Mercado de Trabalho Esquizofrênico

Após licenças, férias coletivas e PPE, Mercedes-Benz começa a demitir  (Estado de São Paulo, 17/08/2016)

Mão de obra escassa ameaça boom do setor automobilístico no México (Valor, 13,14 e 15/08/2011,B11)

Fabricas chinesas usam robôs para compensar falta de mão-de-obra. (valor 17/08/2016).

 

Nem tem chinês demais, nem a falta de competitividade da indústria brasileira é porque tem encargos sociais muito alto. Nem mexicano que só quer trabalhar em fábrica. 

A única verdade no mundo do trabalho é que todo mundo quer emprego para ganhar bem. Se os salários não são bons, ele vai "se virar". E isso estaria gerando uma nova classe social: o precariado.

 

Enquanto no Brasil faltam vagas na indústria automobilística, com um crescente número de desempregados, sobram vagas no México. 

E, contrariando o senso comum, numa China com uma população de quase 2 bilhões de pessoas e 800 milhões de empregados está faltando chinês para trabalhar nas suas fábricas. Estão sendo substituídos por robôs alemães.

Aparentemente, o problema principal não é falta de gente. É falta de salários.

A matéria do Wall Street Journal, acima referida sobre o México, traz uma tabela sobre os salários médios por hora de trabalhadores nos principais países produtores de carro, no ano de 2015 em US$ .

É bom esclarecer, preliminarmente, que as comparações são do custos final, incluindo encargos. Se o salário é alto e os encargos baixos, como nos países desenvolvidos ou salários baixos e encargos altos, como no Brasil, não importa. As comparações são entre custos para as empresas (salário + encargos). 

A Alemanha é quem paga mais pelo trabalho ( US$ 26,25 por hora) seguida pelos EUA (U$  23,83). A Coreia do Sul, ingressante no mercado com salários baixos, hoje já paga, em média, US$ 12,99 por hora. Mais que o dobro do Brasil, que aparece nessa estatística com US$ 6,17.

A China paga menos que o Brasil, mas pouco menos (US$ 5,19) e a outra notícia dá conta que os salários continuam aumentando. Sendo essa a razão principal da suposta carência de mão-de-obra. Os trabalhadores querem ganhar mais e algumas empresas preferem colocar robôs do que aumentar os salários. A disputa entre o homem e a máquina não é tecnológica, nem de produtividade. É de custos. Elementar, meu caro.

O problema do México é esse ai.  O custo médio seria de US$ 3,29 por hora, quase a metade do Brasil.  Tem mexicano preferindo ser flanelinha do que ser metalúrgico. É o que diz a matéria citada.

 Esse é o jogo. As empresas estão sempre atrás do trabalho mais barato. Agora que os custos chineses estão aumentando estão buscando outros países asiáticos. Viet Nam e Indonésia estão em crescimento. E a indústria automobilística ainda tem a Índia, que na tabela acima referida, aparece com um custo médio de U$ 1,09 por hora. 

As empresas tem maior flexibilidade em se transferir. Os trabalhadores não.  E mais grave. Os Governos querem atrair as empresas para gerar empregos aos nativos. Não querem que as empresas venham com os seus trabalhadores junto com os investimentos. Vários paises que buscaram atrair investimentos chineses estão com problemas com a importações dos trabalhadores chineses junto com esses. Mesmo que temporários.

E a onda de imigração na Europa em busca de salários melhores tem levado a fortes reações da população nativa. Dos ditos "homens brancos raivosos ou revoltados" que aprovaram o Brexit e são a base do eleitorado de Trump.

Os metalúrgicos brasileiros, mesmo desempregados, não irão se aventurar a trabalhar no México, ganhando menos. Já os indianos poderão ir. Mas serão aceitos?

 

 

 

 

 


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