sexta-feira, 11 de abril de 2014

Trabalho não anda sozinho

O Prefeito de São Paulo sonha em aproximar o trabalho da moradia. É um dos seus maiores objeto de desejo e tem repetido "ad nauseam" (ele sabe o que é) esse mantra.
Precisa sonhar, porque essa fantasia não vai ocorrer como deseja.

O motivo é simples: enquanto a moradia é uma decisão de caráter unipessoal ou familiar  e relativamente independente,  o trabalho não caminha sozinho. Esse precisa ser criado por um empregador ou por um cliente. Quem decide onde vai se gerar o posto de trabalho, não é o trabalhador, é o patrão, o empregador ou o cliente de serviços.
Alameda em Alphaville -

Por que o empregador não cria o emprego mais próximo da moradia do empregado? Porque ele quer se instalar mais perto ou mais acessível de onde mora e não de onde os seus empregados moram. 
Casas em Itaquera - foto valor 
O gerador de emprego quer a sua comodidade: os empregados que se "virem" para chegar ao local de trabalho: não interessa onde moram.
O empregador tem a responsabilidade de fornecer o vale transporte, mas não pode selecionar o empregado em função do local de moradia.
Se o fizer corre o risco de ser questionado pelo Ministério Público do Trabalho, por ato discriminatório e restritivo. 

Numa metrópole o trabalho não vai atrás da moradia.

Para que o trabalho vá para mais perto da moradia popular a Prefeitura pode oferecer vantagens fiscais ou regulatórias, apelar para a consciência social ou gerar melhores condições de atratividade.

As vantagens fiscais tem se mostrado ineficazes. Já foram adotadas a dez anos atrás e só conseguiram atrair duas microempresas. Essas vantagens beneficiam a empresa e seus acionistas. Nas grandes empresas de capital dominado pelos investidores, o executivo que decide o local só é beneficiado indiretamente. Não afeta poderosamente a sua decisão.

A Prefeitura tenta a conscientização social. Os empregadores não contestam, mas não efetivam.

Resta a atratividade, mas essa não depende diretamente da Prefeitura. É preciso criar locais onde os decisores, os empregadores possam moram bem, ele e sua família. É preciso criar bairros "tipo Alphaville".
Panorâmica de Alphaville

A imagem das regiões dominadas pelas moradias populares, agora denominadas "habitações de interesse ou caráter social" não é apenas de pobreza, mas de violência urbana. 

Os decisores, de maior renda, não querem ir morar nessas regiões. Eles até podem se interessar, mas encontrarão a oposição familiar. 

Sem um "gueto" de riqueza o decisor não leva o trabalho para junto das comunidades de moradia popular. 

Não aceitar a desigualdade econômica e social que existe na realidade, faz com que o sonho permaneça como tal, nunca se efetivando.

Lamantável, mas "c'est  la vie".

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