A superação da crise politica atual

A crise política atual seguirá com sobressaltos, mas sem grandes mudanças estruturais até 2018. 
Só será superada no início de 2019 com a posse do novo Presidente da República, dos Governadores dos Estados, mas principalmente com o novo Congresso Federal. Que poderá não ser tão novo.
Na Câmara Federal, em tese, todos os deputados podem ser trocados, mas nas eleições pós redemocratização cerca de 50% dos deputados retornam. No Senado Federal, 1/3 estará no meio de um mandato de oito anos. Mantida a tendência, apenas 1/3 será novo.

Apesar da Operação Lava Jato a maioria dos políticos já indiciados pelo Procurador Geral da República, não perderão o seu mandato. As delações tem grande efeito político, mas não criminal. Os processos são lentos e a maioria não será concluída até outubro de 2018. Com poucas exceções todos serão candidatos à reeleição e lutarão por ela, para manter o foro privilegiado. 

A efetiva reforma política brasileira só ocorrerá se a totalidade dos envolvidos em propinas já evidenciadas não forem reeleitos. 

A pena maior não será aplicada pelo STF mas pelo eleitor, pelo povo. A pena maior será a não reeleição. O que terá outras consequências punitivas. Os não reeleitos passarão para a jurisdição do Juiz Sérgio Moro e do grupo tarefa da Operação Lava Jato, que tem se mostrado muito mais ágil do que  o STF. E não terão muito o que revelar para obter as reduções de pena com a delação premiada.

O desespero e a angústia de todos os parlamentares, nestes dois próximos anos, será alcançar a sua reeleição.

O grande juiz dos políticos não será Sérgio Moro, tampouco Teori Zavascki. Será o eleitor e os políticos se esforçarão para serem absolvidos por esse júri. Se esse júri os condenar não lhe concedendo a reeleição, a sua carreira política estará terminada. E ainda correrão o risco de passar muitos anos na cadeia.

Diante desse quadro qualquer reforma estrutural que coloque em risco a sua reeleição não passará no Congresso. Tudo estará em volta da reeleição dos congressistas. 

Os idealistas que ainda esperam alguma ação a favor do Brasil, voltado para o interesse nacional, podem "esperar sentado, porque de pé cansa".

Para os "reformistas" as únicas ações eficazes são e serão para evitar a  reeleição dos atuais congressistas. Algo do tipo "Renovação Total: Fora Todos". 

Assumindo-se que se consiga sucesso nessa campanha, voltamos à pergunta anterior, feito no artigo "O que teremos pela frente", aqui neste blog: quem serão os novos eleitos?

Serão da mesma cepa dos atuais. Haverá apenas mudança de nomes ou de personagens? A cultura continuará a mesma? As propinas que refluiram voltarão a pleno vapor?

O que precisa ser considerado e avaliado é que a quase totalidade dos deputados e também de grande parte dos Senadores são eleitos pelo populismo. Ou seja, mediante promessas de usar o Estado para a solução dos seus problemas mais prementes. De promessa de um Estado assistencialista a favor do seu eleitorado específico. Poucos são eleitos pelas suas posições ideológicas, ou de proposições regionais ou nacionais. As dimensões mais amplas, além das questões paroquiais, estão nas defesas corporativas (como as do setor rural) e nas questões de natureza sócio-cultural. Como a questão do aborto, relações homossexuais, diferenças de gêneros e outros.

Em 2018 o grande divisor de água será o posicionamento do candidato com relação ao combate à corrupção, simbolizada pela Operação Lava-Jato. Mas essa divisão será escamoteada. Nos discursos todos serão ferrenhamente a favor do combate à corrupção, do apoio à Operação Lava Jato. A diferença vai estar entre quem vai acreditar na sinceridade do político e quem não vai acreditar. 

Isso leva, novamente, à disjunção entre o populismo e o programático.

O programático será capaz de derrotar o populismo?   

Excluídas as classes mais altas que não dependem do Estado Provedor e se colocam na relação pessoal com o Estado como contribuinte e cobrador de resultados, todos os demais que representariam mais de 80% do eleitorado utilizam-se amplamente de serviços públicos, sejam coletivos como individualizados. 

E estão propensos a aceitar às promessas dos políticos em relação ao  suprimento ou melhoria de qualidade dos serviços públicos.

A vinculação ou dependência da ação pública é a base do populismo. 

O populismo não é partidário, mas individualizado. O eleitor vota num candidato, não num partido. Quem tem votos é o candidato, não o partido. É o candidato que leva votos para o partido, não o contrário. Mas para se eleger o candidato - com raras exceções - precisa dos votos dos seus colegas de partido. O partido é um instrumento do candidato.  

Não existe o partido populista. Quando muito congrega um conjunto de candidatos populistas. Ou, na visão extremamente oposta, não existe partido não populista. Todos são populistas. 

Com o comprometimento individual dos políticos com a corrupção, novos partidos emergirão  como mais programáticos e selecionando os seus candidatos, recusando os comprometidos com o esquema da corrupção?

As lideranças partidárias só buscarão o caminho programático e ético se perceberem que esses serão os principais valores ou motivação dos eleitores para direcionar o seu voto. 

 Do contrário permanecerão no modelo populista baseado na capacidade do candidato em angariar votos. Sabendo que esses votos não são nacionais ou estaduais. São votos locais.

(cont)

 
 

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