segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Povo nas ruas x povo nas urnas

As mais recentes prévias eleitorais, com alcances segmentados mais amplos, indicam circunstâncias cuja percepção foi recusada anteriormente: o povo que foi às ruas em junho de 2013 não era todo o povo brasileiro, mas apenas uma parte e a que foi não conseguiu contaminar todo o resto.
O povo de junho de 2013 era urbano, metropolitano, de jovens de classe média. 
Os políticos se assustaram com a repercussão, mas ao voltarem às suas bases perceberam que nem todo seu eleitorado tinha sido contaminado com as idéias e as posições defendidas e adiaram as decisões propugnadas pelas grandes cidades, a menos de algumas questões específicas:  não promoveram a decantada reforma política.

Os políticos "fisiológicos" voltarão ao Congresso Nacional, apesar da baixa de alguns notórios corruptos, barrados pela Lei da Ficha Limpa. Com o apoio dos seus eleitores. Ainda não será desta vez que o povo brasileiro fará uma mudança radical.

O principal indicador é a baixa repercussão eleitoral dos casos de corrupção na Petrobras. 

Por outro lado as manifestações de rua de junho de 2013 não tiveram lideranças, mas inciativas difusas, dentro das novas condições propiciadas pela tecnologia e uso das redes sociais. Pairava, no entanto, uma figura que poderia representar as aspirações desses manifestantes. As circunstâncias levaram Marina Silva a ser candidata à Presidência, gerando a perspectiva de que a perspectiva difusa pudesse se tornar realidade.

Diante do fato, o Governo e o PT se lançaram numa furiosa cruzada para desconstrução da imagem de Marina Silva, procurando demonstrar que ela não é o que o povo imaginava.

O PT e Dilma querem vender a imagem de que: 

"Ela não é firme, cheia de contradições e muito frágil, pessoalmente".

Ao contrário, Dilma seria uma mulher segura, firme, decidida e corajosa. A imagem de quem tem firmeza para governar o país, com idéias próprias, ao contrário de Marina, indecisa e submetida a interesses econômicos. 

Dilma mudou inteiramente os rumos da sua campanha, abandando a construção da imagem de uma "mãezona" que cozinha macarrão de terninho, que carrega crianças, para ser emergir como uma mulher dura, decidida que caminha militarmente, masculinizada, pisando duro. Está claramente buscando firmar um rumo entre as proposições do seu marketeiro e do seu mentor Lula. Irá ajustá-lo à medida que as pesquisas indicarem aceitação positiva ou rejeição. 

Está testando o seu arsenal e lançando o seu armamento com grande intensidade em batalhas prévias corre o risco de ficar sem munição na batalha decisiva, como já colocamos aqui. Essas não serão em setembro e ainda nos primeiros dias de outubro. Serão ao longo do mês de outubro. 

Do ponto de vista estratégico a campanha de Dilma está correndo um grande risco. Quer ganhar de toda forma no tempo normal, evitando a prorrogação.  Mas a ocorrência dessa é o cenário mais provável e, se ocorrer, será chegará muito cansada.

Aécio, a esta altura está fora do jogo, mas atrapalha as duas. Com a sua presença evita a possibilidade do "jogo" terminar no tempo normal. A prorrogação, ou seja, o segundo turno, é inevitável. 

As maiores estratégias tem que ser reservadas para essa etapa.

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