quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Locação Acessivel Residencial - LAR

O SECOVI lançou ontem, durante a sua Convenção 2016 uma proposta de locação social, o que ainda carrega o viés da democracia populista, baseada em renúncias fiscais e monetárias para viabilizar o acesso às famílias de baixa renda.

Mas no meio de várias cabeças brancas um jovem empreendedor, de cabelos inteiramente pretos, colocou a questão dentro das mudanças que estão ocorrendo no mundo e que fazem parte de novas visões e valores do mundo. Trazendo significativas mudanças de paradigmas. E que vão além da locação social.

Uma é o desapego dos jovens ao sentido de pertencimento. O importante não é ter, mas usufruir dos serviços propiciados pelos bens materiais.  É parte ou reflexo de um movimento universal com a Revolução dos Serviços superando as Revoluções Industriais.

Outra é a perspectiva de morar na sua casa a vida toda: só morar em duas casas: a dos pais e a sua. Isto hoje é exceção. A maioria das pessoas ao longo da vida muda vária vezes de moradia. Meus pais, enquanto morei com eles, estiveram em 4 casas e depois por mais duas. Além de ter passado algum tempo fora, morei em sete em São Paulo: 3 alugadas e 4 próprias.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O carro veio depois

Não foi o carro que inspirou o modelo da cidade funcional, com bairros e imóveis com uso especializado. Mas ao estabelecer as áreas com funções específicas ligadas por vias públicas abertas, gerou um grande mercado para o automóvel. A criatura engoliu o criador e a cidade funcional virou a cidade do carro. O que é fortemente contestada atualmente.

Uma alternativa é a urbanização orientada pelo transporte, com adensamento em torno de corredores de transporte coletivo. Um exemplo parcialmente bem sucedido é em Curitiba. E tem um caso mal sucedido, em Goiania. Ambos concebidos por Jorge Wilheim e desenvolvidos por Jayme Lerner.

A outra é a rede de centralidades, com vários planos, mas ainda com implantação incipiente.



A alternativa é o uso misto seja de bairros, como de quadras e de imóveis.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Por que a mídia não elege ninguém?

Por uma razão matemática: a mídia alcança e é (ou era) o principal meio de comunicação da opinião publicada. Como a opinião publicada é parte menor da opinião pública, sendo amplamente superada pela opinião não publicada é essa que define as eleições.

A grande mídia, por razões econômicas interage com o seu público, predominantemente de classe média urbana, por ser a grande força consumidora e alvo da propaganda das empresas.


E por essa interação cai na ilusão de que o seu mundo é todo o mundo. Na realidade é apenas uma parte menor do mundo, principalmente quando considerado o universo de eleitores. A maioria dos eleitores faz pare da opinião não publicada. E a ilusão leva à miopia.

O fenômeno Russomano é um caso típico de miopia. Que é visto e percebido pelas lentes e vontades da opinião publicada e não pelos fatos reais.


domingo, 28 de agosto de 2016

Morar perto do trabalho ou trabalhar perto de casa

Oitenta anos depois que os arquitetos que se acham dono do urbanismo,decidiram que a forma de vivermos em cidade seria com a separação das funções urbanas, estamos mudando.
O mercado ocupou as cidades com uso misto do solo. No Brasil, como legado das concepções ibéricas,os comerciantes abriam as lojas de frente para a rua e moravam no andar superior ou até no porão. Moravam e trbalhavam no mesmo imóvel.
Os arquitetos-urbanistas se revoltaram contra esse modo de vida e, através da captura do Estado, utilizando o poder de Estado, impuseram um outro modelo: a cidade tinha que ser dividida em bairros especializados: um para a residência, outro para a indústria e um terceiro para comércio e serviços. E cada terreno só podia ser ocupado para uma função urbana. O imóvel de uso misto era condenado, como até penalizado por contrariar a legislação urbanística imposta pelos urbanistas. Com a complacência e adesão das autoridades políticas.
A teoria da conspiração dirá que esse modelo foi inspirado por Henry Ford para viabilizar o mercado de automóveis. 
Por este ângulo, o modelo foi mais do que bem sucedido. Do ponto de vista da melhoria das condições de vida urbana, um rotundo fracasso.
Com o colapso da mobilidade urbana a doutrina da Carta de Atenas (1933) está substituida pelo modelo preferido pelo mercado: bairros mistos e uso misto do terreno. Ainda com grandes resistências, por parte de uma elite que não quer perder os privilégios das Zonas Estritamente Residenciais. Já não são mais bairros, mas guetos. Que o waze está comprometendo.

