sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O diagnóstico está certo? E o remédio?

O doente está acamado com muitas dores. O médico anuncia um megapacote de remédios. Nem os tem, mas serve para iludir os parentes. Não garante a alta, a recuperação, mas apenas "evitar que piore" e reduza as dores.
Dos tais R$ 83 bilhões, uma grande parte ainda depende de aprovação do Congresso ou de maiores estudos. O que importa é o impacto da notícia. O jogo é de alta prestidigitação. 
A parte menor voltada ao restabelecimento do crédito ao agronegócio e às exportações, inclusive de máquinas e equipamentos poderá ter o efeito analgésico.
A aposta é no restabelecimento de um mínimo de confiança, para a retomada do consumo das famílias e da produção. 
O chamado "mercado" contesta o diagnóstico. Para ele, o problema é a desestruturação macroeconômica. 
O problema maior está na falta de confiabilidade do Governo. 
E o risco são os efeitos perversos. Ou sejam, os efeitos indesejáveis, como consequência efetiva das medidas. O maior dessas é o descontrole inflacionário.  

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Os serviços de educação privada no PIB

A contribuição da educação para a economia não se resume à formação e capacitação das pessoas, à melhoria da produtividade e desenvolvimento da inovação.
Como atividade econômica, tem uma significativa participação na formação do PIB, muito superior a outros setores mais em evidência na mídia, como a indústria automobilística.
Segundo os dados anuais mais desagregados e consolidados (2011) a fabricação de automóveis, caminhões e outros veículos representava, 1,15% do PIB e 0,20% dos empregos.
Os serviços educacionais, no mesmo período, somavam 4,83% do PIB e 6% dos empregos. Seis milhões de trabalhadores estavam ocupados em serviços educacionais.
Só a educação privada equivalia à montagem de veículos automotores, com um emprego muito superior: 2,12 % contra os 0,20% do primeiro.
Por que priorizar incentivos à indústria automobilística e não aos serviços educacionais, cujo impacto a curto prazo é muito superior e tem maior importância a longo prazo. Mas neste há que se considerar melhor a dimensão qualitativa.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Serviços com produtos e serviços puros

Há serviços que são agregados a bens fisicos, ampliando o seu consumo. Podem estar no atendimento, como na imagem.
Há serviços puros, que se baseiam no trabalho humano gerando conhecimentos. Não dependem de bens físicos, a não ser complementarmente como instrumentos de trabalho.
O seu valor é determinado pela sua utilidade. 
Logo se pensa em google, apple, microsoft, mas o espectro de serviços é muito mais amplo, incluindo serviços de menor renda, com os do jardineiro, da cuidadora de idosos, serviço doméstico e outros.
Quais são as contribuições das atividades de serviços para a formação do PIB? 
Existem casos que decorrem de distorções no funcionamento da economia, gerando valores para determinados serviços, mas custos prejudiciais para outros, determinando perda de competitividade das empresas e produtos, resultando em perdas globais. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Geração de produto pelos fatores de produção

A visão da geração de riqueza (ou produto, na linguagem técnica) ainda é condicionada pelos modelos economicos antigos baseados na transformação de bens naturais. 
O que leva à uma discussão sobre se a economia deve se basear em commodities que é uma denominação genérica de produtos naturais como baixo valor adicionado ou na indústria de transformação, que agregaria mais valor. É uma discussão que se refere a uma parte menor da riqueza gerada pela economia brasileira - como também nas economias mais desenvolvidas.
Cerca de 60% de toda riqueza produzida ocorre no setor terciário, isto é, em serviços e comércio.


Em termos aritméticos, se o setor de serviços crescer 10% num ano, o seu efeito no PIB será um crescimento da ordem de 5,6%. Com os mesmos 10% de crescimento na indústria, o resultado global seria da ordem de 1,2%.

Por que não promover o crescimento econômico através dos serviços, com base no fator de produção trabalho e não capital?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

As três paulicéias

Dentro de uma secular cidade partida, somente uma das três cidades tem o que comemorar. 
A cidade da riqueza que só se movimenta com o trabalho, aproveita para ir às praias, aos refúgios do interior ou não sair dos seus condomínios de alto padrão. Aproveita para descansar, não para comemorar.

A cidade da pobreza continua abandonada, como em todos os anos anteriores. Agora só cresceu com a crise e nada tem a comemorar.

