A guerra do aço de Trump e os impactos sobre o Brasil

O impacto mais direto sobre o Brasil será a redução das exportações do aço das siderúrgicas brasileiras para os EUA. As perdas poderão ser compensadas com o aumento da demanda interna, com o fim da recessão.

A questão principal é o aumento do preço do aço, dentro do mercado norte-americano. Se não houver aumento, a medida de Trump não atenderá o seu eleitorado formado por desempregados da obsoleta siderurgia norte-americana (com poucas exceções). Essa siderurgia precisa de preços melhores para voltar a funcionar.

Segundo essa, o principal responsável seria  o Brasil, que estaria exportando o seu aço, com práticas injustas, mediante subsídios governamentais.

Na prática o principal alvo de Trump foi a siderurgia brasileira, sem qualquer apoio político e diplomático, com o enfraquecimento do protagonismo do país no cenário americano e muito no mundial.

O Brasil não tem armas e munição para negociar qualquer revisão das taxas impostas por Trump. Tampouco significativas condições de retaliação.

A expectativa positiva do Brasil é melhorar a sua participação no mercado sulamericano, concorrendo nesse com a produção de derivados metalúrgicos norte-americanos, principalmente a indústria automobilística.

Desconsiderado ou não por Trump, o mercado sulamericano, liderado pelo Brasil é um segmento importante para a indústria automobilística mundial, com importante participação das multinacionais de origem norte-americana.

Um exemplo é dado pela Toyota, embora de origem japonesa, com um grande parque automobilístico nos EUA de onde exportam todos os Corolas demandados pela América Latina e Caribe, exceto o Brasil. 

A estratégia do Presidente para a América Latina da multinacional japonesa, um  norte-americano, é de substituir todos os Corolas de produção norte-americana por Corolas produzidos no Brasil. 

Com o inevitável aumento do preço dos Corolas norte-americanos, o seu objetivo ficará mais fácil de alcançar.

A oportunidade brasileira está em assumir as fatias do mercado latino americano que serão perdidas pelos produtores norte-americanos, em função do aumento dos preços do aço em seu terrritório.

E deverá agir rápido pois os sulcoreanos estão na dianteira dessa estratégia e os chineses, que descobriram o mercado brasileiro, também. 

Se o Brasil ficar na defensiva, lamentando a decisão de Trump ou contando com revisões que não vão ocorrer, perderá a oportunidade e ficará apenas com os efeitos negativos. 

A vantagem é que a decisão não será do Brasil, mas das multinacionais automobilísticas instaladas no país, que não querem perder a participação de mercado das suas marcas.

Em síntese: com a sobre taxação do aço, a indústria automoblística instalada nos EUA irá perder grande parte do mercado latino-americano e do Caribe. Se a indústria instalada no Brasil, correr, ocupará o espaço aberto. Se bobear os asiáticos tomarão conta. 

Se sair na frente, a indústria siderurgica brasileira conseguirá compensar as perdas de exportação ao mercado norte-americano. Se perder a oportunidade, essa indústria também estará condenada à extinção.

A sobretaxação norte-americana sobre o aço impactará negativamente toda a cadeia produtiva metalúrgica, afetando o mercado internacional de minério de ferro.  As cotações tenderão a permanecer em baixa, mantendo a inviabilidade econômica dos novos empreendimentos mineradores de menor porte. 

Em particular, mantém economicamente inviável a exploração das reservas minerais no interior da Bahia, que daria sustentação à conclusão, a curto prazo, da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) entre Caetité e Ilheus. 



































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