4ª Revolução Industrial e Trabalho Humano (TH)

Na realidade a 4ª Revolução Industrial, como a quarta, só vale para a indústria, propriamente dita. No sentido estrito e não para todas as atividades econômicas. 

A primeira é marcada pelo vapor como uso de energia, mas só foi revolucionária por estar associada à produção do aço, base das máquinas. Não por outro motivo o início da comunidade européia é marcada pela associação carvão e aço. A sua caracterização como a Revolução Industrial, que viria a ser a primeira, pois outras seguiram, em consenso com relação ao seu início e os seus marcos. Mas tem base européia, não mundial. A sua disseminação no mundo é limitada.

A segunda revolução já não tem o mesmo consenso, com diversas caracterizações, segundo os analistas ou historiadores.
Mas a grande mudança, no sistema produtivo mundial, então baseada no binômio carvão-aço, ocorreu com a utilização mais intensa do petróleo e seus derivados, mudando substancialmente a forma de viver da elite mundial. O petróleo como combustível viabilizou o uso maciço do automóvel e a sua produção industrial passou a ser elemento mais importante. 
Muitos vêem a segunda revolução industrial pela implantação do taylorismo e da linha de produção introduzida por Ford. Mas isso foi uma resposta ao fato anterior acima citado do uso do petróleo como combustível.
E promoveu a transferência do polo industrial mundial da Europa para a América do Norte. Com grande geração de trabalho humano no novo continente e sem gerar desemprego significativo no velho continente.
É importante considerar que os fundamentos das revoluções industriais são sustentáveis, perdurando durante muito tempo. Não são modas passageiras. E as revoluções ocorrem quando há uma ampla mudança desses fundamentos.

Uma nova revolução no sistema produtivo industrial ocorre no após IIª Guerra Mundial, com uma importante transferência da industria mundial para a Ásia, com duas vertentes.

De uma parte o Japão emerge como uma grande potência mundial, liderando o mercado de eletrodomésticos. A par do automóvel, os eletrodomésticos, principalmente os aparelhos de rádio e reprodução e de televisão, passaram a ser o principal objeto de desejo dos consumidores, com renda, em todo o mundo. Alcançando aqueles de menor renda. O radinho de pilha, era na época o que o celular é hoje. E criou ou desenvolveu diversas tecnologias hoje incluidas nos smartphones. O mais visível é o fone de ouvido.

O consumidor queria mais: geladeiras, fogões, máquinas de lavar, que evoluiram para as máquinas de lavar pratos, freezer e, a grande inovação: o forno de microndas. E queria também os aparelhos de ar condicionado, os vídeo-cassetes e outros equipamentos.

O Japão foi o principal centro de inovação e de produção, para o mercado mundial, mas foi perdendo a hegemonia com o estabelecimento de novos polos, uma grande parte ainda na Ásia, como a Coreia do Sul - que suplantou o Japão e inovação e marcas - Taiwan e mais recentemente a China.

A outra vertente, que marca o inicio da globalização, é  transferência da produção industrial do território norte-americano, dentro de uma estratégia geopolitica do Governo norte-americano como líder do capitalismo, então em disputa pela hegemonia mundial com a União Soviética e o comunismo, associando o interesse das empresas numa produção industrial com custo mais baixo do trabalho humano. 

Apesar de promover uma profunda transformação no sistema produtivo industrial mundial, com a desagregação territorial das cadeias produtivas, a grande caracterização da globalização, não é considerada, ou reconhecida como uma Revolução Industrial, que seria terceira.

A dita 3ª Revolução Industrial é definida (ou datada) pelas mudanças tecnológicas. As duas principais são os aplicativos (também caracterizados como softwares) que viabilizaram o uso dos computadores pessoais, criados por Bill Gates, como por Steve Jobs, e as tecnologias de telecomunicações que aproximaram a humanidade pela informação. A associação das duas viabilizou o desenvolvimento da internet. 

Esta revolução não é mais industrial, mas de serviços, do setor terciário da economia.

Do ponto de vista da produção industrial, essas inovações consolidaram o desenvolvimento do polo industrial asiático, agora liderada pela China, que superou a Coreia do Sul e o Japão.

Se a primeira revolução industrial se concentrou na Europa, a segunda migrou para a América do Norte, a nova foi transferida para a Ásia. América do Sul, África e Oceania continuaram "fora do jogo" das revoluções industriais.

Todas essas revoluções ou mudanças na produção industrial promoveram substancial aumento da produção, acompanhada pelo aumento do trabalho humano, caracterizado pelo aumento dos empregos. Tanto nos países desenvolvidos (ou centrais) como os menos desenvolvidos e periféricos. 

A 4ª Revolução Industrial vem acompanhada pela ameaça de redução do Trabalho Humano, com a substituição desse por máquinas acionadas pelas Tecnologias da Informação (TI). 

Essa substituição irá ocorrer na transformação industrial, como nas atividades primarias (agropecuária e mineração), como nas terciárias. Mas o impacto será diferenciado, tanto pela natureza das atividades, como das faixas de renda. 

Nas atividades de renda baixa, provavelmente não haverá vantagem econômica. Nas atividades especializadas de renda alta, a tendência será de mudanças de qualificação, com provável aumento de quantidades. 

O principal segmento de TH a ser afetado será o de renda média.

O processo já está em curso, podendo ser ampliado ou acelerado pelas novas tecnologias. 













Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...