A concorrência junto aos eleitores

Assumindo que os três pilares básicos da agenda de 2018 sejam esperança, honestidade e não desperdício (austeridade), tanto os veteranos como os novatos se apresentarão perante os eleitores com mensagens sobre os mesmos tentando sensibilizar os seus corações, mentes e, com isso, obter o seu voto.

Os veteranos se apresentarão com os seus feitos anteriores a favor da melhoria de vida dos seus eleitores e prometendo ampliar a sua atuação a favor deles. A esperança está em pequenos atendimentos locais, seja o atendimento mais rápido dos postos de saúde, a obtenção de vagas em creche, matrícula em escola pública, ou a promessa de novos investimentos em unidades escolares, de saúde ou de segurança pública. 
Os que não tem uma carteira de medidas ou ações que atendam diretamente os seus eleitores terão que apelar para atendimento similar aos vizinhos, prometendo chegar a eles. Ou se valer de programas mais amplos, como o bolsa família, benefícios do LOAS e outros. 
As mensagens de austeridade vão no mesmo sentido de combater o desperdício e desvio de recursos públicos e garantir que esses cheguem ao cidadão na forma de maiores e melhores serviços públicos. 
O mais grave dos desvios está na corrupção que transfere dinheiro público para o político ou ao seu partido. 
A reação inconsciente do eleitor, principalmente o de menor renda e escolaridade, não é ao caráter ético da "roubalheira", mas o sentimento de que é ele que está sendo roubado. 
Por que a polícia não chega? A polícia alega que cortaram as verbas e eles estão sem dinheiro para consertar as viaturas. O cidadão pode interpretar que alguém ficou com o dinheiro destinado aos consertos. 

As mensagens dos veteranos será o mais tradicional mantra de "mais recursos públicos". Mais dinheiro público para educação. Mais dinheiro para saúde pública e assim por diante.

As mensagens dos novatos - como já foi adotado, com sucesso, por João Dória - poderá ser gestão. Ou a alternativa da mensagem "mais com menos". Serão promessa de melhor uso dos recursos públicos para ampliar e qualificar os serviços públicos em benefício dos cidadãos, dos eleitores. 

A proposta é de gestão, mas até que ponto a mensagem terá credibilidade para o eleitor se sensibilizar e votar no candidato novato? A mensagem pelo veterano só terá credibilidade se ele tiver comprovação de resultados.

Esse fator irá favorecer Prefeitos Municipais com gestão bem sucedida e reconhecida pelos seus eleitores. 

Em 2014, vários candidatos foram eleitos deputados federais a partir de gestão municipal, como Prefeito por quatro anos ou mais, bem avaliada pelos eleitores. No Espirito Santo, Sérgio Vidigal, em Serra e Helder Salomão, em Cariacica foram eleitos nessa condição.

Em 2014, Sérgio Vidigal já era um veterano. Helder Salomão um semi-veterano, ou um semi-novato. Conquistou o seu primeiro mandato como deputado federal, mas a partir de uma carreira política anterior. 

João Dória, eleito Prefeito de São Paulo, em 2016, com um discurso focado em gestão, é um caso "puro" de novato. Ainda que indicado como candidato do partido pelo Governador Geraldo Alckmin, um veterano, não foi eleito por transferência de votos desse, mas por uma campanha independente.

Mas lançando-se como candidato a Presidência da República, com menos de um ano de mandato, pode destruir a sua imagem de bom gestor público. Uma das características de um bom gestor - seja público ou privado - é a persistência, inclusive aprendendo com os erros. 

O que João Dória Jr vem passando é que a sua imagem de bom gestor é puro marketing, sem condições de apresentar resultados efetivos da sua gestão. O seu fracasso na tentativa de "acabar com a Cracolândia" ainda que momentânea depõe contra a sua imagem. Ainda que possa ter adotado o "rumo certo" (o que é contestado por especialistas) os resultados a curto prazo são ruins.

Se ele abandona a Prefeitura, sem dar continuidade aos seus programas, compromete a condição e a imagem de gestor. E o novato que se candidata a deputado federal, tem não só se comprometer como passar a imagem de que sua eleição não será apenas um trampolim para uma futura eleição de Prefeito, dois anos após a eleição para o Congresso. 

Cabe ainda avaliar o que significa ser um bom gestor num cargo legislativo. Na perspectiva do eleitor. 

Os levantamentos que estamos promovendo sobre a origem dos votos dos deputados federais em 2014, indicam que a principal visão do eleitor sobre o que seja e qual a atribuição de um deputado federal não é de ser um legislador. De alguém que vai propor, discutir ou aprovar leis.

A expectativa é que o deputado federal, em Brasília, traga mais dinheiro federal para o seu Municipio, para a sua localidade, na forma de investimentos ou serviços públicos.

Voltando às colocações iniciais, avaliamos que a mensagem de combate ao desperdicio, aos desvios dos dinheiros públicos será mais relevante do que a mensagem de gestão.

Isso poderá valer para os cargos executivos, como para Presidente da República ou para Governador do Estado, mas não para senador, deputado federal ou estadual.

Como a maioria dos novatos serão candidatos a cargos legislativos, buscando a renovação do Congresso e das Assembléias Legislativas, o fator gestão não deverá ser tão relevante.

Isso poderá tirar a aparente vantagem de executivos bem sucedidos na gestão privada. 

(cont)









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