O Brasil optou de à muito não ter um Ministro da Economia, mas apenas um Ministro da Fazenda, com predominância sobre a política econômica. Isso faz com que essa política seja dominada pela dimensão financeira e pelos agentes financeiros, particularmente os investidores, os banqueiros, os gestores de fundos e os corretores.
A principal preocupação do Ministro da Fazenda, como um Ministro das Finanças é gerir o fluxo de caixa do Tesouro Nacional, buscando o menor desequilibrio das contas - ditas nominais - e assegurar a continuidade dos fluxos dos financiamentos.
Para isso o Sistema Financeiro - em âmbito mundial - criou e impôs diversos mecanismos preventivos contra riscos, como:
- o compromisso do Governo em assegurar um superávit primário, dentro do seu orçamento, para garantir o pagamento dos juros;
- a avaliação dos riscos do país, através das agências de "rating", hoje dominadas por três agências, consideradas pelos investidores.
O rigor na formulação e condução das políticas financeiras, baseadas nesses princípios e instrumentos básicos pode levar a economia a recessão, com redução da arrecadação e cortes de despesas que dão sustentação ao dinamismo da economia.
O Ministro Levy tentou ajustar as contas públicas, dentro dessa visão financista e fracassou, por enfrentar circunstâncias adversas no quadro político, com os seguintes resultados negativos:
- a economia entrou em processo recessivo;
- com isso, a arrecadação federal caiu;
- os cortes de despesas afetaram os programas geradores de empregos;
- a inflação seguiu crescendo e ultrapassou os dois dígitos;
- o déficit comercial externo caiu, mas as exportações foram menores, não puxando a produção industrial;
- o Brasil perdeu o grau de investimento, dado pelas agências de rating, com viés de rebaixamento;
Mas o Governo precisa gerar novas fontes de receitas, criando novos tributos, como a CPMF, ampliar alíquotas de tributos existentes e outras fontes, para o que não tem suficiente respaldo no Congresso, para a sua aprovação.
Sem a aprovação das novas fontes e sem maiores cortes nas despesas orçamentárias, poderá se ver diante da situação de não ter caixa para cumprir os compromissos de pagamento correntes. A opção inicial é postergar ou renegociar o pagamento dos juros e das amortizações. Não o conseguindo, só restarão duas alternativas: usar reservas internacionais - o que só agravaria a contenção dos financiamentos - ou recorrer a empréstimo do FMI.
Nelson Barbosa poderá ser mais flexível com relação aos cortes orçamentários, que dão origem aos pagamentos, mas se não mantiver o controle corre o risco de ter que apelar para a solução extrema. O grande fantasma que passou a rondar o Governo petista: o FMI.
Chegar a essa situação extrema seria a rendição a tudo o que o PT combateu e criticou nos Governos anteriores.
Para que não se responsabilize essa condição a um corpo estranho ao PT, um "inflitrado", Joaquim Levy deixou o cargo, ainda que frustrado e atrasado. Mas não deixará de ser responsabilizado pelas hostes petistas.
Perdido o grau de investimento a principal preocupação de Nelson Barbosa será a de evitar chegar ao extremo de ter que recorrer ao FMI.
Como estancar a deterioração crescente do fluxo de caixa do Tesouro, para evitar isso?
(cont)
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