Com a separação das funções urbanas e o carro para a movimentação entre um e outro, a cidade requeria duas vagas por carro: um para a origem e outro para o destino.

Com os usos mistos e a tendência de aproximar o local de moradia com o do trabalho, será necessário apenas uma vaga. Que terá dupla função: servirá tanto para o origem, como para destino. 
Os deslocamentos serão feitos a pé. No caso de imóveis mistos, as pessoas poderão estar trabalhando e morando no mesmo prédio. Com as novas tecnologias as pessoas poderão morar e trabalhar no mesmo imóvel: ou seja, trabalhar em casa.
Para o setor de estacionamento, essa mudança, com tendência de se tornar dominante, irá determinar novos modelos de negócios.
De uma parte, a demanda por vagas - e respectivo espaço - será menor. 
Fundindo a função das vagas (origem e destino)onde ficarão as vagas em condomínios mistos? Junto aos edifícios residenciais? Junto aos edifícios de escritório ou comerciais? ou em imóveis específicos? No caso de São Paulo, esses edifícios garagens poderão se beneficiar dos incentivos estabelecidos na Lei de Zoneamento?
Como serão operados esses estacionamentos? No modelo self-parking ou com manobristas?

OS ESTACIONAMENTOS NOS IMÓVEIS DE USO MISTO

Os estacionamentos em imóveis mistos precisam conciliar as condições de segurança, comodidade e compartilhamento.

A solução mais simples é o estacionamento compartilhado, ou seja, aberto para uso público, com pagamento pelo uso. Os condôminos arcariam com um custo fixo, independentemente da utilização. Ou seja, pela disponibilidade da vaga. 

Essa solução de livre acesso ao estacionamento envolve riscos à segurança e que envolve a necessidade de um conjunto de procedimentos, para o acesso de terceiros. 

A primeira é a limitação de horário, para o acesso da garagem a terceiros, não condôminos. 

Não pode ser um sistema self-service, com os automóveis entregues a manobristas, e identificação do motorista e dos eventuais passageiros, para ter acesso aos andares superiores (seja por elevador ou escada). 

Outra alternativa é que o estacionamento não dê acesso diretos às unidades, sejam residenciais ou não residenciais. Entrada e saída do motorista seriam pela via pública. 

Poderia ser estabelecido acesso por elevadores e escadas por acesso exclusivo ao térreo, onde seriam feitos os procedimentos de segurança.

Essas soluções requerem soluções de projeto e de construção, que podem encarecer o custo do imóvel. 

São soluções economicamente inviáveis para pequenos imóveis, com poucas unidades. O padrão mínimo, em São Paulo, seria de 48 unidades, sendo 4 por andar e 12 andares. A maior parte dos imoveis verticais em São Paulo está nesse nível ou abaixo desse. O número de vagas seria equivalente.

Não seriam interessante para um prestador de serviços terceirizado. Para este não basta a escala mínima de vagas. O que importa é a rotatividade. Nas circunstâncias atuais a rotatividade seria elevada, com um alto volume de disponibilidade de vagas durante o horário comercial expandido. 

Porém com as mudanças propostas de aproximar a moradia do trabalho, a rotatividade pode diminuir, com mais pessoas deixando o seu carro parado na garagem e indo ao trabalho a pé, de bicicleta ou com uso do transporte coletivo.

