Quem vai pagar a conta?

O Brasil de Lula quis mostrar ao mundo que o pais era de primeiro mundo e capaz de organizar com sucesso, com pouco intervalo de tempo, as duas maiores competições esportivas do mundo, em termos de repercussão.

Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olimpicos são os torneios com as maiores quantidades de assistentes em todo o mundo pela televisão.

Para receber os torneios o Brasil precisou e precisa gastar bilhões de reais e de dolares para construir instalações esportivas. E ainda melhorar a infraestrutura das cidades hospedeiras.

Para justificar a pretensão de sediar os eventos e os gastos, os Governos acenam com os impactos econômicos positivos e o legado.

A Copa do Mundo da FIFA já ocorreu, a sua organização não teve senãos, a não ser pequenos incidentes, como hostilidades à presença da Presidente, que empanaram as diversas cerimônias a que compareceu.

Os estádios ficaram prontos para os jogos, ainda que alguns poucos incompletos. A maioria dos empreendimentos na infraestrutura urbana não. 

Do ponto de vista esportivo foi um desastre total. A expectativa de levantar a taça em casa, foi atropelada pelo 7 x 1 da Alemanha.

O impacto econômico foi o oposto do alardeado. O PIB não cresceu mais 3% como afirmavam antecipadamente as consultorias contratadas a peso de ouro e aqui - neste blog - sempre contestadas. 

O PIB de 2014 ficou estaganado e a culpa foi jogada sobre a Copa, em função dos feriados. As perdas econômicas com a Copa foram maiores que os ganhos.

A expectativa de recordes de presença de turismo estrangeiro até foi alcançada, mas não dos turistas ricos que se esperava. O Brasil foi invadido pelos "hermanos" que chegaram, nem se instalaram direito e pouco gastaram. Tampouco ampliaram e melhoraram significativamente a imagem do Brasil como destino turístico internacional.

Para as Olimpíadas a quantidade total poderá ser menor, mas os gastos maiores. O impacto econômico pontual será maior, mas sem garantia de um legado de continuidade. Embora o Rio seja e continuará sendo a cidade maravilhosa.

O principal legado econômico da Copa foi a enorme dívida dos Governos Estaduais assumida para a construção dos estádios, chamados de arenas, para justificar os investimentos maiores. Mesmo no caso das PPP, onde a gestão dos estádios foi transferida para concessionários privados, a responsabilidade de amortizar os financiamentos com o BNDES ficou com os Estados. E esses e também os Municipios ficaram com as dívidas com a Caixa Econômica Federal para pagar as obras de mobilidade urbana. 

Foram iludidos com as ofertas do Governo Federal. A montanha de dinheiro era apenas um montinho e mesmo assim, na forma de empréstimos. Os empreendimentos em mobilidade urbana não tem receita própria para gerar saldos para pagar as dívidas. Em alguns casos requerem até mais subsídios operacionais, como os BRTs.

Nos estádios, as duas expectativas se concretizaram. De um lado uma manada de elefantes brancos, imponentes e ociosos. De outro um significativo aumento de público aos jogos, onde os maiores beneficiários foram os clubes cujos estádios não foram obrigados ao "padrão FIFA".Com investimentos menores tem recebidos grandes públicos. 

Embora ainda não consolidado é o principal legado positivo da Copa de 2014. Ademais a indústria (ou setor economico) do futebol melhorou substancialmente o seu valor adicionado contribuindo favoravelmente para a formação do PIB. Ainda que pouco perceptível ou pesquisado.

Já em 2016, as previsões otimistas dos economistas e dos dirigentes serão substituídas pelas preocupações com os meio feriados e com a atenção de muitos, durante um mês com as competições, reduzindo o trabalho e a produção.

A retração da produção, durante a realização das Olimpiadas será inevitável, como ocorreu com a Copa da FIFA. Com amplitude menor, mas a balança dos impactos positivos e negativos será de prejuizo macroeconômico. Como no torneio de futebol. A FIFA teve uma receita e lucro recordes com a realização da Copa no Brasil. Este teve um prejuizo macroeconômico muito maior.

A Grécia assumiu grandes dívidas externas para organizar as Olimpiadas de Atenas e as foi rolando até se tornarem impagáveis. Não foram só essas, mas ajudaram a cavar o buraco.

O Brasil diferentemente da Grécia não está recorrendo amplamente ao crédito internacional. Mas os Governos estadual e, principalmente, o municipal estão assumindo dívidas com investimentos sem retorno. Vão onerar durante muitos anos os cofres municipais. E os novos Prefeitos, se não puderem contar com o socorro federal, terão que aumentar os impostos. A conta terá que ser paga pelos contribuintes cariocas. 

Quando o arrependimento vier será tarde demais.

Em troca, ficarão também com um complexo de elefantes brancos. Como os chineses com o seu imponente ninho de pássaro e outras mega estruturas à disposição dos turistas. E só.

















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