segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ocaso de uma etapa mágica

A prisão de João Santana completa uma conjugação de fatores que leva ao desmonte de um modelo em que o projeto de poder se sobrepôs a projeto de país.

O importante não era apenas agradar parte do eleitorado. Era preciso evitar desagradar para não perder votos. O marketing político elevou ao máximo a covardia política. Acuados os candidatos e políticos omitiam ou negavam as suas convicções. Depois de eleitos não faziam o que o marketing político "mandou dizer".

Como serão as novas campanhas políticas com o fim de era "Duda Mendonça/ João Santana"? 

Voltaremos ao  antigo modelo da "propaganda política"? O marketing político renascerá "transgênicamente modificado"?  Ou emergirá um novo modelo?

O importante é que as campanhas sejam feita em torno de diferentes visões e convicções, submetidas aos eleitorado para a escolha desse. É preciso superar as estratégias de esconder o que efetivamente o candidato ou o partido pensam ou propõe, para não desagradar parte do eleitorado. 

O que deve estar em jogo são alternativas de projetos de País, de Estado ou de Município. Não apenas um projeto de poder. 
 



 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Uma disputa democrática com vencedores e perdedores

A regulação do zoneamento de uso e ocupação do solo da cidade de São Paulo foi aprovada pela Câmara dos Vereadores com participação da sociedade, envolvendo contendas democráticas abertas, resultando em vencedores e perdedores.

Os vencedores que preservaram os seus privilégios ou garantiram seus interesses comemoraram discretamente. Os perdedores se manifestaram mais amplamente, reclamando das "cotoveladas", dos acertos "debaixo do pano" das pedaladas do relator e de outras jogadas, inconformados pelos resultados.

Os diversos grupos de ativistas não conseguiram reunir adeptos suficientes para enfrentar o poder econômico do setor imobiliário. E ai reclamam da falta de participação popular. Significa que: a sua torcida não se mobilizou suficientemente. A torcida organizada é aguerrida e barulhenta, mas não consegue levar os demais para permanecerem pressionando ao longo de todo o jogo.

Em geral, as camadas de menor renda são mais presentes no acompanhamento e na pressão sobre o processo. Nesse a contenda maior foi da elite, dividida entre os querem manter rigorosamente a exclusividade do uso residencial nos seus bairros e os proprietários dos imóveis lindeiros a vias desses mesmos bairros que se tornaram vias de trânsito intenso. Estes últimos ganharam, no atacado, com a regulação das ZCORs (Zonas Corredores), ou seja, dos corredores de uso misto, dentro das ZERs (zonas extritamente residenciais) A disputa foi em relação a sua aplicação, caso a caso. 

O processo deixou claro que não existe a cidade  que nos (o conjunto todo dos paulistanos) queremos. Existe a cidade que eu -  ou nos (grupos específicos) - quero. E essa visão pode se contrapor a de outros. 

Para que as escolhas tenham ampla legitimidade precisam ser levadas ao processo eleitoral, envolvendo os candidatos a Prefeito, seus partidos ou base aliada. É preciso que as opções da "cidade que queremos" sejam explicitadas pelos candidatos e oferecidas à decisão dos eleitores.


 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Serviços "tradables" e "nontradables"


"Tradables" são produtos comercializados mundialmente, sem fronteiras, de tal forma que os produtos locais enfrentam a concorrência dos produtos de fora.
"Non tradables" são produtos vinculados a um local, como a construção de uma casa, de uma usina hidroelétrica ou um serviço de transporte urbano de passageiros. Os serviços às pessoas ou às famílias tem que ser prestados onde os clientes estão, não estando sujeitos à concorrência externa.

Mas a tecnologia da informação vem mudando essa conceituação. Um serviço pode ser prestado, mesmo distante do usuário. 

Outra mudança substancial está na visão concorrencial a partir dos gastos alternativos do consumidor ou usuário final. Isso fica evidente na avaliação da concorrência dos serviços turísticos. A concorrência não é entre um hotel e outro, mas de um polo receptor de turistas e outro, sendo que podem estar dentro do mesmo país ou em países diferentes. 

Um turista brasileiro ao se hospedar num hotel estrangeiro está importando serviços. Ao contrário um turista estrangeiro se hospedar num hotel brasileiro, corresponde a uma exportação por parte desse. É um comércio externo de serviços, envolvendo bens materiais fixos (o imóvel do hotel), mas que não passa pelas alfândegas.

A atividade de turismo não compreende apenas os serviços prestados aos turistas no Brasil, mas os gastos dos turistas brasileiros no exterior e, nessa perspectiva, aquela é altamente deficitária, influindo negativamente na formação do PIB.


 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Os suspeitos de sempre


O Brasil não é mais dependente das commodities.


Com uma participação relativamente pequena na formação do PIB, a variação das cotações internacionais tem uma influência efetiva pequena sobre a evolução econômica, seja favorável, como desfavorável.

Nos momentos favoráveis, com os preços elevados, as commodities foram responsáveis pela "doença holandesa" que introduziu um vírus que enfraqueceu a indústria brasileira de tal forma que mesmo com a mudança do mercado internacional, ela não consegue se recuperar.

A exportação das commodities gerou  superavits cambiais e permitiu uma ampla substituição da produção nacional por importações. 

A indústria brasileira não tem competitividade em produtos de alta tecnologia e onde a escala de produção é o principal fator de competitividade. 

A responsabilidade pela crise econômica atual não é da commodities.

A maior responsabilidade está na opção brasileira de manter a sua indústria voltada para dentro, com escalas que eram grandes quando das instalações e se tornaram médias ou pequenas com a evolução mundial.

E essa opção foi agravada pelo "assalto" aos mega empreendimentos da cadeia produtiva do petróleo & gás, inviabilizando a principal alavanca do crescimento econômico.

Os culpados não são os suspeitos de sempre, embora a mídia, difunda essa falsa impressão. 



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Estrutura setorial da economia brasileira

Uma análise mais desagregada das contas nacionais, com base em dados mais detalhados, referente ao ano de 2013, tem-se que os serviços, envolvendo os prestados para as famílias, para as empresas e administração pública representam 40% da demanda interna. As commodities, incluindo os agrícolas, extração mineral e semi-manufaturados de 20,4%, a indústria de transformação, 26,8% e a construção, 6,9%, considerados apenas os setores de maior participação.

A relação da economia brasileira com o exterior é baixa. As exportações equivalem a apenas 6% da demanda interna e as importações representam 7% desse mesmo indicador.

Diante dessa estrutura a questão básica é com que pilares deve se sustentar um Brasil economicamente forte?   

Identificamos 3 rumos básicos:

  1. Ampliar as exportações de commodities de forma a gerar divisas para a importação de bens industrializados e promover o crescimento com base na agregação dos valores pelo comércio, serviços e tributos sobre esses bens.
  2. Garantir o suprimento da demanda nacional com a produção industrial interna, complementando-a com importações, financiadas por exportações de produtos industrializados. Inserir mais amplamente a indústria nas cadeias produtivas globais.
  3. Desenvolver a economia brasileira com base nos serviços de tecnologia 

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...