Adotando como base a divisão territorial do Brasil pelo paralelo 16 a trajetória histórica do crescimento econômico ocorreu no Brasil Sul, enquanto o Brasil Norte permaneceu com a economia baseada no setor primário (agricultura e mineração) com a exploração de recursos naturais.
A industrialização incipiente ocorreu no beneficiamento ou transformação dos recursos naturais regionais, voltadas predominantemente para exportações. A indústria de transformação voltada para o mercado interno foi "sufocada" pela indústria do Brasil Sul e, mais recentemente, pelas importações de produtos asiáticos.
A expansão já ocorrida no Brasil Norte e ainda com grande potencial de crescimento tem pequena repercussão direta sobre o PIB, dada a menor geração de valor adicionado dentro da fazenda ou da mina. Os valores e custos adicionais maiores ocorreram a partir da saída do produto da sua unidade básica de produção. Os maiores estão na logística, dai o forte peso das atividades de transporte na formação do PIB. Transporte já é serviço.
A renda alcançada pelos produtores dinamiza a economia pelas suas compras locais ou regionais.
Ocorre que os bens adquiridos para consumo ou uso são na maior parte importados: seja do Brasil Sul como do Exterior.
O que tira o espaço para uma industrialização regional.
O crescimento do agronegócio no Brasil Norte irá gerar uma renda que não será destinada à industrialização, como ocorre na trajetória tradicional e que é ainda a grande aspiração das sociedades locais, regionais e das respectivas autoridades.
Uma reflexão importante para as elites locais do Brasil Norte é se devem insistir na trajetória usual, ou devem pensar em dar um salto, passando diretamente para o setor de serviços, sem a transição pela industrialização.
Queimar etapas, não se atrelando nem à primeira, nem à segunda revolução industrial. Já ingressar diretamente na terceira revolução, que já é de serviços, da tecnologia da informação e se preparar para dita Quarta Revolução Industrial que já está em curso.
Dois focos estratégicos relacionados com o agronegócio já estão à vista: a infraestrutura logística e a tecnologia voltada ao agronegócio.
Não é apenas a tecnologia da informação, mas, principalmente, a biotecnologia. Cabendo ainda considerar a nanotecnologia.
Para concretizar o potencial de crescimento do agronegócio do Brasil Norte é preciso um enorme esforço de investimento em infraestrutura e desenvolvimento dos serviços.
Dentro do programa de parcerias para investimentos em infraestrutura os empreendimentos mais viáveis para o investimento privado está no Brasil Norte. Porque os investimentos tem perspectivas de mercado e de retorno.
Por ser uma região menos desenvolvida e mais carente de infraestrutura, porém com grande potencial de crescimento é a mais propícia para receber os investimentos. Com a realização das obras gerará empregos, Mas isso não será suficiente para consolidar o crescimento econômico. As obras tem começo, meio e fim. E o grande volume de empregados no começo e meio se transforma em desempregados no fim.
O Brasil Norte não soube aproveitar a oportunidade da construção das usinas hidrelétricas do Madeira.
Diante dessas perspectivas o Brasil Norte, pelas suas sociedades locais e regionais, com apoio das autoridades, deverá refletir sobre as estratégias de desenvolvimento, a partir das quais deverá desenvolver ações específicas, cujos pontos principais enunciamos a seguir, para efeito de discussão:
Os grãos brasileiros (soja e milho) tem elevada competitividade mundial e tem potencial para serem os principais supridores de alimentos do mundo.
O mundo tem necessidade crescente de alimentos o que garante a colocação dos produtos competitivos e geração de renda para os produtores e para a cadeia produtiva associada.
Considerando a carência da infraestrutura e a demanda assegurada, a médio e longo prazos, o Brasil Norte será o principal receptor dos investimentos privados em concessões de empreendimentos logísticos.
Ainda nesta década, o Brasil Norte será o principal canteiro de obras do país.
O potencial de crescimento do agronegócio - e consequentemente do Brasil Norte - pode ser comprometido pelas mudanças climáticas e pelo esgotamento das condições favoráveis ora vigentes.
Há várias ameaças ao agronegócio: a carência de água, a queda de produtividade das sementes, a perda de eficácia dos defensivos agrícolas, assim como dos fertilizantes, a reação ambiental contra o uso mais intensivo desses produtos, riscos de doenças em rebanhos e outros.
Essas ameaças significam oportunidades de inovações tecnológicas e oportunidades de criação de start-ups.
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