sexta-feira, 3 de abril de 2015

Cenário "pata manca": o mais provável

Temos nos dedicados nestes últimos dias à avaliação dos cenários Dilma II (como os caracterizaram alguns leitores), considerando três cenários básicos:

  • "pato manco";
  • Dilma fora;
  • virada.
O da virada é o menos provável, pois além de empatar o jogo, com o controle da inflação ela precisaria de "fatos novos" ou "novos rumos da economia brasileira", o que é possível, em tese, mas pouco provável, em função das teimosias ideológicas.

A efetivação do cenários "Fora Dilma" em "Dilma Fora" é pouco provável, dadas as limitações jurídicas e falta de fatos concretos atuais para efetivar o impeachment. As tentativas prosseguirão ao longo do seu mandato, mantendo-a acuada e fraca. 


O processo será parte do cenário mais provável, caracterizado como o da "pata manca", ou seja, fica no posto de Presidente, mas sem condições reais de Governo. Ficará refém dos efetivos detentores do poder. 

Atualmente existe um Governo Dilma e um Governo Levy. O poder real é de um ente difuso, mas real, chamado de mercado. Esse tem um importante indicador, o "grau de investimento" e um representante no Governo: Joaquim Levy. Ele deveria ser uma peça - ainda que a mais importante - de uma equipe governamental, coordenada pela Presidente. Mas como ela - pessoal e volutariosamente - mudou os rumos da política econômica, não conta com o apoio dos demais membros da equipe de Governo, ainda presos aos preceitos da gestão Dilma I. 

Dado o isolamento de Levy do Governo, inteiramente enfraquecido politicamente, ele decidiu assumir o Governo, ou pelo menos a sua parte mais relevante do momento, para cumprir a sua missão. Não se limitou às atividades técnicas mas priorizou as articulações, em diversas frentes: com os empresários, com os financiadores e com o Congresso. Fez os acordos com as principais lideranças do PMDB, que resolveram assumir politicamente o Governo e efetivarem o ajuste fiscal "do seu jeito", mas com Levy.

Dilma não tem o controle sobre o ajuste fiscal.  Não se pode dizer que ela perdeu o controle, porque nunca o teve, ao delegar a tarefa do "trabalho sujo" a Levy.

Ao deixar o banheiro ficar inteiramente sujo, evitando assumir a responsabilidade por essa situação, Dilma decidiu terceirizar o serviço de limpeza. Para que esse terceiro pudesse limpar a sujeira, com a maior presteza e menores custos. Com a menor participação no processo, para não assumir as responsabilidades pelos impactos negativos dessa limpeza.

A idéia era de que se desse certo, assumiria os louros. Se desse errado, a culpa seria do terceiro. O que não deu certo foi a idéia ou a estratégia. O terceiro assumiu os serviços, mas passou a requerer mais condições para a sua missão, maior apoio. E assumiu, inteiramente, o comando, deixando a Presidente na posição de apoiadora. Quem está em campo é Levy, não Dilma. Ela está no banco, supostamente como a treinadora e orientadora. 

Ela, provavelmente, esperava que o serviço fosse transitório, traria resultados a curto prazo e com isso ela retomaria o Governo da casa, com o "banheiro funcionando normalmente". Os resultados poderão ocorrer, mas não a curto prazo. Além das dificuldades inerentes do serviço, ela enfrenta dois elementos desfavoráveis: a "Operação Lava Jato" e a crise hídrica.

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Com isso ela terá postergada a fase de enfraquecimento de poder, o que poderá durar todo o seu mandato. No sentido figurado "ela não conseguirá sair das cordas", levando uma surra incessante. 


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