Aeroportos desenacionalizados

Quatro aeroportos brasileiros de médio porte, foram duplamente desnacionalizados. 

De uma parte foram desestatizados, com a transferência da sua gestão por uma empresa estatal - a Infraero - para empresas privadas. Mundialmente, a estatização é caracterizada como nacionalização. O oposto, portanto, desnacionalização.

De outra, porque todos os novos gestores são empresas estrangeiras, sem a participação de empresas nacionais.  

Essa decorreu de uma das principais mudanças nas regras de licitação: a permissão para que empresas estrangeiras concorressem às concessões, sem a obrigação da participação de empresas brasileiras.

Essa mudança de regras promoveu - ademais - uma outra grande e fundamental alteração: as concessões deixam de ser vistas, apenas, como uma contratação de obras públicas, segundo nova modalidade, para serem percebidas como uma verdadeira concessão de serviços públicos.

Todas as vencedoras são tipicamente empresas prestadoras de serviços, focadas na gestão e operação de aeroportos. Não são empresas de construção, sejam nacionais, ou estrangeiras. A francesa Vinci é parte de um grande grupo construtor, mas a  sua unidade de aeroportos opera na área de operação e não de construção. A sua cultura, a sua visão de negócios é de "opex" e não de "capex".

As grandes construtoras brasileiras, mesmo que livres da Operação Lava-Jato preferiram não se arriscar. O mesmo ocorreu com empresas médias, essas por razões financeiras. Dependem de financiamentos oficiais e nem sempre tem garantias suficientes a oferecer. Recorrer ao mercado privado, é inviável, seja pela pouca disponibilidade de financiamentos de longo prazo, como pela elevada taxa de juros.

Os investimentos necessários, assim como o valor das outorgas, terão que ser financiados com recursos externos.

Nas rodadas anteriores, era obrigatória a formação de consórcios, nos quais predominaram as construtoras nacionais. Foram elas se comandaram os lances. Neste nova rodada, elas ficaram no meio do caminho, deixando o espaço para as operadoras estrangeiras.

Os resultados do leilão mostram que os investidores estrangeiros estão mais confiantes em relação ao futuro do Brasil, do que os brasileiros. Apesar a superestimação das demandas futuras, apresentadas pelo Governo, a estrangeiras estariam apostando numa demanda ainda maior. Um fator que pode ter influenciado essa visão mais otimista dos operadores estrangeiros é a maior participação das empresas internacionais de aviação, nas empresas nacionais. 

Trabalhando com a visão de grandes e emergentes empresas árabes, como a Catar, Emirates e outras com grande participação no movimento dos aeroportos europeus, as operadoras européias estariam buscando se posicionar no relacionamento com elas.

(cont)




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