Brasil ambientalmente sustentável

A sustentabilidade ambiental é definida por alguns indicadores básicos, como:
  1. volume de emissão de gases de efeito estufa;
  2. preservação de vegetação original;
  3. reposição de material utilizado;
  4. disponibilidade de água potável utilizável
 Como visão o desejável pode ser caracterizado como "economia verde" ou "economia de baixo carbono".

As estratégias para uma condição sustentável estão:
  1. na redução de atividades poluentes;
  2. na substituição de fontes poluentes por alternativas menos poluentes;
  3. regulação restritiva do desmatamento e reposição de áreas desmatadas;
  4. redução do uso de produtos decorrentes de recursos naturais não renováveis por outros renováveis, como o caso do etanol em substituição à gasolina;
  5. maior reuso e reciclagem de material utilizado;
  6. maior economia no uso de água potável e de eletricidade;
  7. reuso das águas servidas.
A execução dessas estratégias envolve, principalmente, as atividades industriais, o uso de combustíveis, eletricidade e água, o comportamento dos consumidores e a produção agro-florestal.

A partir dai a rotas alternativas decorrem da escolha de prioridades, em função da viabilidade e da eficácia e da velocidade de implantação

Na atividade industrial a transformação do modelo tradicional para o "verde" está focada sobre os processos com objetivo principal da escolha  da fonte de energia, dos insumos utilizados e da geração de resíduos.

Na fonte de energia a escolha está entre os mais emissores de gee e os menos emissores. Há um nível de escolha, da própria indústria, em relação à fonte a ser utilizada, mas quando ela escolhe a fonte elétrica, não tem o controle sobre a fonte que é de responsabilidade pública. Uma vez que o sistema nacional é gerenciada  de forma compartilhada.

Na escolha dos insumos a proposta é utilização maior de meteriais renováveis em vez de não renováveis, como por exemplo o plástico verde, de origem no etanol.

A menor geração de resíduos tem efeito econômicos e ambientais.

Nesse setor industrial, como em todos os demais há um conflito entre o custo e a sustentabilidade. Os "produtos e processos verdes" são, em geral, mais caros. E implicam em substituição de equipamentos e demais ativos, ainda não inteiramente depreciados.

Envolvem ainda conflitos  antrópicos, como a preservação de populações ribeirinhas e áreas indígenas e de descendência de quilombolas versus geração de energia hídrica baseada em grandes volumes de água. Ou a proibição de atividades de sobrevivência dos seres humanos em áreas consideradas de preservação ambiental natural.

Para superar os radicalismos foi desenvolvido o conceito de desenvolvimento sustentável, mas encontrar o equilíbrio segue sendo difícil


As alternativas de rotas estão no foco prioritário:

  1. mudanças culturais - o foco é o ser humano como usuário ou consumidor, envolvendo o consumo consciente, seja de bens como de meios de locomoção e de insumos básicos (água e eletricidade);
  2. transformações nas atividades industriais;
  3. mudança na matriz  energética e elétrica;
  4.  gestão da produção agro-florestal.

Mudanças culturais


Para alcançar um Brasil ambientalmente sustentável ou com uma economia verde, o principal foco deveria ser sobre as  mudanças dos comportamento das pessoas, nos seguintes pontos principais:
  1. consumo consciente, com a preferência pelos produtos ambientalmente mais corretos, assim entendidos os que na produção geraram menos gases de efeitos estufa, provocaram desmatamento, produtos com maior vida útil, etc;
  2. menor uso do automóvel, dando preferência aos meios não motorizados e ao transporte coletivo;
  3.  adoção mais intensa da prática dos 3 Rs: reduzir, reusar e reciclar;
 Para isso podem ser usados três instrumentos principais: 
  1. educação ambiental, com o objetivo de esclarecimento e conscientização da pessoas com relação às suas escolhas;
  2. penalização por parte do Poder Público de usos ou consumos considerados ambientalmente inadequados ou incorretos, como o uso intensivo das "sacolinhas de plástico", proibição da circulação e estacionamento de automóveis, etc;
  3. disponibilização das alternativas, como a dos transportes coletivos de qualidade para a transferência do transporte individual para o coletivo, programas de reciclagem de resíduos e outros.
A grande resistência a essas mudanças é que o sistema produtivo desenvolveu inovações e tecnologias para tornar a vida presente mais cômoda, através de produtos descartáveis e dos descartes como lixo a ser recolhido pelos sistemas públicos. O consumidor não precisaria se preocupar com o pós consumo. Esse processo foi viabilizado pela redução de custos presentes para o consumidor.

Por outro lado, o automóvel foi erigido como o símbolo da modernidade e da independência individual para efeito do seu ir e vir. Amplamente apoiado por campanhas publicitárias e apoio governamental a frota de veículos segue aumentando continuamente.

Esta cultura do "descartável" seria apenas uma das  manifestação de um modelo civilizatório. Portanto para se alcançar uma nação ambientalmente sustentável seria necessário mudar o modelo civilizatório.



Transformação nas atividades industriais

 A transformação industrial é um dos principais geradores de gases de efeitos estufa em seus processos. Como já colocado anteriormente, serão necessárias alterações nos processos industriais, o que implicará em mudanças nos equipamentos e demais ativos.

