Desenvolver-se pulando o secundário

O título é para iniciados em economia política. Mais à frente substituo.

O crescimento econômico do Brasil seguiu os passos tradicionais da história econômica, começando com a geração de riquezas a partir da extração de recursos naturais e da produção agrícola. 

Num segundo momento se industrializou aproveitando e dinamizando o mercado interno. Como sequência, num terceiro momento, que é o atual, o setor terciário contempla a maior parte do PIB brasileiro. 

Em 2013, o último ano para o qual o IBGE tem contas nacionais consolidadas a composição da oferta total era a seguinte:


Oferta Final  ( 1 000 000 R$) Operações e saldos
2010 2011 2012 2013
76,04% 75,73% 75,17% 74,90%     Produção
5,49% 5,77% 5,61% 5,75%    Agronegócio inclusive agroindústria
2,53% 3,31% 3,41% 3,11%    Extração mineral
9,57% 8,61% 7,55% 7,44%     Indústria de transformação (exceto         agroind)
6,74% 6,56% 6,38% 5,92%    Indústria de utilidade pública
4,76% 4,76% 4,88% 4,81%    Construção
9,58% 9,74% 10,09% 10,13%    Comércio
37,36% 36,99% 37,26% 37,74%    Serviços
10,54% 10,91% 11,57% 12,26%     Importação de bens e serviços 
13,48% 13,41% 13,31% 13,03%     Impostos sobre produtos
-0,05% -0,05% -0,06% -0,19%     Subsídios aos produtos

A indústria nacional  de transformação (exceto a agroindústria) representa apenas  7,44% da oferta final , com uma trajetória de queda sucessiva, partindo de 9,57% em 2010. 

O agro negócio tem uma trajetória de crescimento, mas pequena e mesmo, com a incorporação da agroindústria fica em apenas 5,75% da oferta final. Somada aos 3,11% da extração mineral, o setor de commodities básicos não alcança 10% da oferta final da economia brasileira, em 2013. Sendo a maior parte destinada as exportações. 

Os setores da economia brasileira mais importantes são do terciário: o comércio com 10,13% da oferta final e os serviços, como um todo, com 37,74%. Somados chegam a quase 50% da oferta final. O que corresponde ao valor total do PIB.

Este soma à produção nacional, as importações e os tributos pagos pela demanda para consumir ou utilizar essa oferta. 

Para uma avaliação da participação de cada setor na produção nacional é preciso avaliar a distribuição dentro do conjunto de valores adicionados. 


Atividades Valor adicionado bruto constante e corrente (1 000 000 R$)
2010 2011 2012 2013




               Total 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%













Agronegócio 4,84% 5,11% 4,91% 5,29%

Agroindústria 2,38% 2,50% 2,54% 2,38%







Agronegócio inclusive agroindústria 7,22% 7,61% 7,46% 7,68%







Extração mineral 3,33% 4,37% 4,54% 4,16%







Ind predom de bens de consumo não duráveis 1,76% 1,75% 1,60% 1,54%

Ind de bens intermediários 5,63% 4,70% 3,96% 3,97%

Ind de bens de capital 5,20% 4,92% 4,48% 4,42%







Indústria de transformação (exceto agroindústria) 12,58% 11,37% 10,04% 9,93%







Indústria de utilidade pública 8,86% 8,66% 8,49% 7,91%







Construção 6,27% 6,28% 6,49% 6,42%







Comércio 12,60% 12,86% 13,42% 13,53%







Serviços comuns a empresas e famílias 19,30% 19,11% 19,47% 19,64%

Serviços predominantemente para empresas 7,44% 7,63% 7,88% 8,02%

Administração pública, defesa e seguridade social 10,39% 9,94% 9,92% 9,86%

Educação e saúde 8,89% 9,17% 9,30% 9,86%

Serviços pessoas, domésticos e outros 3,11% 2,99% 3,00% 2,99%







Serviços 49,13% 48,85% 49,57% 50,38%






Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais


O agronegócio, incluindo a agroindústria alcança 7,7% enquanto a indústria de transformação chega, praticamente a 10%, seguindo a trajetória de queda constante.
































O comércio representa 13,5% e os serviços 50,4%. O setor terciário, no conjunto representam 64% do total de valores adicionados da produção. 















Essa distribuição, no entanto, é fortemente diferenciada regionalmente. No Brasil Sul, o que fica abaixo do paralelo 16 a participação relativa da Indústria é maior, enquanto que no Brasil Norte  ainda há uma participação da agricultura maior que 10% do PIB, concorrendo com a indústria. Em todos os casos 
prevelecem os serviços. 
Com as mudanças ocorridas e em curso no mundo e nos sistemas produtivos o Brasil Norte poderá se desenvolver passando 
diretamente das atividades do setor primário para os serviços, isto 
é, para o terciário, sem passar pela etapa da industrialização. Irá queimar etapas.
Esse processo, no entanto, é reprimido pelas autoridades públicas, especialmente as estaduais que insistem em promover a implantação de indústrias da segunda revolução industrial, simbolizada pela indústria automobilística.
Sem a mudança de paradigmas esse processo será retardado, com perdas significativas de oportunidades históricas.  














































































































































































































































































 
































































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