A guerra da Avenida Paulista

A Avenida Paulista, em São Paulo, é o local de mais um episódio do confronto entre a riqueza, a pobreza e a classe média, pela posse de partes importantes da cidade.

A cidade de São Paulo, então limitada ao que hoje é o centro, instalada num vale, abrigou a riqueza, oriunda do café. Instalada inicialmente na área central, migrou para o Bom Retiro, ao lado das estações de trem, formando o bairro dos Campos Elíseos, com os seus palácios e mansões de inspiração francesa. Por questões sanitárias migrou para Higienópolis, já nas plataformas intermediárias dos morros.

Ocupando inicialmente as novas áreas, mediante loteamentos de alto padrão, foi sempre se transferindo fugindo da invasão da classe média e da pobreza aos seus redutos.

Abandonando os imóveis foi deixando-os para os novos moradores ou ocupantes, de menor poder aquisitivo, sem recursos para novas construções e até mesmo para a manutenção do já construido. O resultado físico foi e é  de  deterioração.

O bairro Campos Elíseos foi transformado em Cracolândia. Higienópolis sobreviveu pela migração da comunidade judia, do Bom Retiro.

A riqueza subiu o morro e foi se instalar na Avenida Paulista, com mais um loteamento de alto padrão, então ocupado pelos barões do café e pelos nascentes industriais. 

Foi também se instalar do outro lado do morro, também em loteamentos de alto padrão, nos Jardins.

A partir dos anos cinquenta, quando a cidade completou  400 anos, a riqueza  foi abandonando o centro para instalar na Avenida Paulista o novo centro financeiro e de sedes empresariais.

A Avenida Paulista se tornou o grande marco da cidade e o local preferido para as comemorações populares.

A avenida se verticalizou, mas não foi suficiente para atender à crescente demanda por áreas corporativas e a riqueza, de novo, buscou novas áreas, encontrando-os no vale do Rio Pinheiros: Av Faria Lima, Av. Luis Carlos Berrini, Vila Olimpia e  Jardim Santo Antônio .

A Avenida Paulista resistiu, ajudada pela implantação de uma linha metroviária e das sedes dos órgãos  e empresas federais .

A riqueza pouco se expandiu na Av. Paulista, mas manteve a suas bases, apesar dos congestionamentos comuns e dos excpecionais decorrentes das manifestaçõe populares. Cada vez mais habituais .

Conseguiu que a Prefeitura Municipal limitasse o seu uso para as manifestações, mas com o governo petista, dentro de uma visão do direito de todos não cumpriu com as restrições.

Para consolidar a visão de pertencimento da avenida pelos paulistano, a Prefeitura passou a fechar a avenida ao domingos .

A reação da riqueza, embora não explicitada é: "se querem que a avenida seja do povo, que ele fique com ela e cuide dela. Nós vamos embora daqui."

Com a retirada da riqueza, a avenida vai empobrecer e se degradar fisicamente. Por falta de recursos para manutenção dos prédios privados. 

O ocorrido no final do ano de 2015 é apenas uma manifestação desse confronto. 



 

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