A seca não vai acabar nos Grandes Sertões e os Severinos irão rumo às cidades

As águas retiradas do Velho Chico chegarão a açudes existentes e farão a água voltar a velhos cursos d'água que ficaram secos, com as estiagens prolongadas. Os que estão perto desses serão beneficiados, mesmo sem a existência de rede de distribuição. As pessoas irão buscar a água nos açudes. Os carros-pipa irão buscar a água mais próxima e poderão cobrar menos. E com a umidificação do solo, os poços poderão conter água em locais mais próximos das moradias e das plantações. 

Os beneficiários mais imediatos serão as populações urbanas, próximas aos açudes recompostos. Os que ficam mais distantes, nos Grandes Sertões e Veredas, continuarão mostrando as chocantes cenas de familias dependentes de carros pipa do Exército e animais morrendo ou mortos. 

Esses não serão atendidos dentro das soluções tecnológicas adotadas. Por inviabilidade econômica. 

Depois de tanto alarde, em 2018 ficará a frustração de muitos. Como é ano de eleição haverá impacto eleitoral. Os políticos que se aliaram ao empreendimento, poderão ser punidos pela frustração. Tentarão manter as esperanças e promessas de que a água chegará às torneiras. Os eleitores poderão acreditar ou não. Por que não chegará para muitos.

O que deverá ocorrer de fato será a migração de Severino atrás da água. 

Ficando na roça, acabará tendo que gastar toda sua bolsa família na compra da água em carro pipa. A alternativa é mudar-se para a cidade mais próxima da água, mantendo plantações, cuidando de bois e bodes, ou simplesmente para sobreviver nas comunidades (eufemismo para favelas) das cidades abastecidas, com o dinheiro do Bolsa-Família.

O resultado mais provável não será o fim da seca no Nordeste. Muitas áreas continuarão secas, mas sem população humana e animal. Virarão desertos ou serão incorporados ao agronegócio, com novas tecnologias voltadas à segurança hídrica. 

E as pequenas cidades próximas dos açudes ficarão inchadas, com a geração de novos problemas sociais. 

Serão os maiores desafios dos políticos nordestinos candidatos a cargos em 2018 e também em 2022. Com impactos sobre a eleição presidencial. 



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