Fragmentação partidária

Levantamento e tabulação feita pelo jornal Valor, com o desempenho partidário, segundo tamanho dos Municípios e Estado ajuda a compreender melhor os resultados e perspectivas políticas.
Totalizações nacionais, por partido, como mostram outros levantamentos dão uma visão equivocada sobre a força relativa dos partidos.

A tabulação referida agrupa os mais de 5.000 municípios brasileiros em 4 grandes grupos.

No primeiro grupo estão 92 municípios com mais de 200 mil eleitores, o que leva à possibilidade de um segundo turno. Envolvem um conjunto de 54 milhões de eleitores, o que representa pouco mais de 1/3 de todo o eleitorado.

Dada a dualidade do sistema representativo brasileiro é decisivo para a eleição presidencial, mas não para a composição legislativa, dada a existência de cota mínima por Estado.

Com ainda 55 cidades dependentes de 2º turno, o PSDB domina amplamente esse conjunto, com 14 prefeitos eleitos, em primeiro turno. dos quais 9 em São Paulo. 5 outros partidos somam 16 e 7 partidos conseguiram eleger pelo menos 1 prefeito em primeiro turno, entre eles o PT que conquistou Rio Branco, capital do Acre. Entre os aliados do PT, apenas o PDT conseguiu 1, o Prefeito de Natal. PHS e PSC aparecem com 1. PRB e PSOL não aparecem nessa primeira lista, embora estejam concorrendo no Rio de Janeiro. São Paulo tem 28 cidades, ou sejam, metade do conjunto, dos quais 14 foram decidido em primeiro turno, com 9 do PSDB o que refletiria uma vitória do Governador Alckmin. É significativo o fato de que o Espírito Santo, um Estado pequeno tem 4 municípios com mais de 200 mil eleitores. Supera Santa Catarina e rivaliza com Pernambuco e Rio Grande do Sul. Decorre da fragmentação municipal dentro da Região Metropolitana de Vitória.

No segundo grupo estão 351 Municípios médios, com um eleitorado entre 50 e 200 mil, o que faz com a decisão já ocorra no primeiro turno. Somam 31 milhões de eleitores.
O PSDB também domina este conjunto com 70 prefeitos eleitos - cerca de 20% - seguido pelo PMDB com 53. Já os "outros", além dos 13 partidos identificados na tabulação somam 36 prefeitos eleitos, mostrando a fragmentação partidária. Há dois pontos fora da curva, entre os outros: 3 no Maranhão, o que se deve à atuação do Governador Flávio Dino, do PCdoB para fortalecer o partido no Estado e dizimar o tradicional domínio sarneyzista. Outro é Sergipe com 2 prefeitos dos outros partidos e nenhum do PSDB. Tanto um quanto o outro em função das cotas, elegem pelo menos 8 deputados federais cada um. O Maranhão daria força ao PCdoB para superar a eventual cláusula de barreira, assegurando um mínimo de representação na Câmara Federal, em 2019. Já o PSOL, pelos dados de 2016 estaria em risco.
Dos 70 eleitos pelo PSDB, 23 estão em São Paulo, contra 10 em Minas Gerais, o que refletiria uma vantagem de Alckmin sobre Aécio, dentro do partido, para efeito da indicação do candidato presidencial.
Ressalte-se dentro do G3 a importância do PSB, com 35 Prefeitos eleitos entre as cidades médias, sendo 10 em São Paulo, contra 5 em Pernambuco. Refletiria a relevância do Vice-Governador Márcio França, aliado de Alckmin e candidato à sua sucessão. O que fortalece e enfraquece o Governador: ele teria compromisso em apoiar França, enquanto o PSDB buscará candidato próprio ao Governo de São Paulo.
Tem se aventada a hipótese de Alckmim migrar para o PSB caso não seja indicado candidato à Presidência pelo partido. Os números mostram que ele perderia o apoio nacional do PSDB que emergiu como a principal força nacional.
No segundo pelotão, cada qual com mais de 20 prefeitos eleitos estão o PSD, o PP, o PTB, que fazem parte do centrão e o PDT, o principal partido de oposição com peso no legislativo. Pelos números atuais, em 2019 o PDT deverá ter um número maior que o PT, tornando-se o principal partido de oposição, ou eventualmente da situação, caso consiga eleger Ciro Gomes.

O PSD é o principal partido emergente, cabendo notar a base que vem formando na Bahia, onde elegeu 7 prefeitos, o mesmo número de eleitos em São Paulo, pelo partido. A base eleitoral do PP é o Rio  Grande do Sul, onde elegeu 8 prefeitos, dos seus 23 e tem como principal mentora visível a Senadora Ana Amélia. O PTB é forte em Pernambuco, com a liderança do Senador, ex-Ministro de Dilma e tradicional político do Estado, Armando Monteiro. O qual, no entanto, não tem o domínio nacional do partido.

(cont)




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