O Brasil tem Norte (4) - A capacidade brasileira de processamento de alimentos

A quase totalidade da produção da agricultura familiar é destinada ao mercado interno, com pouca participação dela nas exportações. A menos quando está inserida num sistema produtivo mais amplo, como o caso de frangos e suinos.

 Essa produção chega ao consumidor brasileiro sob forma beneficiada ou processada industrialmente, o que leva à percepção da existência de uma indústria brasileira de alimentos.

Alguns produtos básicos como o arroz e feijão, passam apenas por beneficiamento, em geral, local, isto é, próximo à produção agrícola, onde são qualificados e embalados.

Houve uma evolução na cadeia produtiva, substituindo a comercialização das sacas de arroz em casca, pelo arroz já selecionado e empacotado. Encaminhado diretamente da usina para a colocação nas gôndolas das lojas de varejo alimentar e a individualização pela marca. 

Foi iniciado pela Josapar que cunhou a marca Tio João.



A marca, objeto de amplo programa de marketing, busca caracterizar o seu produto como diferenciado e, através dela conquistar o cliente.

Esse processo reduz a participação dos intermediários atacadistas, mas acaba atrelando o pequeno e médio produtor a grandes empresas. Alguma são multinacionais. 

A principal empresa nesse setor é a Camil, empresa sob controle nacional, com recente lançamento de uma IPO na Bolsa.

A Camil já se tornou a principal vendedora do arroz já empacotado, concorrendo com a pioneira Josapar, que iniciou a modalidade em escala, com a marca Tio João. 

A Camil é forte na venda de pacotes de feijão e adquiriu  a marca União, para a comercialização do açúcar empacotado no varejo. Pratica preços mais elevados, com a estratégia do produto "premium", que vem perdendo mercado para os produtos com preços mais populares.



Outros produtos, como o tomate, tem evoluido para a industrialização, na forma de massas, descascadas e outras, comercializadas com marca. 

A industrialização inicial de caráter local ou regional, pelo aumento de escala, foi migrando mais próximo dos principais centros consumidores. Dessa forma o produto agrícola vai gerar empregos industriais em outras regiões que não a da sua produção.


A evolução tecnológica, agora com as tecnologias trazidas pela Revolução 4.0, permitirá a produção regionalizada, com escalas de produção menores, sem perder a competitividade.

Mas se mantém a barreria de entrada que são os investimentos maiores para adoção das tecnologias.

No entanto, essa própria evolução tem promovido uma nova estruturação empresarial, com empresas que investem no hardware, assim como nos aplicativos e vendem a sua utilização como serviços.

Isso reduz a necessidade de investimento inicial do industrial de menor porte, que pode começar locando as máquinas. 

De forma similar como existem incentivos para as empresas de menor porte, na área urbana, envolvendo o setor industrial, comércio e serviços, deverá ser promovida uma política para essas empresas na área rural. 

Mas grande parte da indústria de processamento de alimentos é dominada por multinacionais de origem estrangeira.

(cont)





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