Perspectivas para 2018 - Mini reforma política

As eleições de 2018 serão afetadas pelas mini-reformas políticas (ou eleitorais), nos seguintes pontos principais:
  1. proibição das doações empresariais;
  2. redução do tempo das campanhas no primeiro turno;
  3. proibição das coligações nas eleições proporcionais;
  4. implantação efetiva das cláusulas de barreira.
As duas primeiras já foram aplicadas nas eleições de 2016, mas com:
  • pressões dentro de segmentos políticos para o retorno do financiamento empresarial;
  • proposições de candidatos para a redução do tempo de TV no segundo turno, por falta de recursos financeiros.
As duas últimas estão em projeto em tramitação no Senado, com alta probabilidade de aprovação.(tema já analisado anteriormente).

O retorno do financiamento empresarial terá grande dificuldade de ser aprovado, seja em função da reação popular como pelo fato das consequências catastróficas aventadas pelos seus opositores não terem se efetivadas. Aparentemente não houve a substancial ampliação do caixa dois e as eventuais irregularidades foram logo descobertas e não puderam ter sequência.

O único fato real, objetivo e comprovado foi que os candidatos contaram com menos recursos. O que - naturalmente - foi visto por eles como "ficamos sem dinheiro". E reivindicam mais dinheiro... do Estado. Ou melhor pago pelos contribuintes. O difícil será convencer os contribuintes de que eles merecem. Vão ter que se adaptar às novas regras do jogo.

Diante de um volume menor de recursos, com grande dependência dos recursos do fundo partidário, deverá haver menor número de candidatos em 2018. Partidos menores que lançam candidatos para dar maior visibilidade ao partido, ao seu "dono" ou dar apoio aos seus candidatos ao legislativo poderão não ter recursos financeiros para sustentar as campanhas. Não terão crédito junto aos fornecedores, dado o alto risco de calotes.

Os candidatos desejáveis, dos partidos menores, serão aqueles com capacidade de captar recursos de pessoas físicas. Mas porque ou com que sentido eles se disporiam ou se aventurariam a ser candidatos levando recursos financeiros não apenas para si, mas também para o partido?

O curto prazo das campanhas e alto custo de produção, não ajudará a visibilidade. Obrigará a uma alta capacidade de percepção dos desejos dos eleitores, criatividade e autenticidade. A criação de imagens falsas de candidatos, como ocorreu com Dilma Rousseff não prosperarão. Um dos fatores que ajudou a eleição de Dória Jr foi a sua autenticidade. Ele não escondeu a sua condição de homem rico. Fez disso um elemento positivo associando essa condição ao trabalho. São condições altamente negativas para candidatos tradicionais como Aécio Neves, Alckmin e Serra, todos calejados pela formação da era dourada dos marqueteiros. O mesmo ocorre com Ciro Gomes.
É importante anotar que Alckmin não é igual a Dória Jr como imagem aceitável pelos eleitores. Ao contrário: Dória Jr é o novo, Alckmin é o velho.

Nesse sentido, a tendência indicada pelas eleições de 2016 é de que abaixo do paralelo 16 emerja um candidato novo, de um grande partido, com recursos financeiros para suportar uma campanha presidencial, concorrendo com um candidato tradicional, oriundo de Estado acima do paralelo 16.

O primeiro deverá estar mais à direita e o segundo, mais à esquerda.

Os candidatos tradicionais já estão definidos. Mas os novos ainda não.

O não financiamento empresarial para as campanhas deverá mudar substancialmente o espectro dos candidatos com real potencial eleitoral. Os "velhos" continuarão insistindo em ser o candidato. Como são os "donos das máquinas" tenderão a impor o seu candidato. Poderão acertar, como ocorreu com Alckmin e Dória Jr. como poderão errar como foi o caso de Eduardo Paes com Pedro Paulo.

A proibição de coligações nas eleições proporcionais irá afetar substancialmente a posição dos candidatos de pequenos partidos que - aparentemente - ganham mais do com os votos dos partidos maiores coligados do que contribuem com os seus votos.

Com as coligações os partidos menores conquistaram mais da metade das cadeiras na Câmara do Deputados, em 2014, quadro que não deverá se repetir em 2018, com a proibição das coligações.

Essa maioria deverá resistir à proibição das coligações, mas tenderá a ser "atropelado" pelos grandes partidos. O PT poderá ser o fiel da balança na aprovação ou não do projeto. 








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