Um novo dilema histórico

O Brasil está diante de uma oportunidade histórica, que irá determinar o seu futuro, mas inteiramente ofuscada pelos problemas conjunturais e pela necessidade emergencial de um profundo ajuste fiscal. 

Isso retira do Estado e dos seus governos, a condição de condutor dos novos rumos. O protagonismo terá que ser da própria sociedade brasileira. Que não está acostumada com esse papel, sempre atribuído ou transferido aos Governos ou às lideranças políticas.

A oportunidade decorre das mudanças ocorridas e que vem ocorrendo no mundo, mas com a persistência de um problema não superado: a subnutrição.

Segundo os mais recentes estudos da FAO, em 2050 ainda haverá pessoas subnutridas. 

Alimentar a humanidade é o maior dos desafios dela e o Brasil está numa condição privilegiada de ser o principal supridor mundial de alimentos.

Essa condição não é futura, mas já é presente e traz à tona a coexistência de dois Brasis: um Brasil industrializado, densamente ocupado, desenvolvido, mas envolto numa profunda crise, para a qual se busca solução com ajustes nacionais,que afetam o outro Brasil.

Esse é um Brasil ainda subdesenvolvido, pouco industrializado, com ocupação territorial rarefeita, mas onde já se situa uma grande parte da produção do agronegócio brasileiro e tende a ser  região de maior produção.

A mudança é que esse Novo Brasil, ou Brasil Norte - cujo território está acima do paralelo 16, está se tornando independente da  infraestrutura logística do Brasil Industrial ou Brasil Sul.

Embora ainda 80% da sua produção seja escoada pelos porto do sudeste e sul, as exportações pelos portos do Norter vem apresentando vertigionosas elevações, apesar das deficiências logísticas.

O desenvolvimento futuro do Brasil dependerá das opções que sejam adotadas em relação a esse Novo Brasil. De projetos estruturantes que sejam estabelecidos.

Um projeto estruturante será o desenvolvimento do Brasil Norte, tendo como pilar principal o agronegócio, associado a uma ocupação planejada e sustentável do território e uma infraestrutura logística, fundada na ferrovia.

Diversamente de um projeto de desenvolvimento do Brasil Sul mediante a recuperação de uma economia desenvolvida, mas em regressão, o projeto para o Brasil Norte é passar de uma região ainda subdesenvolvida economica e socialmente para o estágio de desenvolvimento. 

Envolverá um grande programa de investimentos, com grandes opções estratégicas.

O agronegócio brasileiro é um grande e sustentável (ou continuado) gerador de saldos comerciais que tem sido utilizados para suprir as necessidades da indústria, localizadas - principalmente - no Brasil Sul.

Essa enorme capacidade de gerar resultados econômicos e em divisas torna o Brasil Norte uma das melhores oportunidades de investimentos internacionais, dentro do cenário mundial. Seja para a infraestrutura como para as atividades "produtivas".

Quais são as atividades produtivas além da agropecuária que tem oportunidade de se desenvolver no Brasil Norte e atrair os investidores?

A produção agropecuária brasileira será a âncora ou o polo principal de uma cadeia produtiva mundial. 

Essa produção requer o suporte de toda uma cadeia produtiva industrial, principalmente de produtos químicos, equipamentos mecânicos e veículos

Pode gerar oportunidade para a instalação de unidades industriais para a produção desses elementos, mas não pode torná-lo um fator futuro de comprometimento da competitividade da produção agropecuária.

Esses elementos que pesam no custo da produção devem ser os mais competitivos mundialmente, em termos de desempenho e custo, de forma a não comprometer a competitividade do agronegócio. Uma política de nacionalização ou conteúdo nacional obrigatório pode ser desatrosa.

Essa industrialização deverá ter características mundiais, com o mercado brasileiro, como suporte para uma escala mínima, mas as unidades industriais deverão atender a todo o mercado mundial. Com a necessária competitividade. 

O principal insumo necessário para manter a competitividade do agronegócio brasileiro será a tecnologia. Em todas as dimensões, mas principalmente nas sementes, nos aditivos químicos e defesa contra as adversidades climáticas. 

Os grandes adversários do agronegócio sempre foram as pragas e muito esforço tecnológico foi e vem sendo desenvolvidos para enfrentá-las. Os desafios futuros maiores, para manter elevados níveis de produtividade estão nas mudanças climáticas.   

Essas circunstâncias podem fazer com que o Brasil Norte "queime etapas" passando diretamente do "primário" para o "terciário", sem transitar pelo secundário. 

Isso porque já a partir da 3ª Revolução Industrial a Indústria passou a mesclar o antigo secundário com o antigo terciário.

Essa divisão tradicional dos setores da economia já não correspondem à realidade brasileira, tampouco mundial.

A indústria que poderá ser desenvolvida no Brasil Norte já poderá ser da Quarta Revolução Industrial ou da Quinta Onda de Schumpeter .

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...