O que a sociedade brasileira mais almeja, neste momento, é um golpe. Não um golpe político ou institucional. Mas um golpe de mágica que pusesse fim à guerra política.
Esse milagre não vai acontecer e, portanto, o melhor é conviver com ela e não se envolver na torcida. Tampouco ficar na espera do desfecho.
Qualquer que seja o desfecho teremos que pagar a conta.
Aliás, já estamos pagando a conta.
Então o melhor é acertar a economia.
A economia brasileira vai mal porque está parada ou em marcha lenta.
Acostumou-se a ser movimentada com combustível suprida pelo Governo e por motores acionados pelo mesmo. Para isso o Governo teve que gastar demais, reverteu as suas ações e travou o funcionamento da economia.
Os consumidores passaram a consumir menos. O comércio vendeu menos. Reduziu as encomendas da indústria. Essa reduziu a produção. Ambos reduziram as despesas, demitindo trabalhadores. Esses desempregados consumiram menos e a roda da economia passou a funcionar mais lentamente.
Diante da redução das vendas as indústrias e os prestadores de serviços, aumentaram os seus preços, para compensar os volumes e o comércio buscou repassar os aumentos. O circuito da inflação, ao contrário, passou a funcionar com maior velocidade.
Os aumentos dos juros, para conter essa espiral dos preços, só agravou a outra espiral, a da produção e dos empregos. O resultado foi a estagnação, a recessão, com inflação. Era o grande fantasma da política econômica que se tornou realidade.
O Governo Dilma, com Joaquim Levy, jogou todas as fichas na recuperação da confiança e fazer com que os agentes econômicos privados, voltassem a comprar mais, o comércio reduzisse as margens, com promoções efetivas, para vender mais e a indústria reduzisse os preços para vender mais.
Mas a guerra política, fez com que a confiança na economia não fosse restabelecida.
Alguns motores precisam ser reacionados.
Dois grupos de agentes econômicos com renda assegurada, ou em menor risco, podem gastar mais. São os funcionários públicos federais e os rentistas.
Os servidores concursados, porque apesar de riscos de atrasos, não correm o risco imediato de perder os seus empregos. Tem estabilidade.
Por que esses foram contaminados pelo pessimismo geral e travaram as suas compras?
Uma das suspeitas é que eram lubrificadas pelo dinheiro da corrupção. Com este suspenso, travou o circuito.
O que pode fazer com que eles voltem a comprar mais?
Não podem depender de estímulos do próprio Governo. Mas de decisões pessoais.
Como não correm o risco da demissão, podem se arriscar um pouco mais. Sair da defensiva, partir para o ataque, passsar a comprar mais.
O comércio, por sua vez, precisa mudar as suas estratégias. A principal é deixar a de tentar repassar os preços dos fornecedores e pressionar contra os reajustes.
A segunda é substituir as promoções, com financiamento, estendendo os prazos, para o incentivo das vendas à vista, com preços menores.
Neste caso, a judicialização, com um equívoco de percepção, pretendendo defender o consumidor, só o prejudica. O Ministério Público, com o apoio do Judiciário, considera crime conta o consumidor preços diferenciados de venda à vista e à prazo. O que contraria interiamente as leis da economia.
O próprio Governo, faz a campanha errada. Uma propaganda recente da Caixa Econômica Federal incentiva o uso do cartão de crédito em vez do cartão de débito ou o pagamento à vista.
Para reanimar a economia, aumentando o consumo, sem inflação, é preciso reverter o suposto processo de "modernização", com a substituição do dinheiro ou mesmo do cheque pelo cartão de crédito.
O sistema financeiro distorceu essa facilidade, num mecanismo de enganação do consumidor. No conjunto, gerou um problema macroeconômico.
O Ministério Público, tão cioso em defender o consumidor, ao contrário de criminalizar a diferença de preços entre a venda com cartão ou com dinheiro, deveria crimininalizar a promoção de venda a prazo sem juros. É tipicamente uma propaganda enganosa. Que só persiste por interesse do sistema financeiro.
Todos os juros cobrados devem ser transparentes.
O comércio faz campanha contra a carga fiscal, criando o impostõmetro. Mas pouco ou nada faz para mostrar ao consumidor e à sociedade o que eles pagam de juros nas suas compras. Em muitos casos é muito mais que os impostos embutidos.
Do ponto de vista macroeconômico a sociedade desembolsa em juros muito mais do que com os impostos.
Para a redução dos juros e reanimação da economia, a questão principal não está na taxa Selic que o Banco Central aumenta. Está na transparência dos juros que o consumidor está pagando.
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