Foi desenvolvida no mundo, aceita como senso comum, a visão de que o sistema produtivo mundial vem evoluindo segundo ondas ou "revoluções". E estariamos no limiar da 4ª Revolução Industrial.
As duas primeiras estão bem caracterizadas, a primeira com o início da industrialização, proporcionada pela energia produzida pelo vapor, e a segunda com a linha de montagem.
Já a terceira e quarta ainda não estão bem caracterizadas, a menos de incorporação da tecnologia da informação na produção industrial.
A principal marca da 3ª Revolução Industrial não é a tecnologia da informação, embora essa esteja associada à nova onda. O fato mais marcante que alterou a estrutura industrial mundial é a mudança da escala de produção das fábricas.
A China, em pouco tempo, tornou-se o maior produtor industrial do mundo, inundando o mercado com produtos tecnologicamente avançados e custos mais baixos. A grande diferença da produção industrial chinesa, com relação a de outros paises, incluindo as maiores e mais tradicionais, é a escala de produção. Esse é o grande diferencial em relação à fase anterior e que pode ser caracterizado como o divisor de águas entre as fases, ondas ou revoluções.
A China fez das megas escalas de produção numa só unidade fabril, o seu grande fator competitivo. Difundiu-se a idéia de que a China oferecia produtos mais baratos em função da sua mão-de-obra mais barata. Embora esse seja um fator importante, não foi o principal. A grande "revolução" foi a conjugação de escala, tecnologia e mão-de-obra.
Enquanto nos países democráticos prevalece a concepção de concorrência e livre mercado, com mecanismos e intervenção estatal para combater a excessiva concentração da produção em poucas mãos, evitar monopólios e minimizar a participação direta do Estado na produção, a Coreia do Sul, em primeiro lugar e a China na sequência, fizeram da concentração empresarial a sua grande força competitiva.
A China fez do capitalismo estatal, com mega empresas, a base para uma produção industrial em parceria com empresas privadas, nacionais e estrangeiras, dentro do modelo da mega produção.
Confrontando a estrutura industrial do Brasil, com o da China, verifica-se que em alguns setores, uma única unidade fabril chinesa produz mais que todo o conjunto de empresas brasileiras do mesmo setor.
Foi a mega escala que viabilizou a introdução de modernas tecnologias, dado o alto nível de investimentos em P&D e a necessidade de grandes escalas para absorver tais investimentos. Essa foi a associação feita pela indústria chinesa, patrocinada por um governo não democrático, centralista e planejadora.
Sem o impressionante aumento da escala de produção na unidade fabril, não teria ocorrida a ampla introdução das tecnologias digitais que foi vista como o marco da 3ª Revolução Industrial.
A 4ª Revolução Industrial busca a reversão desse processo de elevação da escala de produção, para usar as novas tecnologias para o retorno da produção diferenciada em pequena escala.
Busca o sentido oposto à massificação, criada na 2ª Revolução Industrial, com Adam Smith, Taylor e Ford, potencializada pela China na 3ª Revolução, para a produção individualizada, doméstica.
A grande marca da 4ª Revolução Industrial não será a internet das coisas, ou a automação industrial, mas a dita impressora 3 D.
Todo ciclo produtivo, desde a concepção até a obtenção do produto final poderá ser produzido em casa.
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