Já a cidade da medianidade ou da classe média é a preferida do atual Prefeito (um discípulo de Aristóteles) tem muito a comemorar. É cada vez mais a dona dos espaços públicos privilegiados da cidade, está mais verde, com mais ciclovias e muitas atrações culturais. 
E atrai a pobreza que sai dos seus redutos onde mal vivem, para também desfrutar da festa da classe média. 
Só faltou ao Prefeito conceder a tarifa zero, pelo menos no dia do aniversário da cidade. 

sábado, 23 de janeiro de 2016

A decadência econômica e cultural da Av Paulista

A Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, criada como a principal via de um loteamento de alto padrão, foi sempre tomada pelo capital e tornou-se um grande símbolo do capitalismo brasileiro.
Sofreu transformações, mas sempre sob o predomínio do capitalismo.
Está sob forte ataque dos movimentos sociais anticapitalistas que a "ocupam" com as suas passeatas, muitas vezes acompanhadas pelos blackblocs que aproveitam para depredar as agências bancárias. Como símbolo de destruição do capitalismo. 

A atual gestão municipal, de esquerda, mas representando mais a classe média ideológica do que o povo, propriamente dito, também quer tomar a Avenida, combatendo outro grande símbolo da civilização capitalista ocidental: o automóvel.

Fecha a avenida para os veículos motorizados, inclusive os õnibus e a abre para a classe média e para alguns pobres, nos domingos.

A elite cultural havia eleita a Avenida Paulista e seu entorno, como o polo do cinema-arte. Para frequentá-lo nos fins de semana. 

Perdeu público e está suspendendo as sessões vespertinas dominicais. Somando-se às perdas pelos sucessivos bloqueios da Avenida, os cines-arte estão tendendo a fechar as portas ou mudar para outras localidades. 

Restará o MASP como o bastião cultural, mas também o seu vão como o marco das concentrações das manifestações populares.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

E agora?

O Banco Central, afinal, não aumentou a taxa nominal de juros, o que significa uma redução da taxa real. .

O que o mercado financeiro vai fazer é razoavelmente conhecido. A primeira reação é especular com o câmbio.  Esse aumento do dólar se reflete na inflação. O resto pouco influi.

O importante é saber como vai reagir a economia real? Como vão se comportar os consumidores finais, os produtores industriais e de serviços? O comércio é fator derivado.

Para os consumidores finais, a manutenção da SELIC pouco vai mudar. Eles vão continuar contendo as compras, mesmo os que ainda tem empregos e renda. Os desempregado vão conter mais ainda, e como vem aumentando o número deles o consumo global deverá continuar caindo.

A inflação que aparece nos modelos econométricos é resultado da variação dos preços dos produtos (bem e serviços) promovidos pelos agentes econômicos. Sejam os industriais, prestadores de serviços, como os intermediários, principalmente os comerciantes de varejo: que repassam os aumentos para o consumidor.

Porque os agentes econômicos vão aumentar os preços dos seus produtos se com isso vão vender menos? Para manter o nível de receitas?

Eles vão aumentar os preços porque são influenciados pelo mercado financeiro e seus porta-vozes que dizem a todos os demais incautos que a inflação vai aumentar porque os juros não aumentaram. É a profecia auto-realizada. 

Por que o modelo de política econômica do tripé macroeconômico, inventado pelo Consenso de Washington diz que a única receita para combater a inflação é o aumento dos juros. Funciona e  bem até um certo ponto. A partir dai não funciona. No Brasil esse ponto teria sido ultrapassado, por diversas circunstâncias. O pai do modelo, o FMI, percebeu e acha que não funciona na conjuntura atual.  E teria influenciado a decisão do Banco Central.

Não seria a mudança do modelo. Mas mudança dentro do modelo. 

O mercado financeiro, no entanto, assim não entendeu, não se conforma e continua, através dos seus porta-vozes prevendo uma inflação descontrolada. Só que o mercado financeiro não determina a inflação. Não é ele que precifica os produtos.Mas influencia a decisão dos demais agentes.

Quem promove a inflação é a economia real. Se essa seguir o que o mercado financeiro diz, haverá inflação. Vai continuar aumentando os preços. Mesmo contra os seus interesses. Na base do "Maria vai com as outras".
Se essa reagir por decisões próprias, a inflação será controlada como esperam os modelos. 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A quem atende a decisão do Banco Central?

O Banco Central decidiu manter a taxa nominal básica de juros, o que significa uma redução real da taxa. 
Perdem os rentistas, aplicadores em títulos do Governo. Por isso estão furiosos. 
O Governo ganha, de um lado, porque não aumenta mais ainda a sua dívida, com a acumulação de juros. Mas perde fonte de recursos, pelo menor interesse dos investidores e será obrigado a cortar mais despesas. 
Isso é o que indicou o FMI, alertando que a continuidade da política, por ela mesma defendida, agravaria a recessão e levaria a dívida pública brasileira a patamares perigosos.