Por outro lado, para os condôminos também poderia não ser interessante. O eventual ganho com a exploração das vagas não seria compensada com os custos adicionais com a segurança.

A disponibilidade de vagas e sua operação não são condições essenciais para a decisão do incorporador, assim como para o candidato à compra dos imóveis, mas terão forte influência sobre o futuro da mobilidade urbana. 

 

 

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Exportar para empregar (12) - CPD Toyota

A "latinização" ou a "continentalização" das multinacionais faz parte de uma resposta às contestações à globalização, movimento crescente no mundo. Na dimensão industrial é uma estratégia defensiva de manter os mercados contra uma futura "invasão chinesa."

Mais importante que as instalações físicas é o projeto "Five Continents Drive" que já assume a dimensão continental.

Para completar a data festiva, a Toyota também apresentou o projeto "5 Continents Drive", que levará engenheiros da marca para rodar de Corolla, Prius, Etios, Hilux e SW4 por mais de 20 mil quilômetros em toda a América Latina (5 mil só no Brasil) e conhecer na prática as mais diversas e adversas condições de rodovias e pavimentações -- a ideia é nova por aqui, mas já passou por Austrália e América do Norte, entre 2014 e 2015.

"O anúncio reforça o compromisso da Toyota com Brasil e América Latina. O centro de pesquisa também nos permitirá realizar mudanças mais rápidas em direção à nossa missão de desenvolver carros cada vez melhores", completa Steve St. Angelo, CEO da Toyota para América Latina e Caribe e Chairman da Toyota Brasil.


Ou seja, os ajustes nos carros não decorrerão apenas dos das pesquisas e testes em laboratório, mas do conhecimento real do desempenho dos carros em terras latino-americanas.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Reforma política efetiva

A sociedade pressiona o Congresso pela Reforma Política, mas como não há consenso dentro dela, o passo inicial não é o confronto de propostas específicas de alterações regulatórias, sejam constitucionais ou por leis, mas o consenso máximo sobre os objetivos a serem buscados com a reforma. E esses objetivos servirão também de base para a avaliação da eficácia e efetividade da reforma.

A nossa proposta de objetivos da reforma é a seguinte:
  • evitar ou mitigar a influência do poder econômico, na vontade popular;
  • conter o populismo e o clientelismo;
  • assegurar a representatividade popular;
  • assegurar a governabilidade;
  • evitar a corrupção.
Ainda em 2015 foi aprovada uma mini-reforma política, complementada por decisão do STF, com os seguintes pontos principais:
  • proibição de doações empresariais aos partidos e candidatos;
  • limitação de gastos com as campanhas, com tetos definidos por descontos em relação aos gastos da campanha anterior. No caso das eleições municipais de 2016, os gastos em 2012.
  • redução do período de campanha, de 90 para 45 dias;
  • redução do período da propaganda gratuita para os partidos pelo rádio e televisão para 35 dias;
  • proibição de efeitos cinematográficos e especiais na propaganda gratuita;
  • participação nos debates apenas dos candidatos de partidos com pelo menos 9 deputados federais.
Embora restrita às eleições municipais que tem uma grande diferença em relação à eleição federal, será um experimento, para avaliar a eficácia e efetividade da mini-reforma política. A diferença estrutural é que nas eleições municipais, como nas estaduais, o Executivo e o Legislativo são eleitos pelo mesmo colégio eleitoral, sem ponderações. Ou seja, cada eleitor vale um voto para a eleição

A eficácia deverá ser medida pelo cumprimento das novas regras e a efetividade pelo alcance dos objetivos, em termos de composição e comportamento efetivo dos eleitos.

A efetividade será pelo perfil dos eleitos, tanto para Prefeito, como para vereadores. Quantos serão os eleitos em função de gastos milionários com as campanhas? O Poder Econômico terá influência efetiva na composição dos novos poderes municipais?




