O que muda para o Brasil?

Dilma mantém-se no cargo, mas sem poder. Teria aceito, na prática, um parlamentarismo de coalizão, com um primeiro-ministro atuando nos bastidores pessoalmente, manipulando as cordas da sua boneca. E, publicamente, através dos seus comparsas, agora colocados nas posições chaves do Governo. Seria ele o governante real. 
Teria formado um "gabinete" de coalização contemplando todos os partidos representativos da base aliada, garantindo os votos para a permanência da presidente eleita e de medidas necessárias de governabilidade. 
Tudo isso para manter uma composição partidária no poder, com pequenas mudanças. O PMDB ganhou mais espaços, em detrimento do PT e os demais foram acomodados. E, desta forma, evitar mudanças maiores, com uma ala do PMDB assumindo o comando, estabelecendo composições com a oposição e alijando o PT do poder. 

A segunda questão principal não está nos detalhes da operação, da avaliação dos nomes, mas se essa acomodação dentro do Poder irá vencer as crises gêmeas: política e econômica?

E a principal é: o Brasil como fica? Ou para onde vai?

A crise política está centrada no Congresso, que não aprova algumas medidas pontuais propostas pelo Governo. Aprova outras, ameaça derrubar vetos e aprovar uma dita agenda bomba. 

A crise política foi limitada a 3 pontos: Eduardo Cunha, dissidência da bancada do PT e infidelidade da base aliada. 

Eduardo Cunha acha que o Governo promoveu e está promovendo uma campanha cerrada para tirá-lo da Presidência da Câmara. Verdade ou não, é o que ele acha e em função disso desenvolve ações retaliatórias para aprovar uma agenda bomba, derrubar vetos da Presidente e dar sequencia aos pedidos de impeachment. 
Segundo a versão que afeta os principais protagonistas, esse movimento seria comandado de dentro do Palácio do Planalto, pelo Ministro Chefe da Casa Civil, Aloisio Mercadante. Com o afastamento dele, e a assunção do comando real do Governo por Lula, com Jaques Wagner no meio do campo, a esperança do Governo seria uma composição com Eduardo Cunha para "acalmá-lo". 
Mas com o processo deflagrado e agora no âmbito do Ministério Público Federal, o Governo conseguirá convencer Cunha de que qualquer medida contrária a ele não tem o dedo do próprio Governo? Ou o novo "gabinete" vai manter a guerra para tirá-lo do cargo de Presidente da Câmara? 
O principal foco da crise política continua sendo Eduardo Cunha x Dilma: ou melhor, os processos ou tentativas de processos para a derrubada, um pela outra. E vice-versa.
O segundo foco é a dissidência dentro do PT, com os que não concordam com os rumos adotados pelo Governo. Esses são poucos. Os demais são descontentes, mas continuam achando que "entregando os anéis, mas ficando com os dedos" é melhor do que ficar fora agora e depois por mais quatro anos. Seriam sete longos anos até a possibilidade de um retorno glorioso. É uma crise interna, menor, mas com grande repercussão na mídia. Dando uma impressão de uma crise muito maior que a real.
O terceiro foco, mais importante que o segundo, em termos numéricos, não tem a mesma repercussão, a menos de quando influencia a votação final. Mas também precisa ser administrado.
A nova composição governamental precisa resolver o foco principal, cujos desdobramentos ainda são incertos. Se conseguir extirpar o foco, a crise política acaba. Pelo menos por algum tempo. 
A crise política é um dos fatores que sustenta a crise econômica. Sem solução da crise política, não há solução para a crise econômica. Mas a superação da crise política não significa, fim de crise econômica. Esta ainda tem vários outras intercorrências.

E o Brasil? Para onde vai? Ou não vai?







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