A era do teto

Os próximos vinte anos do Brasil serão marcados pela redução da participação do Estado nos investimentos. Esses ficarão restritos a investimentos da Petrobras, a alguns investimentos em saneamento e outros menores. 
Os investimentos federais serão mínimos. Nos dois próximos anos serão concluídas algumas obras do PAC em andamento, mas não há recursos para um novo PAC ou qualquer outro grande programa de investimentos públicos, qualquer nome que venha a ter. O Ministro interino do Planejamento ainda sonha e tenta iludir o Governo e a sociedade com anúncios que não vão se efetivar.

Usam a perspectiva de que com a Reforma Previdenciária haverá um alívio no caixa do Tesouro Nacional. Deverá haver sim, mas a partir de 2027.  

Ainda a "ficha não caiu" inteiramente tanto no Governo, como no mercado e na sociedade, como um todo.

Em 2017 ainda haverá espasmos de planos de investimentos públicos que terão destaque na mídia por alguns dias e depois morrerão, por inanição.

A elaboração da proposta orçamentária de 2018 e sua discussão no Congresso tornarão mais perceptível a realidade. O Estado Brasileiro não terá capacidade de investimento em infraestrutura, pelo menos até 2027. 

Não adiantará ficar verberando que a infraestrutura está defasada, que prejudica a competitividade brasileira e reprime o crescimento econômico. Embora seja verdade, o Estado não terá condições de responder às reivindicações ou apelos dos analistas e do mercado.

Só há uma saída. Ou o mercado, vale dizer, o setor privado assume a realização dos investimentos em infraestrutura ou essa não irá atender ao próprio mercado privado, com risco de degradação continuada.

Isso envolve uma profunda mudança cultural. Os intelectuais inventaram a figura do Brasil, como um ente, com vontades próprias. Inicialmente como uma categoria de análise, tornou-se um suposto agente: o Brasil fez, ou deixou de fazer. Aqui mesmo, em artigo anterior, usamos o mesmo artifício: "onde o Brasil errou?"

A ideia do que o Brasil precisa fazer embute a noção do que o Governo precisa fazer. Ou seja, quando todos dizem que o Brasil precisa melhorar a infraestrutura, que o Brasil precisa investir bilhões de reais ou dólares em infraestrutura todos estão pensando - implicitamente - que o Estado precisa fazer esses investimentos. Todos confundem Brasil, com Governo Brasileiro. É a cultura hegemônica.

Dentro dessa visão, até 2027 ou mais, o Brasil não investirá em infraestrutura e está condenado, irremediavelmente, ao atraso.

Só conseguirá vencer essa perspectiva desastrosa, com uma mudança cultural. Descolar o Brasil do Estado Brasileiro e fazer com que o setor econômico privado deixe a posição de pedinte, de reivindicante, pressionando o Estado, para assumir a responsabilidade de investir em infraestrutura. 

A empresa privada para poder contar com uma infraestrutura melhor terá ela mesma que investir, não adiantando ficar exigindo, alertando ou esperando que o Governo invista. Para que isso ocorra, são necessárias duas condições básicas: o investimento deve ser rentável e a empresa precisa ter dinheiro. Adicionalmente é preciso ter o empreendedor do investimento e a intermediação bancária para reunir os recursos das empresas num fundo de investimento para aplicação no empreendimento.

Onde está o dinheiro e onde estão os empreedimentos rentáveis?

(cont)











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