem e nem angariam votos. Só reforçam os que já tem.

Os ventos estão ficando mais fortes, mais perceptíveis. E sem indícios de reversão. E provocam o "efeito manada".

 
 




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