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Vocação natural ou construída? Um falso dilema

O dilema do título  emergiu de uma falsa argumentação, ainda vigente sobre a diferença de valor por quilo de um produto agrícola e de um produto industrial: o valor obtido por um quilo de soja é muito inferior ao de qualquer produto industrial. Dai se inferir que o país deveria se dedicar mais à industrialização do que à agricultura.

Existem dois equívocos em relação à essa visão: o primeiro que o fator mais importante não é o faturamento. Mas o lucro.

Essa visão vale também para a macroeconomia. O indicador não é a soma de todos os faturamentos, mas a soma dos valores adicionados. O PIB é a soma de todos os valores adicionados.

A vocação natural é dada pela natureza. Como o homem aproveita essa vocação já seria uma vocação construída. Mas nos atendo às condições naturais a sua exploração transforma o ativo natural em capital monetário. A questão do desenvolvimento econômico está em como esse capital monetário é acumulado e aplicado.

Uma primeira aplicação da renda gerada pela exploração do ativo natural e na própria atividade. O volume de renda gerada depende da aplicação de tecnologias e da escala de mercado, que se reflete na escala de produção.

Enquanto a agricultura se baseava em tecnologias elementares e voltada para a subsistência ou consumo local, era e continua pobre. Ela se enriquece pela escala de mercado. Se enriquece quando amplia o seu mercado para o mundo e aumenta a produção. E quando evolui com a tecnologia, aumentando a produtividade na produção e essa própria, reduzindo as perdas, com os defensivos.

O desenvolvimento macro depende de como o excedente econômico é aplicado além do reinvestimento na própria atividade.

São Paulo se desenvolveu (e "puxou" o desenvolvimento nacional) pela aplicação desse excedente na sua industrialização. Não era a vocação natural do Estado, mas ela foi construída e desenvolvida.

A disputa que começou nos anos quarenta, na realidade,  não foi sobre as vocações, influenciada pelas teorias econômicas de então. Foi uma disputa pela destinação dos excedentes gerados pela atividade agrícola, no caso do café.

O ciclo atual não tem as mesmas características do anterior.
Os volume e valores são imensamente maiores. E as possibilidades de aplicação também.

Como essa aplicação não se dará em vocações naturais, as vocações construídas serão objeto de escolha.

Não deverá ser uma escolha estatal. Ficam dois caminhos para o setor privado: escolher por decisões individuais, cada qual com a sua visão particular de oportunidades e buscando o seu interesse, ou buscar caminhos mais coletivos, mais compartilhados.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Competitividade e lucratividade nas commodities

No mercado das commodities ter menor custo não gera - de imediato - maior competitividade. Mas lucratividade.

O fato de ter menor custo não leva o produtor a vender mais barato para ganhar mercado. As cotações seguem um movimento global, sendo definido em bolsa de mercadorias. As vendas são definidas em torno dessas cotações e não por preço definido pelo produtor ou pelo comprador.

Se o produtor tem maior lucratividade, em função dos seus custos menores diante das corações vigentes aumente o plantio e isso pode levar à depreciação das cotações futuras que podem se efetivar quando essas se tornam presentes. A menos de fatores climáticos, como ocorreu com a safra brasileira 2015/16.

Quando as cotações caem, os de maior custo, com a perda de lucratividade reduzem o plantio ou até saem do mercado. E os com custos menores permanecem e dominam o mercado no ciclo seguinte. Essa é a perspectiva da soja brasileira. Essa é a condição que vai levar o Brasil a ser o maior supridor mundial de grãos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Vontade política

O Brasil é um país democrático, com os Poderes Executivo e Legislativo eleitos diretamente pelo povo, com divisão de atribuições e de poder.

O exercício do poder é compartilhado e a "vontade política" tem que ser acordada.


Significa que um partido para impor a sua vontade política, precisa eleger o Executivo e a maioria do Legislativo.Ou assumir o poder por um golpe de Estado, com força militar.

