Como sair da crise econômica?

Quanto tempo vai durar esta crise? Qual a saída para ela? São perguntas recorrentes que tento responder de forma simples.
A crise tem um fundamento estrutural escamoteado pelos problemas conjunturais do desequilíbrio fiscal. Resolver esse, não vai promover a retomada do crescimento econômico.

A economia como um todo compreende alguns poucos fatores que se interagem. De um lado há a produção nacional, desdobrada em setores: agrícola, industria, comércio e serviços. A oferta é complementada por importações. De outro lado a demanda nacional, formada pelo consumo das famílias, consumo do Governo e os investimentos. Uma parte da produção nacional é escoada para fora do país, através das exportações. No meio, ficam os estoques, como o elemento de equilibrio entre os dois lados.

A evolução da economia pode ser "empurrada" pela produção, que através da oferta promove a demanda e multiplica a renda através da remuneração dos trabalhadores. Esses, com a renda recebida compram e promovem a produção. O desequilibrio nesse jogo provoca a inflação. Para conter a inflação o Governo intervém no processo através da elevação da taxa de juros. Para ampliar a oferta a preço mais baixos, o mercado busca as importações.

O crescimento econômico pode ser "puxado" pela demanda, seja pelo consumo interno (das famílias ou do Governo), como pelos investimentos. Pode ainda ser puxado pelas exportações, que absorve parte da produção e gera o pagamento aos trabalhadores e aos fornecedores, aquecendo a demanda interna.

Esse processo envolve uma dinâmica de pequenos desequilíbrios sucessivos, pois o excesso de demanda gera a inflação e uma produção excessiva, inicialmente aumenta os estoques, mas não se sustenta. Se retrai e gera a estagnação ou a recessão. São caracterizações do lado da produção, da oferta, ainda que decorrente de enfraquecimento da demanda.

A crise atual da economia brasileira decorre de uma inflexão na dinâmica promovida pelo Governo, de puxar a produção pelo crescimento da demanda interna. Foi feito através de mecanismos de ampliação da renda e do crédito das pessoas em geral e de subsídios ao consumo das famílias de menor renda. Complementarmente pelos investimentos na infraestrutura e na construção de edificações, financiadas em grande parte com recursos públicos.

Para complementar a produção nacional, de forma a evitar a inflação, manteve-se uma taxa de câmbio baixa, propiciada pela elevadas exportações de commodities, então com preços muito favoráveis, em função da elevada demanda pelos mesmas por parte da China.

Todas essas condições mudaram em 2014, mas foram represadas, em função das eleições. A irrupção das novas condições e os ajustes governamentais deram origem à crise atual que estamos vivendo.

A crise só será superada com a retomada do crescimento da economia. Sem o crescimento os ajustes nada mais serão que "enxugar gelo". 

Uma estratégia é o de empurrar o crescimento através do estímulo à produção e aos investimentos. Esses viriam na frente, superando o clima de desconfiança dos agentes econômicos na evolução futura da economia brasileira. 
Essas desconfiança teria origem no excesso de gastos públicos e na medida em que o Governo promovesse o ajuste, garantindo o cumprimento das metas de superavits primários, os agentes privados voltariam a produzir e a investir, redinamizando a economia, sem o risco de recurdescimento inflacionário.

Essa expectativa não está se efetivando porque o Governo resiste em cortar os gastos sociais e insiste em ajustar as contas através do aumento de impostos.

A crise econômica acirrou uma crise política, agravando os impasses. 

Essa mesma crise impede que o Governo tente seguir na estratégia de promover a retomada do crescimento "puxando" o através do consumo interno. As condições atuais ainda fazem com que essa crescimento seja inflacionário. Não contando mais com alternativa das importações baratas só restou a alternativa de conter a demanda, através dos juros. 

A estratégia de puxar o crescimento pelo consumo interno está inviabilizada pelo risco inflacionário. 

Dai só restam dois caminhos para retomada do crescimento: as exportações e os investimentos na infraestrutura.

No próximo artigo tentarei analisar esse dois outros caminhos.







 

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