sábado, 1 de fevereiro de 2014

Quem está atrás dos black blocs?

Só eles mesmos. São um coletivo que atendem  à convocação pela rede social, sem uma organização institucionalizada.
É formada por jovens insatisfeitos, revoltados "com tudo isso que está ai" e dispostos a se manifestar de forma destrutiva. Não acreditam que apenas reunião de pessoas, passeatas nas ruas, com faixas ou palavras de ordem, vão mudar alguma coisa. Para eles é "preciso ir para o pau". Estão dispostos a apanhar, mas bater em revide.

São formados por pequenos e múltiplos agrupamentos, com diversos indivíduos, tomados pelas mesmas percepções, idéias e ideais, que são comunicados pela internet. Não precisam se reunir presencialmente de forma prévia, com os sentimentos comuns transmitidos virtualmente. O presencial é na hora. Assumem a mesma caracterização, o que gera a impressão de um movimento organizado e uniformizado.
São anarquistas, tanto no sentido político como comum. São contra os símbolos institucionalizados de um "sistema" que repudiam e acham que destruí-los é algo positivo e uma forma de luta. Acham-se lutadores. São também anárquicos na forma de atuar. O que complica a ação das forças repressoras, planejadas para atuar contra ações organizadas. Com ações individuais ou de pequenos grupos onde um ativista gera o exemplo e é acompanhado por outros, muitos meros fãs e apoiadores, a polícia não sabe onde eles vão atacar, apesar de saber quais são os seus alvos principais.

As suas ações são previsíveis em relação aos próximos passos, mas difíceis de serem avaliados com antecedências maiores. 
E as autoridades e a polícia pouco estão preparados para as ações de guerrilha urbana. 
Uma das poucas ações bem sucedidas, do ponto de vista policial, foi o de encurralar um grupo na rua Augusta, levando-os a se refugiarem num hotel. A truculência da ação policial para a prisão desses manifestantes foi a substituição da inteligência pela violência desnecessária.
A reação da Polícia não irá intimidá-los.

Uma parte é levado pelo lema "não vai ter Copa" e acreditam piamente que poderão evitar a sua realização, no conjunto, ou de algum jogo. Não vão conseguir, mas continuarão firmamente imbuídos dessa ideia.  Não vão, porque além da repressão melhor organizada pelas autoridades, não contam com o apoio da maioria da população. Dentro dessa há muitos que são contra os gastos com a Copa, não contra a Copa em si. Querem a realização da Copa. 

O pensamento dos black blocs é provocar a reação violenta da polícia e com isso conseguir a adesão da população. Eles vão à luta, para apanhar, porque essa será a forma de conseguir a adesão da população e prejudicar a realização dos jogos. 

Já a contraposição estratégica das autoridades é provocar, induzir ou estimular a antecipação dessas ações, para conhecer melhor a lógica dos black blocs, identificar os principais ativistas e os eventuais líderes de grupos e detê-los antecipadamente.

Se essa for - e parece ser - a estratégia das autoridades, haverá manifestações em fevereiro e março, com o objetivo de esvaziá-los nos meses mais próximos da realização da Copa.

No entanto, como um processo espontâneo, os ativistas e lideranças detidas serão substituídos por novos, com uma sucessiva renovação. 

Black bloc não é uma organização. É a manifestação de um sentimento de revolta.



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