Os pronunciamentos oficiais nunca refletem o pensamento da autoridade que o fazem. São preparados pelos assessores e tem uma função mercadológica. Procuram vender uma imagem formulada pelos marketólogos políticos.
Já nas entrevistas ao vivo a autoridade se revela mais, mostrando o seu pensamento e, às vezes o seu sentimento. Revela o que passa pelo seu coração e mente.
A entrevista da Presidente Dilma Rousseff ao jornal Valor Econômico revela a economista, com a sua análise (ou diagnóstico) das circunstâncias. E como ela reage a essas.
Os economistas gostam de fazer as suas analises e dizer o que o Governo deveria fazer. A economista Dilma, faz o diagnóstico dentro da sua interpretação pessoal, mas não diz o que o Governo deveria fazer. Diz o que fez, está fazendo ou pretende fazer.
Ao admitir que está em "fase confucionista" (e não confusicionista, com acham os seus opositores) mostra que não aderiu inteiramente à ortodoxia, conforme destacamos deste o início do ano, neste blog. A ortodoxia seria apenas uma concessão temporária para o retorno da alternativa desenvolvimentista.
Deixando da lado, as confusões sobre o diagnóstico, ela se coloca como uma gestora otimista, em que as "coisas vão dar certo" por que "tem que dar certo". É uma versão mais complexa do "vencer ou vencer" de Collor.
Ela confia no aumento das exportações, em função da desvalorização do real, em cerca de 50% e nos investimentos na infraestrutura, mediante concessões, pelo setor privado. Mas assume que esses não serão viáveis sem o financiamento público.
As exportações dos industrializados estão em queda, apesar do aumento do dolar. O problema não está na depreciação dos preços das commodities.
Nas concessões, funciona a tal fase "confucionista": ela quer o investimento privado, mas submetido à gestão pública. O investidor privado não aceita e pouco participa.
Ela pretende continuar governando com base em ilusões, que estão se esvaindo a cada momento afetados pelos fatos reais.
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