O BC não dá ouvidos às pressões do PT, às reivindicações das centrais sindicais ou das opiniões dos economistas heterodoxos. Leva em conta as posições do Governo, mas ouve e considera o que diz o FMI. Que é o principal GPS dos investidores mundiais.

O fato é que o FMI, por coincidência ou não, apresentou as suas previsões e considerações sobre as perspectivas da economia mundial, incluindo o Brasil, na antevéspera da reunião do COPOM.

Diante desse o Presidente do Banco Central mandou um recado ao mercado: "os juros subiram no telhado".

Não deveria ter mandado?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Até quanto vai cair o preço do petróleo?

Os países desenvolvidos e a opinião publicada de países emergentes como o Brasil, influenciados por aqueles, decretam o breve fim da era do petróleo e a persistência da tendência baixista do valor do petróleo, já abaixo de 30 dólares o barril.
Desconsideram o fato de que o mundo não é só deles e em 2050 além da liderança da China terão que conviver com a presença da Índia, da Indonésia e eventualmente da Turquia, Nigéria ou o México tomando o lugar do Brasil, entre os "top ten". E não há nenhuma segurança de que os neo-emergentes se inserirão - plenamente - na economia de baixo carbono, como desejam muito das autoridades de países que poderão ser rebaixados do Grupo A. 
Os neo-emergentes querem fazer parte do modelo civilizatório atual, do qual foram excluidos. Não do novo modelo, no qual poderão continuar sendo excluidos.
Com a queda das cotações pode não haver drástica redução da produção, mesmo dos produtores e alto custo, porque a maior parte desse é a amortização dos investimentos já realizados anteriormente. O principal reflexo é a redução do chamado CAPEX (capital expenditure) o que afetará a capacidade de produção no futuro. E as cotações voltarão a subir.
É com isso que contam os líderes do mercado, acompanhados por todos os especuladores do mercado de petróleo. 
O jogo é conhecido, os resultados esperados, mas quem terá cacife para entrar e aguentar seguir no jogo?

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

pão, circo e ... carnaval

"Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão". Diz o ditado popular.
Então, os Governos para obter apoios das famílias despossuídas distribuem o pão, na forma de bolsas e acrescentam o circo. Assim, todo mundo se alimenta - ainda que minimamente - e se diverte.
No Brasil os políticos aproveitam o  Carnaval para propiciar o circo e ter retorno em votos.
Mas esse circo vem sendo embranquecido, elitizado e segregado. Nascido negro a mídia o transformou em "carnaval espetáculo" para participação também dos não negros. E cada vez mais globalizado e caro: transformado num grande negócio, voltado para os turistas.
Na Bahia o carnaval é de rua, com os foliões indo atrás dos trios elétricos. Mas há o que ficam dentro, tendo que pagar de R$ 300 ou mais para comprar os abadás. Quem não pode comprar só pode acompanhar a passagem dos trios elétricos, separados por cordas. São os "foliões pipoca".
Para democratizar o carnaval e propiciar a inclusão social o Governo do Estado resolveu contratar a grande estrela do carnaval, Ivete Sangalo, para um bloco sem cordas, sem segregação
A sua contratação, coadjuvada com o cantor Bell Marques, por um suposto valor de R$ 840.000,00 vem causando reação e polêmica dentro da população baiana. Predominantemente pobre e negra.
Num Estado com elevado nível de desemprego e miséria, com carência de serviços públicos básicos, principalmente da saúde pública, é adequado concentrar os recursos públicos para tão poucos, em nome da ampliação da participação do povo no circo?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Tarifa de ônibus x juros

O MPL irá apoiar e engrossar a manifestação das Centrais Sindicais, amanhã, 19 de janeiro, na Avenida Paulista, em frente ao Banco Central, para protestar contra o aumento dos juros? Ou usarão diversos argumentos para não ir. 
E os balckblocs, irão aproveitar para depredar as agências bancárias, o grande símbolo da opressão capitalista e os únicos que irão ganhar com o aumento de juros, nas circunstâncias atuais?
Mas se o aumento da tarifa de ônibus é facilmente percebivel e afeta diretamente o bolso dos trabalhadores não empregados, o aumento dos juros não é percebível tão facilmente.

Os desempregados irão à Avenida Paulista para pedir a volta dos seus empregos? Vão ligar uma coisa a outra?

