terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Questões criticas dos cenários políticos

Terminada uma eleição, os políticos já pensam na seguinte. No cenário mais amplo, o PT e o PSDB, os tradicionais partidos com concorrentes à Presidência, bucam uma movimentação, ainda submersa, sem uma definição do nome do seu candidato. O PMDB tentará "emplacar" um nome próprio, mas segue na sua estratégia de domínio no Congresso, tornando o Presidente, qualquer que seja, refém ou dependente dele.

Neste momento em que se decidiu a eleição das duas mesas do Congresso, as preocupações se voltam para a eleição seguinte, em 2017. Tanto Renan, como Cunha podem ser reeleitos. Este, com uma vitória estrondosa, derrotando o Governo e o PT, está em condições melhores para se manter no cargo, apesar de incessante artilharia, promovida pelo Planalto, para tentar enfraquecê-lo. Mas ele é experiente e se fortalece com os ataques frustrados dos adversários. Tem capacidade de perceber e reagir rápido aos, em geral, desastrados movimentos do grupo palaciano e do PT. Está sempre preparado para as tentativas de desconstrução, marca registrada e agora muito conhecida do PT.
A única coisa que poderá derrotá-lo será a falta de cumprimento das promessas fisiológicas aos colegas. O que é pouco provável, às custas do dinheiro do contribuinte. 
Um eventual envolvimento dele com a Operação Lava-Jato será secundário, embora os adversários tentem magnificá-lo.

O cenário mais provável é que o Governo Dilma tenha que conviver ao longo dos seus quatro anos, com Eduardo Cunha na Presidência da Câmara, tirando o sono dela e dos seus áulicos, vez por outra. Com uma estratégia equivocada o PT não só perdeu a eleição de 2015, mas comprometeu a de 2017, inviabilizando um acordo de rodízio. Mas não pode ser desconsiderada a possibilidade de alguma reviravolta provocada por algum fato não visivel ou perceptível no momento.

Mas, o PMDB da Câmara, apesar do comando de Michel Temer, não terá muito espaço dentro do Executivo. O Governo poderá ceder algum espaço, com muita relutância e negociação, podendo usar esse instrumento para tentar enfraquecer a liderança de Cunha. Tentou na formação inicial do Ministério, não deu os resultados esperados, mas vai persistir. O PMDB da Câmara vai "ficar com os restos". Não vai ficar inteiramente fora porque esses espaços serão a moeda de troca de Cunha para  não agir contra o Governo. 

A espernça do Governo não é contar com a ajuda de Cunha, mas evitar que ele seja ou fique contra. Os riscos estão nas CPIs, cujos desdobramentos poderão ser terríveis para o Governo.

Já no Senado, apesar de alguns ressentimentos, Renan teve o apoio do Governo e do PT para assegurar a sua eleição, e fortalecerá a posição do PMDB do Senado dentro do Governo. 

Renan Calheiros poderá ter enfraquecida a sua posição pessoal em função de eventual envolvimento na Operação Lava-Jato, mas o seu grupo manterá a posição de controle do Senado. Desde que o Governo mantenha ou até amplie os espaços dentro da Adminsitração. As negociações não poderão ser muito miudas, porque o Governo precisará muito do Senado para barrar as iniciativas contrários a ele. Não conseguindo barrar na Câmara dos Deputados precisará muito dos diques do Senado.

Ainda que se livre de pressões mais fortes contra a sua permanência na direção da casa, diante dos seus comprometimentos no escândalo do Petrolão, Renan Calheiros chegará enfraquecido para a reeleição de 2017, levando o Governo, como primeira opção, tentar a Presidência para um petista e, como segunda, um novo nome do PMDB. Ou ainda um tercius, dentro da base aliada.

No quadro atual, o Governo continuará refém de uma política fisiológica, obrigado a um lotemento, agora envolvendo o segundo e terceiro escalão. 

Haverá pouco espaço para a tecno e gerenciocracias, o que significa que o Governo Federal vai continuar funcionando mal. A equipe econômica será mesmo uma ilha de competência num mar de mediocridade. 


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