Vontade política é necessária, mas não pode ser unilateral, não pode ser ditatorial. E para que se torne efetiva precisa negociar com as forças propulsoras e com as forças repressoras. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Os legados dos grandes eventos

O Brasil batalhou e conseguiu sediar os dois maiores eventos esportivos mundiais: a Copa da FIFA, em 2014 e as Olimpiadas em 2016.
Investiu, realizou com sucesso os eventos, mas que resultados efetivos obteve? E que legados deixaram ou vão deixar?


A torcida brasileira é o oposto do espírito olímpico: "o importante não é vencer, é competir". O público não vai para acompanhar as competições. Vai para  torcer. Aplaudir e vaiar. Animar os nossos e vaiar os adversários. Isso vai tirar a atenção deles? Esse é o propósito mesmo. Não é civilizado? Com que parâmetros? 

Além da eterna beleza da paisagem carioca, a imagem da violência urbana que ficou em xeque, o mundo ficou sabendo que o espectador brasileiro é extremamente ativo, diferente de outros povos. O que é falso.
Mas para o mundo as Olimpiadas do Rio de Janeiro ficarão marcadas por uma diferença em relação a todas as anteriores:  o público é protagonista. O Brasil vaia. 


Serão marcadas como as Olimpiadas da vaia. O que não aconteceu antes e não vai se repetir nas próximas edições.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Mundo do Trabalho Esquizofrênico

Nem tem chinês demais, nem a falta de competitividade da indústria brasileira é porque tem encargos sociais muito alto. Nem mexicano que só quer trabalhar em fábrica. 

A única verdade no mundo do trabalho é que todo mundo quer emprego para ganhar bem. Se os salários não são bons, ele vai "se virar". E isso estaria gerando uma nova classe social: o precariado.

 

Enquanto no Brasil faltam vagas na indústria automobilística, com um crescente número de desempregados, sobram vagas no México. 

 
E, contrariando o senso comum, numa China com uma população de quase 2 bilhões de pessoas e 800 milhões de empregados está faltando chinês para trabalhar nas suas fábricas. Estão sendo substituídos por robôs alemães.

 

Aparentemente, o problema principal não é falta de gente. É falta de salários.

A Alemanha é quem paga mais pelo trabalho ( US$ 26,25 por hora) seguida pelos EUA (U$  23,83). A Coreia do Sul, ingressante no mercado com salários baixos, hoje já paga, em média, US$ 12,99 por hora. Mais que o dobro do Brasil, que aparece nessa estatística com US$ 6,17.

A China paga menos que o Brasil, mas só um pouco menos (US$ 5,19) e a outra notícia dá conta que os salários continuam aumentando. Sendo essa a razão principal da suposta carência de mão-de-obra. Os trabalhadores querem ganhar mais e algumas empresas preferem colocar robôs do que aumentar os salários. A disputa entre o homem e a máquina não é tecnológica, nem de produtividade. É de custos. Esse é o jogo. Elementar, meu caro.

O problema do México é esse ai.  O custo médio seria de US$ 3,29 por hora, quase a metade do Brasil.  Tem mexicano preferindo ser flanelinha do que ser metalúrgico. Não faltam trabalhadores. Falta salário.

 

 

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Empregabilidade para a economia 4.0

Na retomada do crescimento  da economia o mercado de trabalho não será mais o mesmo da crise.

A crise está depurando empresas e atividades. E com isso empregos. 

Empresas que fecharam não serão reabertas. Lojas que fecharam serão substituídas por outras. 

Muitos trabalhadores demitidos na crise não encontrarão o mesmo cargo ou função. 

Por outro lado,  novas profissões estão emergindo, requerendo ampla reciclagem dos trabalhadores para se adaptar ao novo mercado. 

Não apenas nos cargos de alta tecnologia ou de alto nível. Mas também nas funções básicas. 

O envelhecimento da população e o aumento relativo de inativos em relação aos ativos é visto predominantemente pela lente do déficit fiscal.

Pode ser vista do lado da demanda que essa população gerará de oportunidade de negócios e de trabalho. 