Se a insatisfação da sociedade é geral, e ela deve ir às ruas para demonstrar a sua contrariedade, como o fez em junho de 2013. Em manifestações com seis e até sete dígitos de participantes. 
Se o MPL quer o apoio da sociedade, ele deveria engrossar o movimento das Centrais Sindicais. Mas não irá. Cheio de razões. Todas explicadas.
Mas o resultado efetivo é que não terá o apoio da sociedade para as suas manifestações, cada vez mais pontuais e com menor adesão. 
A pretensão de mobilizar a sociedade, como em 2013, a partir do aumento da tarifa dos ônibus, nunca mais. 


sábado, 16 de janeiro de 2016

Alternativas para o centro de João Pessoa

Três são os caminhos básicos que as Autoridades Municipais podem adotar em relação ao centro:

  1. dar continuidade ao processo de "modernização" da cidade ampliando a infraestrutura de serviços fora do centro, como ocorreu com a instalação da Estação Ciência no litoral, em área pouco ocupada, com o objetivo de desenvolvê-la, sem considerar que isso ajuda a esvaziar o centro. É, na prática, o caminho "anti-centro";
    1. buscar a preservação das funções tradicionais do centro, além de sede das funções públicas, ser o principal nó (hub) do transporte coletivo, priorizando a implantação dos terminais de transporte coletivo (locais e regionais),e  a melhoria das vias de acesso a esses. A preservação, manutenção e melhor utilização dos marcos da cidades, como o caso do antigo Hotel Globo, é outra ação prioritária;
    2. promover a revitalização do centro, dentro dos seguintes rumos principais:
      1. desenvolver atividades de lazer, em todos os campos: esportivo, passeio, cultural e artístico, implantando infraestrutura e promovendo eventos;
      2. promover o centro como ponto de encontro facilitando a instalação de bares, restaurantes, casas de shows e outros locais de reunião da população;
      3. revitalizar os imóveis mediante a sua restauração, pintura das fachadas e outras ações de caráter estética, criando incentivos para os proprietários;
      4. promover a moradia no centro, buscando duas categorias de moradores:
        1. trabalhadores em atividades de menor renda, com trabalho no centro, oferecendo vantagens de redução da movimentação;
        2. jovens de classe média que buscam novos padrões de vida, sem carro, moradias de menor espaço e menor custo, com o suprimento de facilidades por terceiros, dentro da própria área.
    Dentro do primeiro rumo uma das ações prioritárias está o projeto de revitalização do parque Solon de Lucena, o principal marco da cidade com a sua lagoa. O projeto prevê a eliminação do anel viário que circunda a lagoa e ampliação das áreas de lazer, esporte, diversão, arte e cultura. Baseia-se na visão de "renaturalização", buscando restabelecer condições naturais rompidas com obras viárias.

    Qual será o impacto da renaturalização do Parque Solon de Lucena sobre o seu entorno? Promoverá a valorização imobiliária e mudanças na ocupação e no uso do solo? Com isso provocará a gentrificação? Para onde irão os que forem desalojados em função dessa valorização? 

    O resultado será a modernização, com ampliação da desigualdade social?

    Será possível a modernização, sem prejudicar a população de menor (baixa e média) renda que ainda está instalada no centro?

    Ou o projeto não terá grandes repercussões, não conseguindo conter a tendência de esvaziamento e deterioração do centro?



    sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

    A estratégia oficial


    O MPL quer "parar a cidade" para forçar o Governo voltar atrás no aumento das passagens de ônibus e metrô.
    O Governo quer esvaziar as manifestações.
    Para parar a cidade o MPL precisa da adesão da sociedade. O Governo quer evitar essa adesão.
    Para conseguir a adesão da sociedade o MPL quer aparecer como vítima da repressão oficial, seja pelo impedimento do direito livre e constitucional de se manifestar, como pela violência da repressão policial, como analisamos no artigo de ontem.
    O MPL quer ampliar os transtornos dentro da cidade, como demonstração do apoio popular. Com maior disseminação espera obter maior adesão.
    O Governo quer limitar os transtornos a poucos lugares conhecidos para que as pessoas possam fugir desses.  
    A Polícia contém, mas  não evita que ocorram atos isolados de vandalismo. Para efeito da imagem perante a sociedade é que as manifestações estão infiltradas por vândalos violentos que chamam a reação da polícia. Permite a sua presença. E os seus atos de vandalismo. Devidamente registrados e só reprimido, depois disso. 
    foto de 2015

    É uma guerra de imagens e de versões. 

    Tendo como público alvo a sociedade. 


    Lula, meio livre

    Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...