Delação premiada é uma bomba colocada e acionada num dado momento, mas que só vai estourar tempos depois que os depoimentos são liberados para conhecimento público. A mídia se encarrega de "contemporaneizar" o fato, como se ocorresse no dia. O dia é a notícia da divulgação. O fato já ocorreu e o estouro pode ser antecipado por vazamento.
O depoimento "bomba" de Delcídio do Amaral é apenas um "trailer", uma prévia, com indicações de que ele sabe de coisas de podem contribuir para as investigações do "Lava-Jato". Nessa fase ele não precisa provar nada. Do ponto de vista policial e judicial o que o delator conta só tem efeito para que o Judiciário homologue ou não a delação. A polícia pode fazer algumas averiguações para verificar a consistência dos fatos indicados, mas não uma investigação. Tudo deve ocorrer após a homologação. E até ai o depoimento deveria ser mantido sob rigoroso sigilo. E ainda não houve a delação.
Do ponto de vista da mídia e da política nada disso é seguido. O depoimento prévio é noticiado como a delação. E tudo o que está dito é veiculado como verdade.
Vazado, como foi - além da necessária investigação sobre por quem e com que intenções - as próximas negociações de delação premiada ficaram mais difíceis. As prisões preventivas e sua manutenção para forçar as delações, podem ser uma forma de antecipar as prisões, sem eficácia para obter revelações relevantes.
As questões relevantes são as consequências politicas do estouro da bomba de Delcídio do Amaral. A primeira foi de que ele agiu como "homem-bomba" para suicidar. Não adianta querer matar porque já está morto.
O estouro é em pleno Palácio do Planalto e vai pressionar a saída dela.
Vai alimentar a mobilização popular nos movimentos pró-impeachment e a retomada do processo na Câmara dos Deputados. Eduardo Cunha está contendo o processo. Poderia ser por receio de derrota. Ou para negociar a sua permanência. Qualquer que seja a sua razão, será pressionado para retomar o processo com a formação da Comissão Especial, indicada pelos líderes partidários. Dentro da base aliada muitos não vão querer ir para a Comissão. Se votarem pela continuidade ficarão mal com o Planalto e poderão perder benesses. Mas poderão ficar bem com os seus eleitores. Se votarem pelo encerramento do processo ficarão bem com o Planalto mas com risco de não serem reeleitos. A tendência é sempre votar com o lado vencedor.
Vai depender da mobilização popular pelo impeachment, marcado para o dia 13 deste mês, isto é, daqui a dois domingos e da contaminação do movimento junto às bases dos deputados. O tamanho da mobilização vai indicar a tendência vencedora.
Se a mobilização for avassaladora, Dilma será pressionada a renunciar. O problema será mais econômico do que político. Com a economia em recessão e sem poder para qualquer medida para reversão ela estará entre tentar sobreviver por mais tempo - o que é da personalidade dela - ou não agravar mais ainda a situação econômica do país.
Aliás essa situação vai influir na mobilização social. O quando a população vai associar a situação econômica negativa com a permanência dela?
Tanto ela como Eduardo Cunha tem a morte anunciada. Estão tentando postergar a sobrevivência.
Nesse mundo de mortos-vivos, mais um ilustre morto, que sempre foi muito vivo se junta ao bando. Lula é o MIchael Jackson que dança, sapateia mostra grande vitalidade, mas é também um morto. O chefe dos mortos-vivos.
O Brasil está sob governo (ou desgoverno) de um bando de mortos-vivos passeando pelas vias da política e da economia. Até quando?
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