batata

A batata é o terceiro produto alimentar mais consumido no mundo, perdendo apenas para o trigo e o arroz.
Presumivelmente é o principal produto da agricultura familiar, com grandes transformações recentes.
O mais importante é a sua crescente industrialização permitindo a sua estocagem por longo tempo e também a sua destinação a mercados distantes. O que viabiliza as exportações.
A estocagem permite, ademais, superar as variações de clima, garantindo a rentabilidade continuada ao produtor, mesmo que tenha que interromper a produção, por adversidades climáticas.

A industrialização vem viabilizando a mudança na estrutura produtiva, com a produção em grandes propriedades empresariais, com elevada mecanização e tecnologia. 
A agricultura familiar não terá condições de competitividade para concorrer com a produção empresarial de grande escala. 
A sua alternativa está na terceira grande transformação que é a formação e crescimento dos produtos orgãnicos.

A cadeia produtiva

A produção tradicional da batata está nas mãos de médios e pequenos agricultores, a maior parte de estrutura familiar. Eles se reunem em cooperativas, para ter ganhos na compra de insumos e na comercialização.

Só como curiosidade, é interessante lembrar que a origem da Cooperativa Agrícola de Cotia, que foi a maior coopeartiva agrícola brasileira, foi a reunião de batateiros - imigrantes japoneses - de Cotia e Ibiuna, para comercialização conjunta de seus produtos num largo em Pinheiros. Que por isso acabou sendo denominado Largo da Batata.

Os produtores, em cooperativa ou não, levam os seus produtos, in natura, aos Centros de Abastecimentos - Ceasas - através de atacadistas. Intermediários que dominam esse elo da cadeia de valores. Esses, também caracterizados como atravessadores, se apropriam da maior parte do valor adicionado, supostamente, por correrem maiores riscos econômicos. São eles que garantem a presença dos legumes, verduras e frutas nos supermercados, quitandas e outras lojas de varejo alimentar. 

A sua ação pode favorecer ou inibir a produção agrícola. Os atacadistas especializados - em geral - são médias empresas, sem capacidade de influenciar as políticas públicas, mas tem atuações decisivas no mercado, através da suas práticas. Algumas condenadas pela sociedade, por serem consideradas especulativas.

O mercado tradicional da batata tem ficado sujeita a essas oscilações climáticas e práticas comerciais, gerando  insegurança aos produtores que não tem capacidade econômica e tecnológica para enfrentar essas instabilidades.

As medidas estatais para vencer essas dificuldades acabam sendo sempre artificias e também instáveis, ao sabor das variações políticas.

A estabilidade da produção, com impacto sobre um crescimento continuado, irá depender da restruturação empresarial da produção, da industrialização e da ampliação do mercado para alcançar a demanda mundial.

A industrialização

Terá o "Brasil" condições de ser um fornecedor competitivo de batatas industrializadas para abastecer os "fast-foods" em todo o mundo?

As lanchonetes "fast-food" embora largamente disseminadas em todos os paises, vem tendendo a formação de grandes cadeias, baseadas em marcas, com amplas redes, em grande parte franqueadas. A mais conhecida mundialmente é o McDonalds, que juntamente com outras cadeias de hamburguerias, como o Burger King, são os principais demandantes das batatas industrializadas. Essas na forma de batatas cortadas em palitos, pré-cozidas (ou pré-fritas) e congeladas.

O principal protagonista nessa etapa é a Mc Cain. Empresa de origem canadense, ainda de natureza familiar, tornou-se a principal empresa do setor ao lançar a batata palito pré-frita e congelada, para abastecer a alimentação fora de casa, principalmente as redes de lanchonetes fast-food, com algumas das quais tem contratos de exclusividade.

Tornou-se a maior empresa mundial de produção e comercialização de batatas pré-fritas e congeladas, e segundo o seu site, com 51 fábricas em todo o mundo, nenhuma no Brasil. 

Na América do Sul, escolheu como plataforma de suprimento latino-americano a Argentina. Importa ainda de outros paises, dentro da modalidade de "comércio internacional intra-firma". Ou seja, ela compra dos EUA, da França e de outros paises da batata congelada produzida por ela mesma. 

Terá ela interesse em passar a produzir no Brasil, parte das batatas industrializadas,  dividindo o suprimento com a Argentina? 

A McCain no começo de março de 2018, comprou participação relevante na empresa Forno de Minas, com intenção de exportar o pão de queijo mineiro para toda a sua rede mundial. 

Essa estratégia poderá ter grande impacto sobre a produção brasileira de mandioca, o que será tratado em outro artigo.

O setor tem concorrentes, como a BRF (Sadia e Perdigão), que são embaladores e comercializadores de batatas de origem européia.

O Governo Brasileiro, atendendo à requerimentos de produtores nacionais está analisando a prática de "dumping" dos fornecedores europeus de batatas pré-fritas e congeladas.

O principal concorrente brasileiro é a Bem Brasil, de grupo familiar que tem também produção própria de batata no cerrado mineiro, com elevado grau de mecanização e de escala de produção.

Implantou uma nova fábrica de produtos de batata, no municipio de Perdizes, vizinho de Araxá, onde o grupo instalou a sua primeira fábrica. 

Fornece os produtos para uso familiar e doméstico, e também para algumas redes de fast-food, como a Giraffas e Madero. 


A tecnologia de congelamento viabilizou a exportação de alimentos pré-processados, o que abre grandes perspectivas para alguns dos seus principais produtos agrícolas: a batata e a mandioca.

A mandioca, em função, das mudanças de hábitos alimentares, com a redução de gluten, vem ganhando mercados, com o pão de queijo mineiro e com a tapioca.

A tapioca "pegou" nos maiores centros urbanos brasileiros, passando a ser serviços em diversas lanchonetes e até com a instalação de "tapiocarias".  E também com o lançamento sucessivo de marcas de farinha de tapioca nos supermercados.

Poderá vir a ser um importante item da pauta de exportações de produtos alimentícios industrializados.

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