O Papa Francisco é representante dos descontentes com o mundo é hoje, mas não está a favor dos oponentes àquele.
Que mundo é esse que ele denuncia? É um mundo desigual, ainda com uma imensidão de pobres, de um lado, e uma minoria capitalista que resiste em mudar as suas práticas para assegurar os seus ganhos.
Um mundo consumista predatório.
Um mundo que está acelerando a destruição do planeta.
Um mundo cada vez mais intolerante que destroi vidas e história.
Um mundo em movimento, com novas levas de imigração, tanto de pobres, como de não-pobres.
Ele tem o poder de mostrar, de denunciar, até de propor. Mas não tem poder de fazer.
O seu poder é pela palavra, pela pregação e pela persuasão. Ele é respeitado e ouvido pelas autoridades.
E tem conseguido promover algumas importantes mudanças. O reatamento das relações diplomáticas entre os EUA e Cuba é a mais recente. Uma questão apenas continental, mas de grande simbolismo mundial: o último grande resquicio da Guerra Fria.
Ajudará as autoridades na questão ambiental, com um momento decisivo neste ano de 2015, com a conferência do clima em novembro em Paris.
Terá uma influência muito grande na questão dos imigrantes.
Mas que grandes mudanças ele conseguirá em relação ao capitalismo e à intolerância?
E tem um desafio mais complexo.
Ele quer acabar com a pobreza. Tirar os pobres da pobreza. Mas para onde levar os pobres após superar a pobreza?
Para a sociedade de consumo?
Lula, Dilma e o PT buscaram um rumo que foi bem sucedido numa etapa inicial, mas não se sustentou e corre o risco de regressão.
O rumo foi tirar o pobre da pobreza e inserí-lo no mercado de consumo. A dita classe média emergente.
O grande objetivo agora interrompido era transformar o Brasil num pais de classe média.
Mas o Papa foi aos EUA, um país de classe média, visitar os estratos inferiores dessa classe, para mostrar que a vida deles não é satisfatória.
Que respostas as autoridades brasileiras darão à pregação papal?
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