Patrimonialismo e corporativismo

A sociedade brasileira carrega dois traços culturais responsáveis pelas dificuldades de desenvolvimento: o patrimonialismo e o corporativismo, que fundidos viram o patrimoni-corporativismo.
O patrimonialismo é recorrer ao Estado na defesa da sua visão de mundo. Qualquer coisa coletiva que a pessoa ache que deva ser feita, apela logo para uma política ou ação pública, a uma regulação pública.  O Brasil precisa de educação, então defende políticas públicas, recursos para a educação. Se, necessárias, medidas coercitivas e punitivas. Sempre através do Estado. 
Andar de bicicleta é bom! Não basta comprar a sua bicicleta e sair pedalando. Quer que o Estado crie uma infraestrutura, através de ciclovias e ciclofaixas, gere preferências, etc. 
Patrimonialismo não é apenas captura do Estado para os seus interesses particulares, para a apropriação indébita ou corrupção. É também a expansão do Estado para o "bem feito", para a realização do seu ideal de sociedade. 
Para garantir o que acha que é necessário defende a vinculação de recursos públicos. Apela para a noção de Estado em contraposição a Governo e reivindica que x% seja destinada à Educação, y% à Saúde e assim sucessivamente. Quando a soma chega próximo dos 100%, aceitava o aumento dos tributos para garantir a ação  estatal a favor da sua visão do que "é bom (ou necessário) para o Brasil".
Uma das faces da crise atual, é o esgotamento do patrimonialismo, com a sociedade não aceitando mais a elevação dos tributos.

A cultura patrimonialista, no seu sentido amplo, que tem o respaldo e o desejo da sociedade dá margem a outro traço cultural: o corportivismo.

As corporações são formadas pelas pessoas que atuam direta ou indiretamente nas atividades que o Estado desenvolve e reforçam os movimentos patrimonialistas que defendem essa ação estatal. 

A conjugação dos dois fatores leva a diversas distorções, mas duas delas são as principais:
  1. a dificuldade do ajuste fiscal, para conformar tudo o que já se comprometeu com as vinculações dentro dos recursos disponíveis, levando o Governo a propor sucessivamente aumentos tributários;
  2. a ineficiência dessas atividades priorizadas, pela captura das corporações que contam com recursos garantidos.
Sob eventual risco de perda, mobiizam a sociedade na defesa das vinculações. 

Mas geram, em contrapartida, a insatisfação dessa mesma sociedade pelos maus serviços, pela escassez dos resultados.

Os resultados efetivos do patimoni-corporativismo são a elevada carga tributária, a crise fiscal e a ineficiência do Estado.

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