quarta-feira, 18 de março de 2015

A sociedade foi às ruas. O povo continuou em casa

As imensas manifestações de 15 de março de 2015, levando às ruas quase 2 milhões de pessoas às ruas em diversas cidades do Brasil, não só das capitais, sendo que só em São Paulo, mais de 1 milhão (apesar de uma ultrapassada, explicável mas inaceitável metodologia do Data Folha, na era da informática) provocam  uma euforia e a enganos na interpretações das manifestações.

Quem foi às ruas foi a elite de cada uma das cidades, formada principalmente pela classe média e uma  parte da pequena classe alta. Essa tem renda, mas não tem gente. Por isso mesmo conduz à elevada má distribuição da renda. Volume de gente é formada pela classe média, seja a alta, a média e até a baixa, ou como querem alguns a emergente. O preconceito do PT procura caracterizá-la com formada por gente loira, de olho azul. Deve ser nos paises nórdicos. Aqui tem de tudo, inclusive negros, pardos, amarelos e outros. As elites  de cada um dos locais, qualquer que seja o gênero, cor ou raça estavam nas ruas. Mas o povo ficou em casa. A maioria da população brasileira formada pelas classes mais baixas não saiu de casa num domingo. Com chuva em algumas cidades. Com sol em outras. Os das classes mais altas sairam em peso para as ruas. "Deixaram o aconchego do lar" numa tarde de domingo. Os das classes mais baixas ficaram em casa, em frente à televisão. Muitos assustados com o mar de gente que se reuniu na Av. Paulista e arredores.
Isso não quer dizer que não concordam com os que foram para as ruas. Ao contrário, uma grande parte está insatisfeita com a situação e com o Governo. Podem não concordar com o "fora  Dilma". Mas não estão a favor dela. A pesquisa do mesmo Data Folha que subestimou o número de manifestantes da Avenida Paulista, informa que 62% dos entrevistados reprovam o Governo Dilma (O gráfico acima está defasado, porém mostra a tendência).
A medição mais importante é da audiência da cobertura das manifestações feitas pela TV, principalmente pela Rede Globo. Nem todo o mundo foi às ruas, mas certamente todo mundo no Brasil viu o mar de gente que estava nas suas telas. Mais de 90% das famílias tem televisão. E ficar vendo os programas é a atividade maior das tardes de domingo.

As próximas eleições gerais estão ainda muito longe: três anos e meio. Os políticos tem muito tempo para se ajustar, mas a sua imagem será afetada pela reação diante das manifestações.

Os políticos vão fazer de conta que não é nada com eles. Os manifestantes foram contra a Presidente e seu governo. Ledo engano. As manifestações contra a corrupção também os envolve. Mas vão ainda fazer de conta que não é com eles, porque não se consideram corruptos, apenas fazem o que todo mundo faz. Precisam entender que os manifestantes foram contra o que "todo mundo faz". Ou melhor o que acham que todo político faz: "roubar o erário público". 

Vão tentar escamotear, aprovar algumas medidas parciais e paliativa, sem chegar às origens mais profundas da corrupção. Essa decorre da concepção patrimonialista do Estado. 

A corrupção vai continuar e a sociedade vai continuar indo às ruas. A grande questão é quando vai ocorrer a batalha final. 

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