A Economia 4.0 não será apenas de tecnologia. Mas de uma conformação da sociedade diferente. 

O domínio não será dos nerds, mas dos idosos utilizando a internet, o smartphone e até caçando pokemons. Não por outro motivo bancos estão se orientando para esse mercado.

 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

As definições que marcaram o rumo do Brasil

No artigo, sob o mesmo título, acessível por um toque na coluna artigos, à direita, discorro - mais extensamente - sobre os processos e decisões que trouxeram o Brasil à estrutura atual, ora em crise.

O Brasil se recusou a ingressar mais ampla e profundamente na globalização, principalmente se recusando o papel de "barriga de aluguel", caracterizado tecnicamente como "plataforma de exportação". 

A China aceitou, assim como outros paises asiáticos e já se tornaram os principais supridores de diversos produtos industriais de consumo. Provocando desemprego nos antigos países industrializados. 

As consequências políticas atuais são o crescente movimento antiglobalização, o Brexit e a ameaça Trump. 

O Brasil ainda é pouco afetado, com a sua crise mais afetada por questões internas do que pelo cenário internacional. 

Porém esse indica que os caminhos futuros da economia brasileira não estarão a maior inserção de sua indústria de 2ª geração nas cadeias globais de valor, nas cadeias produtivas globais ou nas cadeias globais de suprimento.

Qualquer que seja a denominação, o Brasil perdeu as oportunidades na fase ascendente do ciclo. É uma ilusão achar que - agora que o modelo está contestado - será o caminho para o Brasil. 

Os diagnósticos estão corretos, mas as prescrições não. O que se perdeu antes é irrecuperável. Entrar atrasado não é alternativa. 

domingo, 14 de agosto de 2016

Esgotamento centralizado, descentralizado e distribuido

Os sistemas elétricos estão caminhando do predomínio absoluto do modelo centralizado para os modelos descentralizados e distribuídos.

O mesmo deverá ocorrer com os sistemas de água e de esgotamento sanitário, não obstante as resistências das companhias estaduais de saneamento. Que querem manter o monopólio da prestação desses serviços nos municípios onde detém a concessão.

Será uma luta contra as tendências mundiais e do mercado, diante do enfraquecimento da capacidade de investimento do setor púlico.

Dentro do modelo centralizado  e público a universalização do saneamento básico se  prolongará indefinidamente gerando questionamentos da sociedade com relação à sua persistência.

Quanto mais cedo a sociedade fizer esse questionamento, mais rapidamente os esforços em pesquisa & desenvolvimento serão desenvolvidos para viabilizar técnica, econômica e ambientalmente as soluções. Como ocorreu com o setor de energia. 

Mas quebrar paradigmas, vencer interesses consolidados não será fácil.  

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Políticas de Governo, de Estado e Públicas

Não existe poder de Estado diferente do poder de Governo para formular políticas de Estado. A não ser excepcionalmente quando formada a Assembléia Nacional Constituinte.

O que se entende como política de Estado, distinta de política de governo é a que vai além de um governo. Que não se limita, no tempo, ao mandato do Governante que a formula ou estabelece. Como intenção.

Nem sempre é politica de Estado, mas a pretensão de continuidade da política de governo. 

O governo subsequente pode manter ou não. Não importa se foi chamado de política de Estado. O rótulo nada garante.

A outra confusão é que política pública é política formulada ou estabelecida pelo Governo, mesmo que seja para ser cumprida pelos agentes privados.

Política pública é política de interesse público. E pode ser formulada, estabelecida e praticada pelo setor privado, independentemente de ser transformada em política governamental.



quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sinais de retomada da economia

O maior sinal de retomada da economia será dado por um fato corriqueiro da vida das pessoas: o preço do pãozinho.

O pãozinho é produzido com o trigo que é quase que totalmente importado. Teve uma elevação dos preços em dólar, acrescido no mercado interno com o dólar chegando a R$ 4,00. E teve ainda a redução dos subsídios.