Em relação a essas alterações as posições usuais dos ambientalistas tem sido de denúncias, esperando que diante delas os industriais se sensibilizem e promovam as mudanças. Os resultados efetivos tem sido reduzidos com poucos industriais promovendo as alterações por conta própria.

Para acelerar as alterações outro caminho é da intervenção estatal, seja no sentido de gerar estímulos ou penalizações.

Estas proposições tem a contestação dos defensores do livre mercado, apontando que qualquer intervenção, por mais bem intencionada que seja, acaba gerando distorções que prejudicam o desenvolvimento.

No entanto, em função dos impactos globais os governantes das maiores economia mundiais tem buscado um acordo difícil, mas que tem avançado, ainda que a passos lentos. Com o acordo entre os EUA e a China, espera-se que, finalmente, na Conferência do Clima, marcada para o final do ano, em Paris, se chegue a um acordo global para a redução das emissões de gases de efeito estufa. 

Para cumprir as metas os Governo terão que interferir na economia, apesar das resistências. Essas determinarão a eficácia ou não das políticas nacionais.

O outro caminho é o da inovação tecnológica no sentido de produções de baixo carbono. Nesse campo a questão é quem deve promover e quem deve pagar os esforços de pesquisa & desenvolvimento para gerar essas inovações. Entendido que inovação só ocorre quando é incorporada ao sistema produtivo. 

Mudanças nas matrizes energética e elétricas

A matriz energética incorpora as fontes de energia para movimentação, aquecimento, iluminação e demais usos.
A principal fonte é a de combustíveis fósseis, portanto não renováveis e também grande gerador de gases de efeito estufa. 
A eletricidade é utilizada para movimentação de sistemas de transportes coletivos como o sistema metroviário, mas pouco utilizada para a movimentação de veículos rodoviários, a principal demanda das fontes de energia.  A alternativa é o uso de combustíveis de origem renovável como o etanol, a partir da cana de açúcar e do biodiesel a partir da soja ou de outros insumos renováveis.

Já na matriz elétrica, a principal fonte é hídrica, sendo uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo. Porém as restrições de armazenamento hídrico e as mudanças climáticas tem provocada a redução relativa da participação da fonte hídrica, com aumento do uso de fontes mais poluentes como o diesel e mesmo o gás natural.

A alternativa é a ampliação de fontes baseadas em fatores climáticos: o vento e o sol.

As contestações a essas alternativas estão na disponibilidade tecnológica, inclusive dos insumos e nos custos.

E em relação às fontes hídricas há o confronto entre a proteção de áreas naturais e as ocupadas pelas populações ribeirinhas e indígenas com a extensão dos lagos para o armazenamento da água.


Gestão da produção agro-florestal


Neste campo são consideradas 3  aspectos principais:


  1. o desmatamento produzido pela expansão das fronteiras de produção, tanto da agricultura vegetal, como da pecuária;
  2. a emissão de gases de efeito estufa do rebanho bovino;
  3. a expansão do florestamento pelo eucalipto
A expansão do agronegócio, em parte tem sido feito pelo aumento da produtividade, mas outra pelo avanço sucessivo das suas fronteiras. No Pará a pecuária ocupa áreas com desmatamento. E o Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), hoje um dos principais polos produtores de soja, vai ocupando os limites do cerrado brasileiro, gerando preocupação e contestação dos ambientalistas. Os produtores alegam que quando o cerrado era considerada terra improdutiva eles, com o uso de tecnologia desenvolvida pela Embrapa e eles mesmo, deram utilidade a aquela. Não caberia mais questionar a sua utilização. Já em relação ao desflorestamento, tem ocorrido acordos formais para a sua contenção, mas permanece ainda o problema dos clandestinos. A propostas focam atualmente a eficácia da fiscalização.

O rebanho bovino seria um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, em função dos seus excrementos. As medidas para mitigar o problema estão nas mudanças do regime alimentar e em tecnologias biológicas.

O Brasil é líder mundial da produção de celulose, com base no eucalipto. O sucesso dessa atividade tem levado a uma grande expansão da produção dessa madeira que, ao contrário de outros produtos agrícolas, como a soja e a cana de açúcar precisam de terras planas. 

A contestação dessa atividade tem sido a exaustão da terra, após o corte da árvore, levando a sucessivas expansões das áreas plantadas e o consumo de recursos hídricos, comprometendo as reservas para uso humano ou animal. 

O setor se defende que, além de gerar renda e empregos, não consome terra e água em volumes muito diferentes de outras culturas.


Síntese

Em relação ao Brasil ambientalmente sustentável há consenso sobre a visão pretendida, mas não, em relação ao momento.

Enquanto os ambientalistas querem resultados efetivos mais rápidos, em função das consequências futuras sobre o planeta e sobre a humanidade, os "pragmáticos" entendem que as mudanças propostas pelos ambientalistas não podem ser radicais e apressada, comprometendo o crescimento econômico. Alegam que é preciso seguir os conceitos do desenvolvimento sustentável e não do ambiente sustentável sem desenvolvimento.









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