quinta-feira, 13 de março de 2014

Miopia política

Não há crise com o PMDB. A crise é do Governo com o baixo clero na Câmara Federal. 
O problema dos deputados do baixo clero é um só: ter recursos ou condições para a sua reeleição. 
Suas fontes básicas são duas, ambas do Governo Federal: emendas parlamentares e cargos gestores de recursos orçamentários. O baixo clero não aspira Ministérios, mas cargos de segundo ou terceiro escalão. As dificuldades que enfrenta é que o PT quer ter Ministérios com porteira fechada, quando tem o topo e quer dividir o lote com os ditos aliados, quando o Ministro é da base aliada.
Eles dispõe da maioria dos votos dentro da Câmara e se unem em torno dos seus líderes que não são os chefes dos partidos.
O seu principal patrimônio são os votos dos seus eleitores e buscam preservá-lo. Os chefes dos partidos tem outras aspirações.

O Mensalão gerou uma grande lacuna nas lideranças do baixo clero. A mídia voltou a atenção aos líderes do PT condenados, mas não deu a mesma atenção à condenação de alguns dos mais proeminentes líderes do baixo clero: Pedro Henry, Waldemar da Costa Neto e outros. A principal negociação da cúpula do PT era com as lideranças do baixo clero, aos qual concederam as "mesadas" que deu origem à crise e à sua denominação. O "mensalão" nada mais era que a distribuição de mesada aos integrantes do baixo clero. A mesada os acalmava e os levava a votar com o governo: não importa o que fosse.

Com a retirada dos antigos líderes sobrou o espaço para Eduardo Cunha, hoje o mais importante líder do baixo clero.

Eduardo Cunha é do PMDB. É líder oficial da bancada do PMDB. Mas na realidade é o líder da maior bancada informal do Congresso: a do baixo clero. 

Pretender isolá-lo ou entender que é um problema da cúpula do PMDB é um equívoco, ou uma miopia. Ele é muito maior do que o PMDB e líder da fisiologia miúda. As cúpulas dos grandes partidos não controlam a sua base. 

Os acordos tem que ser feito com o baixo clero que é multipartidário, com integrantes de todos os partidos, eventualmente até um ou outro do PT.

Sem esse acordo, que nem precisaria ser feita pela Presidente, mas - centralizadora como é - quer assumir o comando, o Governo acumulará derrotas em questões de menores consequências efetivas, mas magnificadas pela mídia. As derrotas serão mais simbólicas. Convocações de Ministros é apenas uma chateação para os próprios, mas não "dão em nada".

A consequência efetiva mais importante é: como ficará a composição da Câmara, na próxima legislatura? Como ficará a distribuição entre PT e PMDB? E a oposição?

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