A saída para a crise econômica

Com a adoção da política monetária do tripé macroeconômico, abandonando a tentativa de restabelecer o modelo nacional-desenvolvimentista, o Governo pretendia revitalizar a economia brasileira. Com base no restabelecimento da confiança dos agentes econômicos privados. 
Não deu certo. 
As falhas ocorreram em dois pontos principais: um de caráter político e outro econômico.
O de caráter político tem sido a dificuldade de promover um ajuste fiscal mais profundo, de um lado por resistência idiossincráticas da Presidente e o seu partido em fazer os cortes nas despesas sociais. De outro lado, a oposição da Câmara dos Deputados, aprovando uma "pauta bomba".
Com isso não se restabeleceu a confiança. Ao contrário piorou e levou à perda do grau de investimento.

Do lado econômico, a desvalorização do real não provocou um significativo aumento das receitas das exportações. Na parte das commodities por conta de uma retração do mercado internacional afetado, principalmente, pela desacleração da economia chinesa. As expectativas superotimistas, com relação à continuidade de um crescimento acelerado da China não se confirmaram. Foram substituidas por previsões pessimistas de uma demora para a retomada das intensas compras chinesas.
Mas o grave da resposta negativa foi a queda da exportação de manufaturados. O que não pode ser explicado pela "crise internacional", uma vez que os principais destinos são os paises desenvolvidos que voltaram a crescer, ainda que em ritmo baixo.
Com isso a expectativa era de que a retomada das exportações de manufaturados demorasse a decolar. O que não se esperava era uma queda dessas exportações. No primeiro semestre de 2015 houve uma queda de 17% das exportações de máquinas e equipamentos, em relação ao mesmo período de 2014. Não devidamente explicado.
Essa queda está sendo escamoteada pela ocorrência do superavit no balanço comercial, devido mais à queda nas importações por conta da retração interna.

O crescimento econômico decorre da movimentação interna da economia, com a multiplicação continuada da renda, gerando - ao final de um período - um acréscimo, quando comparado com o periodo equivalente anterior.

Essa movimentação interna vinha perdendo força própria e foi sustentada por medidas artificiais promovidas pelo Governo Federal, com uso dos recursos orçamentários acima da sua capacidade de gastos.

Com a mudança de política econômica a esperança era de que a sustentação governamental do motor da economia fosse substituida pela dinamização pelos próprios agentes econômicos mediante o restabelecimento da confiança deles. Não ocorreu e não há perspectiva de retomada, com base apenas nos recursos internos.

A reanimação do mercado interno depende de ingresso de recursos externos. Que faça o motor girar novamente, em condições normais.

Esses recursos externos seriam de duas naturezas. Investimentos externos, especulativos ou em investimentos fixos e superavit comercial.

Com a perda do grau de investimentos mesmo os capitais especulativos se retraem e sem uma perspectiva clara de crescimento futuro, os investimentos diretos também retraem. A esperança do Governo é com concessões de serviços na infraestrutura. Porém com a teimosia do Governo em não oferecer condições mais  favoráveis aos investidores não são atrativos para o capital privado.

Resta o caminho das exportações.

Para a economia interna o que interessa é o efeito "para trás" das exportações, ou seja, o aumento das compras e gastos internos dos recursos auferidos no exterior.

No caso das commodities agrícolas, a sobrevalorização do real levou a um aumento na aquisição de insumos e equipamentos agrícolas reduzindo o impacto sobre a economia nacional. Mesmo com a redução das receitas com as exportações, por conta da depreciação das cotações das commodities no mercado internacional, a redução das importações deveria ter melhorado as compras nacionais. O que não  estaria ocorrendo por dificuldades de crédito. 

As exportações de manufaturados teria um efeito maior pois implicaria em compras maiores e pagamento de trabalhadores urbanos. A multiplicação da renda no meio urbano é mais rápida e maior do que na área rural.

No entanto, o Governo mantém excessiva cautela com essa dinamização das compras internas, com a internalização dos recursos externos captados mediante as exportações, dado os riscos inflacionários.

Esse aumento da demanda interna não pode anteceder o aumento da produção. Por outro lado os produtores privados terão que acreditar que o crescimento da demanda futura é seguro para aumentar a sua produção. Por enquanto preferem trabalhar com os estoques. 

A falta de credibilidade no Governo contaminou a credibilidade em relação à economia.

A quebra desse processo pessimista decorrerá de uma perspectiva mais positiva da indústria, com relação às suas exportações futuras.

A saída para a retomada do crescimento está ai. Mas não é um caminho sem muitos obstáculos.

 




 
 

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