O que propor para as prioridades da população?

Saúde é de longe a maior preocupação da população em todos as pesquisas sobre os seus maiores problemas. E podem variar de índices, mas se repetem em todas as capitais. E também ocorre nas pesquisas feitas na periferia da Região Metropolitana de São Paulo. 

O grupo Renova, formada por empresários paulistas, propõe como compromisso dos novatos renovadores "políticas sociais que eliminem a desigualdade de acesso à educação, saúde e segurança de qualidade".

Essa proposição será suficiente para ganhar corações e mentes dos eleitores e, consequentemente, o seu voto? Reiteramos essa colocação, porque diferentemente daqueles que acham que os votos são comprados com benefícios materiais ou financeiros, entendemos que a maioria dos votos, para deputados federais é emocional ou racional. O candidato precisa "seduzir" o seu eleitor. E não apenas os "formadores de opinião". Os "formadores de opinião" tem alcance limitado. 

A resposta inicial é não. O que o eleitor pobre quer não é a eliminação da desigualdade de acesso: ele quer mesmo é o atendimento. Ele quer o acesso. A sua preocupação maior não é com os outros, se estão sendo melhor ou pior atendidos. A sua preocupação maior é com ele mesmo. Com o seu atendimento. Não é a comparação com os outros. A menos que não seja atendido.

Na área da saúde, a principal carência da população é de atendimento. Significa poder buscar a assistência de um médico ou profissional de saúde, numa unidade pública e ser prontamente atendido ou em curto prazo.

Os que tem muita renda podem buscar uma solução particular e ter o atendimento pronto e personalizado. Alguns podem buscar atendimento no exterior.

Os de média e parte da alta renda buscam a solução nos planos de saúde. Em relação a esses a principal reclamação dos eleitores, é pela amplitude dos serviços e também com os reajustes. 

O que reivindicam é uma atuação estatal para obrigar os planos a ampliar o atendimento e, de outra parte, conter os reajustes. 

Os de renda baixa que dependem inteiramente da saúde pública querem ser atendidos. Seja em situações de emergência, como de serviços agendados. Querem encontrar o profissional de jaleco que os ausculte e prescreva uma receita que a maioria não segue. Ou seguindo, se recupere, retomando no menor tempo, a sua saúde.

Uma vez recebido, a condição que o paciente quer é cordialidade, humanidade. Quer ser tratado como ser humano e não como um número ou uma ficha: a ser rapidamente despachado para a fila andar.

Atendido ele quer resolutividade, isso é a cura para o seu mal. E não precisar retornar.

São condições fundamentais que, uma vez atendidas, cativam o paciente, deixando-o "eternamente grato", ao médico.
Esse é um ponto de partida para os médicos da rede pública que atendem bem os seus pacientes, iniciar uma carreira política.

Em geral começam como vereador da sua cidade, ou deputado estadual, estimulado pelos seus pacientes e buscados pelos partidos ou lideranças políticas locais. Quando gostam da atividade passam a aspirar a Prefeitura. Com a disposição de fazer carreira política, assumem Secretaria Municipal de Saúde, ou mesmo estadual, capitalizando os relacionamentos com os pacientes para concorrer a cargos executivos.

No Espirito Santo, entre os 10 deputados federais, 4 fizeram essa trajetória. Sergio Vidigal, Dr Jorge, Paulo Folleto e Carlos Mannato. Todos médicos e ex-Prefeitos. Com exceção de Mannato que emergiu como "afilhado político" de Sergio Vidigal e depois rompeu, não conseguindo chegar à Prefeitura de Serra, a base local de ambos.

Eles, como os demais, tem usado as emendas parlamentares para destinar recursos federais para ampliar as edificações, instalações, equipamentos e funcionamento das unidades de saúde. Desde postos de atendimento local a Hospitais especializados. 

Para atender aos reclamos da população esses político agem em duas frentes: como "despachantes" para agilizar o atendimento do seu eleitor na rede pública de saúde e na proposta ou promessa de melhoria e ampliação dessa rede.

São medidas pontuais que melhorar o atendimento a alguns, mas continuam deixando grande parte da população sem o devido atendimento. 

Os candidatos renovadores que venham a propor soluções mais amplas, estruturais no sistema de saúde com resultado mais eficazes, mas de médio e longo prazos, provavelmente perderão a concorrência pelo voto do eleitor que reivindica por resultados de curto prazo.

Ambos, veteranos e novatos, farão discursos ou promessas de dar à população serviços de saúde de qualidade. Os veteranos complementarão com ações detalhadas a favor de uma comunidade ou localidade. Os novatos - que não tem tempo suficiente para os conhecimentos locais - apresentarão propostas genéricas, de políticas públicas e estratégias. As quais correm o risco de não serem entendidas, absorvidas pela maioria dos eleitores. Os eleitores com um candidato local, com promessas de ações concretas, terão preferência. 

Restarão aos novatos, as áreas não "fechadas" com os candidato locais, com propostas específicas para a área da saúde. 

O discurso saúde de qualidade, assim como educação de qualidade é necessário, mas insuficiente para a conquista do voto.

E sem voto, o novato não chegará a Brasília, para poder colocar em prática as suas ideias e propostas, por melhores, mais brilhantes e inovadoras que sejam. 











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