sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Os legados da Copa - a massa dos ex-empregados

A construção ou reforma dos estádios envolveu um grande contingente de mão-de-obra, ao longo dos últimos 4 anos, contribuindo para a manutenção dos níveis de empregos formais na construção civil e no conjunto nacional.

Esse volume tem sido alardeado com um dos fatores positivos da realização da Copa no Brasil, o que é fato, não só do ponto de vista do emprego, como do PIB. Este teve a contribuição da produção dos novos ou reformados estádios, na conta dos investimentos, ou - segundo a terminologia oficial - da Formação Bruta de Capital Fixo, ampliando - em tese - a capacidade produtiva brasileira. 
Essa capacidade adicional deveria produzir - no futuro - um aumento da produção de serviços, de jogos de futebol e outros eventos, com uma renda direta referente aos ingressos vendidos, uma renda complementar, da venda de produtos durante os jogos (o que contabilmente, entra na conta dos setores produtores e não dos serviços) e uma renda indireta que é o televisionamento dos jogos. Esse também tem uma renda complementar que são os patrocínios dos programas de comentários do futebol.

Esse seria o legado positivo, que poderá ser bem aproveitado no futuro próximo.

Por outro lado, a conclusão das obras gera um problema social, pouco evidenciado diretamente, que é o contingente dos ex-empregados. 

Para onde foram os ex-empregados, demitidos em função do término das obras? Estão empregados em outras obras? Quantos? E em que funções? Qual foi o aproveitamento, ou seja, quanto dos demitidos foram reempregados?

Quantos deixaram empregos formais e estão em trabalho informal?

Os que migraram para a cidade, recrutados ou atraidos para o trabalho nos estádios, retornaram aos seus locais de origem?

Ou ficaram na cidade? Onde estão ou foram morar? Foram alimentar a expansão das favelas?


O ocorrido com outros grandes construções especializadas dentro das cidades, indica que os imigrantes vindos para essas obras não retorna aos seus locais de origem, permanecem na cidade, na espera de uma nova oportunidade de trabalho. Enquanto isso, vão morar em comunidades precárias, participando de invasões ou aumentando as favelas.


As construtoras não se responsabilizam pelo que ocorre com o ex-empregado. Cortado o vínculo, pagos todos os "direitos" o que se segue não seria de responsabilidade do ex-empregador. O problema social, eventualmente, criado seria uma questão pública e não privada.

Mas o volume de ex-empregados é um legado inequívoco da Copa, a ser registrado na coluna dos passivos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...