Agora com a queda do dólar, os preços finais podem ficar menores. Mas a baixa é retardada pelas estratégias de precificação dos comerciantes e demais integrantes da cadeia produtiva.

Quando o dólar sobre, o comerciante antecipa o aumento de preços porque vai ter que repor o estoque a preços maiores. E lucra um pouco mais com a venda do estoque comprado a preços menores. Quando o dólar cai ele retarda a redução para desovar o estoque comprado a preços maiores. 

A. redução não vai ocorrer por interferência governamental. Pela dinâmica do próprio mercado e comportamento do consumidor. Se ele for buscar a compra na padaria onde estiver mais barato,o concorrente também irá baixar para não perder o cliente. Ou adotar estratégias inovadoras.

O pãozinho mais barato poderá ser o atrativo para atrair a clientela para a compra da mortadela.

Uma das fontes para orientação do consumidor serão os sindicatos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Jogo do contente?

Por que o mercado de trabalho está fraquejando?  Por que a cada mês aumenta o volume de desocupados?

Por um fato real muito simples: as pessoas estão comprando menos.

Quando o consumidor compra menos, o comércio vende menos. Demite empregados e reduz as encomendas da indústria. A indústria com menos encomenda demite trabalhadores e compra menos dos seus fornecedores. Esses também demitem. Como os trabalhadores são também os consumidores, compram menos e retomam o círculo vicioso:

Menos compra, menos emprego. Menos emprego, menos compras.


Como reverter o processo? 

Simples. Muito simples como colocar o guizo no pescoço do gato: Com as pessoas comprando mais. 

Como comprar mais se as pessoas estão desempregadas e sem renda?


A visão pessimista é que a garrafa não está cheia. 11,2% dos trabalhadores estão desocupados. 

Mas a visão "do contente" é que garrafa está quase cheia. 89% ainda estão ocupados. Ainda tem renda, embora menor, exceto alguns privilegiados que conseguem reajustes até acima da inflação. Ainda tem 174 bilhões de reais de massa salarial. 

A salvação dos 11% está no comportamento dos 89. Os 89 podem alavancar o consumo para passar para 90, 91 e chegar menos até aos 94, como ocorreu em 2013. É um jogo dobrado: cada 1 ponto de emprego significa menos 1 ponto no desemprego.

Mas os 89 estão contendo compras. Se eles compram mais reanimam a economia. Mas como estão com medo do futuro, compram menos, se endividam menos. 

E a profecia se auto-realiza. Como acham que o futuro vai ser pior, o futuro se efetiva pior. E os 89 viram 88, 87, ladeira abaixo.

A economia brasileira só vai reanimar quando as pessoas passarem a consumir mais. 

Mas como?



terça-feira, 9 de agosto de 2016

Que Revolução Industrial?

Em que estágio das Revoluções Industriais estamos?


A industrialização brasileira ocorreu na etapa da 2ª Revolução Industrial marcada pela produção em massa através da linha de produção fordista. 
Pouco evoluiu com a Indústria 2.5, pouco considerada porque apesar de ter provocado grandes alterações no processo industrial, foi de pequena duração, logo "atropelada" pela 3ª Revolução Industrial.
A Indústria 2.5 foi marcada pelo toyotismo, pela introdução da qualidade e grandes ganhos de produtividade, a partir da organização da produção e do fator humano.
Mas a difusão da eletrônica e da tecnologia da informação, aplicadas ao processo industrial, trouxe ganhos que permitiram dar saltos deixando os programas de qualidade e produtividade com base no fator humano superados pela automação industrial.
Ainda não está claro se as inovações correspondem efetivamente a uma nova revolução, ou se será apenas um avanço gradual na indústria.

A mudança maior está no valor dos produtos e das atividades e custos incorporados. O maior custo não é mais dos insumos e da transformação industrial. É dos serviços que utilizam os produtos físicos como continente ou como ferramenta. 


A 4ª Revolução Industrial não será industrial. Será a Grande Revolução dos Serviços.

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...