sexta-feira, 20 de março de 2015

Esvaziamento ou aprofundamento da crise?

A crise política estrutural é da governabilidade da Presidente. Ela perdeu as condições básicas para governar o país. Nem mesmo a Administração Federal, ela consegue gerenciar.

E não por vácuo de poder. Todos os espaços de poder estão ocupados e ocupados demais. Cada contendor quer enfraquecer o adversário para tomar espaço. E o atacado defende-se com todo empenho para não perder o seu espaço.

Os embates políticos são fatos normais e podem envolver tanto disputas programáticas, como apenas espaços de poder, sem divergências programáticas. São apenas  disputas pessoais.

Dilma tem um projeto para o país e estratégias para desenvolvê-lo. Ela pessoalmente é contra a corrupção, mas enfrenta forte resistências e suas estratégias tem sido  ineficazes. Ela quer um crescimento econômico com redução da desigualdade social, mas diante do fracasso da sua política no primeiro mandato, decidiu mudar os rumos, com o que perdeu o apoio da seu próprio partido.

Ela está em conflito com o Legislativo e não tem comando sobre o seu Ministério. O Ministro da Educação pode ter tido um "surto pessoal", mas caracteriza uma falta de coordenação presidencial. O mesmo ocorre com outros setores do Governo. 

A Presidência debita o problema às comunicações. Por a culpa nas comunicações é sempre uma saída fácil: que não tem credibilidade, mas não passa disso. Apaga o incêndio, mas não as causas e os riscos de novos incêndios.

Enfrenta ainda disputas dentro do seu partido. Nesse caso não há divergências programáticas, mas idiossincrasias pessoais. Ela quer formar uma equipe de apoio direto, o chamado nucleo duro, do seu agrado, o que  significa - dentro da personalidade dela - uma equipe submissa a ela. Essa equipe não é aceita pela sua base aliada e até mesma por facções do partido, principalmente a que tem a liderança direta de Lula. Enfrenta uma sucessão de batalhas entre fogos amigos.

Em função das suas características pessoais de personalidade, vale-se do seu passado para sustentar as suas posições. Ao dizer que sempre combateu a corrupção, e diz - ainda que não explicitamente - que nunca foi corrompida ou corruptora, está sendo coerente consigo mesma, mas isso não significa que seja eficaz no combate à corrupção. O que leva a impasses. Não aceita pessoal e intrinsecamente os processos corruptivos, mas diante das pressões e resistências acaba por ser leniente com a corrupção. A sua saída pessoal é de juma versão adaptada dos 3 macaquinhos.
forgetten-chimera
Faz de conta que não ouviu, não viu e nem leu. Mas sabe que ocorre. Defende-se para si mesma, que pelo seu passado e pela sua história não será envolvida, Mas deixa acontecer, desde que não seja revelado, que não apareça. Se for pego quer que seja punido "doa a quem doer". 


Essa posição dúbia de não se envolver pessoalmente, porque nunca se envolveu ao longo da sua vida, mas permitir que ocorram os processos corruptivos, desde que de forma subterrânea, não lhe dá credibilidade. As propostas do pacote anticorrupção são vistas com ressalvas. E com muito ceticismo com relação aos resultados.

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