Imobilizado pelas crises gêmeas (política e econômica) o Brasil corre o risco de perder o grau de investimentos. Com isso reduzir-se-á mais ainda o fluxo de investimentos externos.
A alternativa de elevar os juros para atrair capital especulativo está limitada pelo impacto sobre a dívida pública, cuja elevação e custo são um dos responsáveis pelo rebaixamento da nota brasileira.
Com o rebaixamento investimentos que aqui estão, em títulos do Tesouro e outros vão sair em maior monta. E o ingresso será menor.
O Balanço de Pagamentos que contabiliza todas as contas do país com o exterior, tende a ficar negativo. Para cobrir o Brasil não tem outra alternativa a curto prazo, a não ser recorrer às suas reservas. Que podem acabar.
Precisará ampliar substancialmente receitas externas, para o que só restou uma alternativa significativa: exportação de produtos industrializados.
A exportação da commodities está comprometida pela baixa de cotações.
A geração de substanciais superavits comerciais está na dependência das multinacionais que se instalaram no país, como etapa final de fabricação para o mercado interno, importando os insumos. Elas não se instalaram para uma produção voltada ao suprimento para o resto do mundo.
A elevação do dólar, associada à crise externa obriga-as a mudar de estratégia: elas precisam exportar para absorver, ainda que parcialmente, a elevação do dólar. Uma vez que não conseguem repassá-la nas vendas ao mercado interno.
Avaliaram mal as perspectivas da economia brasileira. Acreditaram no crescimento sustentado e ampliação sucessiva do mercado interno, baseada na emergência da nova classe média.
Decepcionaram-se, mas não podem abandonar o mercado brasileiro. Não é um mercado desprezível e se abrirem espaço, outros o tomarão.
A alternativa é reverter a sua estrutura produtiva de montadora final para o mercado interno para plataformas continentais ou mundiais.
Para o Brasil essa inflexão tem dupla vantagem: trará investimentos delas para ampliar e reestruturar a sua capacidade produtiva. Aumentará a produção no país, gerando mais empregos.
Não dependem de iniciativa governamental, de uma política industrial, mas de necessidade empresarial.
Mas essa estratégia será favorecida pela retirada das travas que emperram o livre curso dessas estratégias: a primeira é a burocracia sobre os processos de comércio exterior.
A própria indústria deverá definir uma pauta a ser apresentada ao Governo: não para pedir desonerações tributárias ou benefícios, mas para reivindicar ou negociar a superação dos obstáculos.
A chave da virada está com as multinacionais.
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