Integração do Brasil do Norte pela Ferrovia

As analises sobre o  Brasil sempre enfatizaram as diferenças regionais, caracterizando a existência, pelo menos, de dois Brasis. As características de cada uma delas mudaram ao longo do tempo.

Com a expansão do agronegócio ocupando grandes áreas territoriais no centro-oeste e mais recentemente no centro-nordeste emergiu a visão do paralelo 16 com o desdobramento do Brasil: um abaixo do paralelo 16, altamente adensado e desenvolvimento e outro acima daquela linha geográfica, de ocupação rarefeita e subdesenvolvido.

O Brasil do Sul parece ter esgotado o seu modelo de desenvolvimento, baseado numa industrialização voltada para o mercado interno. Está em profunda crise, com várias dimensões.

O Brasil do Norte, foi deixada como uma reserva estratégica que começou a ser usada mais recentemente, principalmente pelo esgotamento das reservas hídricas. As grandes usinas hidroelétricas do Norte, algumas já em operação, outras em fase de conclusão final e ainda um terceiro grupo em projeto, não estão sendo implantadas para promover o desenvolvimento regional, mas para atender às necessidade energéticas do Brasil do Sul.

As exportações do agronegócio tem servido para garantir a sanidade financeira externa, dando cobertura às importações do Brasil do Sul. Reduz a eventual vulnerabilidade externa do país.
As importações são predominantemente do Brasil do Sul. A geração de receitas cambiais pelo agronegócio é predominantemente do Brasil do Norte, embora escoados pelos portos do sul e sudeste.

A balança comercial, de produtos físicos é ainda superavitária, mas a total que incorpora os serviços ainda é deficitária. A tendência futura é que seja inteiramente superavitária, em que pese o aumento das importações, com a retomada do crescimento.

A ocupação e desenvolvimento do Brasil do Norte vai ser comandado pelo agronegócio, porém o seu potencial ficará reprimido sem uma vasta infraestrutura para a região, principalmente logística.

É neste aspecto que a engenharia exerce um importante papel de propor as soluções de dotar o Brasil do Norte com uma ampla e sustentável infraestrutura nas áreas de energia, comunicações, logística, hídrica, saneamento, urbana e outras.

O maior desafio da engenharia brasileira para os próximos anos é formular estratégias, planejar, projetar e implantar a infraestrutura do Brasil do Norte.

Na logística a estratégia está em desenhar uma ampla rede logística multimodal e hierarquizada. Deverá ter como espinhas dorsais, uma rede hidroviária e uma rede ferroviária.

Para o agronegócio a principal diretriz estratégica é priorizar a saída da produção pelo norte. O que deverá ser promovida por 6 grandes eixos: 
  1. Eixo Madeira;
  2. Eixo Tapajós;
  3. Eixo Tocantins;
  4. Eixo Norte-Sul;
  5. Eixo São Francisco
  6. Eixo "Lavrado" (ou Guiana)
O Eixo Madeira será rodo-hidroviário, já existente com a BR até Porto-Velho, seguindo por via hidroviária até Itacoatiara ou Santarém.  

O Eixo Tapajós envolve uma ferrovia entre Sapezal e Miritituba no Pará, completando o eixo via hidoviária até Santarém.

O Eixo Tocantins será eminentemente hidroviário, requerendo a superação das barreiras no rio e alcançando o 
porto de Barcarena, na sua foz.

O eixo Norte-Sul é estruturado pelo ferrovia Norte-Sul, com alimentação e integração com as Ferrovias Transnordestina, Fiol e Fico.

O eixo São Francisco envolve a melhor utilização do "Velho Chico", integrado ao sistema ferroviário para alcançar os portos Baia de Aratu, na região metropolitana de Salvador.

O eixo "Lavrado" deverá promover a ligação do futuro e promissor polo de Roraima, com extensão pela Venezuela e Guiana, com três alternativas de saída: pela Venezuela, pela Guiana ou por Manaus. 

Não são projetos de curto prazo. Mas definem um novo rumo para o Brasil, com maior integração entre os Brasis do Norte e do Sul.



 

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