As tribos

As tribos de demanda da economia criativa

A demanda da economia criativa é ampla e diversificada. Mas tendem a se unir em torno de tribos. Alguns de abrangência mundial. Como o caso de colecionadores de selos ou de moedas, de apreciadores de música, segundo os diverso gêneros e muitos outros. Há assim a tribo dos apreciadores de ópera, como dos clubes dos "beetlemaníacos" .

Os mercados se organizam para capturar essa demanda, desenvolvendo um conjunto de atividades econômicas que vão compor a parte principal da economia criativa. 

A par desses segmentos da demanda que pagam pelas suas preferências de entretenimento, mediante compra de produtos de difusão, como discos, vídeos, quadros, livros e outros meios diretos de reprodução da produção original, da compra de ingressos para assistir eventos específicos, ou acesso a museus e outros locais de exposição, existem outros meios de movimentação da economia criativa.

A mídia impressa, televisiva ou radiofônica é esse principal instrumento em que uma produção cultural é difundida para uma público apreciador que, nada ou pouco paga diretamente, mas os custos são cobertos pela propaganda de produtos para consumo dos espectadores.

Essa mídia não é apenas reativa, mas ao perceber o interesse de uma demanda pode agir no sentido da sua ampliação promovendo um processo interativo.

Isso ocorreu especificamente com relação ao carnaval carioca que foi se enriquecendo e se sofisticando em função da sua difusão pela televisão. A difusão aumentou o interesse e a demanda, atraindo empresas interessadas em propagandear os seus produtos. 

O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, foi tornado em evento de interesse mundial, transformando uma produção comunitária, de caráter pessoal, de diversão de pequeno grupos num grande negócio, que gera anualmente, bilhões de reais e emprega um grande número de trabalhadores. Ainda que durante pequeno tempo: alguns quatro meses por ano, outros uma semana ou por apenas 4 dias (ou noites). 

Outro segmento é da produção cultural que não encontra uma demanda espontânea, mas por razões ideológicas, é patrocinada pelo Estado, para criar ou desenvolver a demanda. 

A visão ideológica é a de que determinadas produções culturais não devem ficar restritas à elite ou a tribos, mas devem ser disseminadas para alcançar o povo. Como, por exemplo, o povo não vai ao teatro para assistir a uma peça ou a um concerto de musica, o Estado deveria patrocinar a ida da peça ou concerto junto ao povo. 

Essa ideologia ou concepção faz com que parte significativa da economia criativa seja atrelada às políticas e recursos públicos. 

E gera um confronto entre a produção cultural comercial (ou de mercado) e a não comercial que - supostamente - seria de cunho artístico. 

Para garantir a sua sobrevivência a produção cultural não comercial pressiona o Governo para criar mecanismos de incentivos a ela, como a Lei Rouanet. Mas esses mecanismos acabam sendo apropriados pela produção cultural comercial, para subsidiar uma demanda das tribos com renda. 

(cont)






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