O industrial é um empreendedor que percebe a oportunidade de um bom negocio através da transformação de insumos ou da montagem de peças e componentes. Envolve sempre equipamentos, tecnologia de processo e mão-de-obra.
Ao longo de todo o processo de industrialização sempre se orientou ou foi orientado a ficar voltado para o mercado interno, ao contrário dos fazendeiros de café e depois de outras commodities agrícolas a se voltar para o exterior.
Enquanto o cafeicultor não contava com um mercado interno capaz de absorver a sua produção, o industrial foi instado a se estabelecer para substituir importações. Aquelas que a renda do café e demais commodities propiciavam.
O projeto nacional sempre foi o de uma industrialização voltada para o mercado interno e liberar-se da dependência de commodities.
Mas para isso seria necessário que a indústria fosse também exportadora, independendo das receitas cambiais geradas pela commodities.
A concepção original do projeto nacional, no entanto, era de uma produção industrial no país capaz de abastecer toda a demanda, independendo de importações. Foi a concepção da total auto-suficiência brasileira. Sustentado por mecanismos protecionistas contra as importações.
Esse projeto foi rompido com as pressões dos compradores brasileiros, sejam os consumidores finais, como os industriais em relação a insumos, partes e componentes, para terem acesso aos produtos mais modernos.
Com a abertura da economia, levantando ou reduzindo algumas das barreiras, para que a indústria brasileira alcançasse a autossuficiência, dessa vez não mais física, mas econômica, ela teria que exportar no mesmo volume das importações.
Porém com a renda externa gerada pela commodities, a indústria se acomodou e, mesmo com a reclamação dos industriais, usou e abusou das cambiais para aumentar as importações. Alguns industriais substituíram inteiramente a sua produção no Brasil, pela produção nos países asiáticos, mantendo a marca e o design brasileiro. Passaram a usar os produtores asiáticos, como "barriga de aluguel", modelo repudiado quando se pretendeu instá-lo no Brasil.
Os excedentes gerados pelas commodities, com cotações elevadas no mercado internacional, acomodou a indústria, os industriais e os Governos, E inverteu a "mão da direção".
A indústria brasileira, com grande participação das multinacionais foi transformada em montadora final de produtos internacionais para o mercado interno.
Inseriu-se nas cadeias produtivas globais, apenas numa direção, a de comprador. Não de supridor.
Dessa mudança resultaram dois indicadores macroeconômicos: a participação relativa da indústria dentro da formação do PIB foi caindo, lenta, mas sucessivamente e o superavit comercial virou negativo em 2014, depois de sucessivos resultados positivos. E a maior parte do déficit foi gerado pela indústria.
Toda a responsabilidade por esse déficit comercial da indústria foi debitada ao real sobrevalorizado, que estimulava as importações e desestimulava as exportações.
Com o real valorizado, até excessivamente, em função da especulação, a reação da indústria - orientada para o mercado interno - foi de reduzir não só as importações, mas de toda produção, diante do enfraqecimento da demanda interna.
A reação da indústria não foi a de exportar mais, mas de importar e produzir menos. Os resultados cambiais voltaram a ser positivos, mas como decorrencia de queda das importações, de forma mais intensa do que das exportações.
A indústria brasileira em vez de se sentir beneficiada com a desvalorização do real, sente-se prejudicada. E tem mil e uma explicações, de porque não reage com exportações.
Usando os mesmos argumentos anteriores de que a indústria brasileira não é competitiva mundialmente.
Uma das principais saídas para a crise econômica era o aumento das exportações de industrializados, diante da valorização do dólar em relação ao real.
Mas a cultura introspectiva que dominou a indústria brasileira, inclusive das multinacionais, reverteu a limonada num limão azedo.
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