quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Os cenários do confronto com o PMDB

O cenário político de 2015 será marcado pelo embate entre a Presidência e o PMDB, com a tentativa de reorganização da base aliada no Congresso.

O jogo inicial será disputado no início de fevereiro com a posse dos novos congressistas e eleição da mesa da Câmara e do Senado.

O mês de janeiro será dedicado às articulações dos candidatos, com uma dificuldade adicional para a Câmara. Cerca de metade dos deputados são novos e grande parte só vai chegar a Brasília nas vésperas da posse. As conversas "olho no olho" serão custosas. Mas Eduardo Cunha está em plena campanha visitando os Estados, reunindo os novos eleitos.

No Senado a renovação é menor. 

O elemento perturbador é a perspectiva da abertura oficial das informações contidas nas delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff, que comprometeriam diversos políticos, incluindo os favoritos Renan Calheiros, no Senado e Eduardo Cunha, na Câmara. 

A Presidência torce, sem demonstração externa, para que isso ocorra. Até tentou obter as informações, mas tanto o Ministério Público Federal como o Supremo Tribunal Federal não acederam. Oficialmente não haverá a abertura antes do final das férias forenses que só ocorrerá depois das eleições no Congresso. Os candidatos estarão apenas sob suspeita.

A partir dai podem ser desenhados os seguintes cenários:

Renan Calheiros e Eduardo Cunha são eleitos e mesmo que depois apareçam na lista dos delatores, desmentirão e permanecerão nos cargos, ainda que sob forte pressão contrária a permanência deles nos cargos.

É um cenário parcialmente favorável ao Executivo, que quer um legislativo fraco, no seu primeiro ano de novo mandato, mais controlável aos seus desígnios. Renan e Cunha fragilizados precisarão do apoio do Executivo para se sustentar e não adotariam medidas que poderiam desagradar o Palácio do Planalto.

Renan Calheiros será eleito, mas seria obrigado a renunciar diante da pressão da opinião publicada e do próprio Senado. Eduardo Cunha, provavelmente menos envolvido diretamente, manter-se-ia no cargo. 

O cenário é menos favorável ao Executivo que precisaria um grande esforço de articulação para tentar colocar um senador petista na Presidência, em substituição a Renan. Nesse caso, o mais provável seria ainda um Presidente do PMDB, para poder enfrentar um candidato da oposição. Um candidato petista correria o risco de perder a eleição. Para o Governo, ruim com Renan Calheiros, pior sem ele.

Por outro lado, Cunha tenderá a apoiar medidas retaliatórias, não evitando a criação de uma nova CPI para apurar as irregularidades ocorridas na Petrobras, mas sem extensão para outras estatais. Eduardo Cunha e outros deputados do PMDB e da base aliada não entraram nas quotas da Petrobras, mas de outras estatais federais. A eles não interessa a extensão das investigações.

Cunha seria eleito Presidente da Câmara, mas perderia influência nas nomeações de cargos dentro do Executivo.

O PMDB no embate com a Presidente está fazendo um jogo arriscado, com grande probabilidade de ser derrotado diante das intransigências presidenciais. 

Não quer aceitar Kátia Abreu como Ministra da quota do PMDB e quer derrubá-la. Ela revidou, imediatamente, e vem tirando do Ministério os indicados pelo PMDB, principalmente os apadrinhados de Eduardo Cunha.

A expectativa é de uma "guerra feroz e suja". Mesmo que ela saia, o que é pouco provável, dificilmente o PMDB de Michel Temer voltará ao Ministério da Agricultura. O risco maior do partido é uma defecção da sua bancada rural para o PMDB do B, comandado por Kátia Abreu. A Senadora e agora Ministra não é nenhuma neófita, conhece bem as regras e joga pesado. 

E, provavelmente, está alinhada a Dilma para o objetivo de "rachar" o velho PMDB. 

Nos cenários políticos do segundo mandato de Dilma, o embate dela com as "velhas lideranças do PMDB" porque as mais antigas ainda do tempo do MDB saíram de cena.

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