segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Realidade e versão

A realidade não é mostrada como ela é. Os meios de comunicação sempre a mostram segundo uma versão  plausível. Versão mais aceita, versão que a maioria quer acreditar seja a verdadeira. 

A ruptura de uma barragem com bilhões de m3 de água, misturada com terra e rejeitos da mineração de ferro, destruiu inteiramente dois pequenos povoados, deixando mortos e desaparecidos. 
A torrente de água seguiu seu curso natural de destruição, assoreando os corpos d'água aos quais se juntou e derrubando terras às suas margens, desprotegidas, sem matas ciliar, formando uma camada lamaçenta que agora chegou ao mar. 
A versão que está nas manchetes é "lama de Mariana chega ao mar". 
Muito pouco da lama de Mariana conseguiu viajar tanto. A sua água sim. A lama de Mariana foi ficando pelo caminho, assoreando os rios.  
Essa água barrenta não "matou o Rio Doce", embora tenha causado grande destruição.
Em termos comparativos, o Rio Doce está na UTI (ou CTI), mas vai sobreviver. E ainda vai causar muitos estragos, por ação da natureza. 
As chuvas de verão vão remover parte da lama ora depositada e que chegará ao mar. Mais diluida, mas provavelmente em quantidades maiores do que agora. 
Sem a carga emotiva que cerca o desastre atual. 

A realidade é que não foi a lama de Mariana que chegou ao mar. Foi a lama de todo o Vale do Rio Doce, devastado pelo desmatamento, carregada pelas águas liberadas pela mina.

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