segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O que aconteceu em São Paulo, no final de semana

Em todo o Brasil pessoas estão tentando mobilizar a população contra os gastos com a Copa no Brasil. Através das redes sociais fizeram as convocações que, como sempre receberam milhares de adesões, mas na hora H aparecem apenas alguns. Nas diversas cidades houve reunião de poucas centenas ou apenas dezenas de participantes.
Só em São Paulo, que coincidia com o aniversário da cidade, uma dia feriado e com diversas comemorações, houve uma movimentação e participação maior.
O grupo que convocou a manifestação ocupou o vão do MASP, marcado como início da caminhada, na véspera e preparou os cartazes e faixas.


Cerca de 50 manifestantes acamparam no local para o que chamaram de "Primeiro Grande Ato contra a Copa do Mundo".
O grupo que se autodenominou "Se não tiver direitos não vai ter Copa" .
De acordo com o manifesto divulgado pelo grupo, o movimento é "contra os gastos bilionários da Copa e a favor de um melhor sistema de transporte, moradia e saúde para a população." 


O Governo do Estado teria mobilizado um contingente de 2.000 militares para monitorar a manifestação, com os soldados enfileirados em torno da Avenida Paulista, para manter os manifestantes na faixa de rolamento e a tropa de choque em prontidão para enfrentar qualquer tumulto ou alguma ação violenta por parte de manifestantes.
Como era feriado, as pessoas e famílias que sairam às ruas foram para as comemorações, a via estava com pouco trânsito e tranquila. 
A concentração, segundo estimativas oficiais, reuniu cerca de 700 pessoas, apesar de cerca de 23.000 terem respondido à convocação. Era praticamente uma relação de 3 policiais para cada manifestante.
Mas já na concentração uma grande presença de mascarados indicava uma forte adesão dos black blocs ao evento. Eles tinham sido convocados, paralelamente, à organização inicial da manifestação e com
disposição de retomar as ações que ficaram incubadas e em compasso de espera.
A tática do black blocs não é mobilizar os seus adeptos para manifestações próprias, mas se juntar às outras. 
Ativistas de movimentos políticos também se juntaram à manifestação que seguiu pela Av. Paulista e desceu a Av. Brigadeiro Luis Antonio, em direção ao centro e de forma pacífica recebendo sucessivas adesões, tendo chegado a cerca de 3 mil participantes, nas estimativas oficiais.
A caminhada teria terminado em frente à Prefeitura Municipal no Viaduto do Chá, iniciando-se a dispersão dos grupos. Os block blocs, em diversas frentes iniciaram ações de depredação, alguns documentados, outros não. A PM teria usado bombas de lacrimogênio para dispersar os grupos, sem contudo ter evitado as depredações.
Um grupo subiu pela Rua da Consolação e, junto à Praça Roosevelt, atacou e tentou virar um carro da Policia Civil Metropolitana e ao lado atear fogo num colchão que atingiu um fusquinha que tentou passar pela manifestação acompanhada pela reportagem da TV Globo pelo alto. 
Como sempre, "a Globo mostrou aconteceu. A Globo não mostrou não aconteceu". Toda mídia repercutiu essas duas ações que não tiveram danos maiores, a menos do pobre serralheiro que passou pelo lugar errado na hora errada. Além do susto perdeu o seu veículo de trabalho. Foi a maior vítima das manifestações, que nada tinha a ver com essas.

O mesmo grupo ou outro, pois estavam nas imediações se dirigiram para a rua Augusta e na subida, acima da Praça Roosevelt (ver mapa) depredaram uma concessionária de veículo e ao passarem da quadra seguidos pelos policiais ficaram acuados com a tropa de choque que se postou do lado oposto. Cercados se refugiram dentro de um hotel. 
A tropa invadiu o hotel, evidentemente, autorizado ou ordenado pelo comando, com escopetas e atirando balas de borracha e em operação cinematográfica deteve todos os mais de 100 jovens manifestantes refugiados e até eventualmente algum hóspede, que depois de prestarem depoimento foram liberados pela manhã. Todos "são e salvos".
O perfil divulgado pela imprensa indica que a maioria era massa de manobra que "estava de alegre" acompanhando ou incentivando os black blocs. Esses eram minoria entre os detidos.
Como a operação foi documentada no seu início, e pela sua escala, tornou-se o outro grande fato da manifestação. Um grupo menor de black blocs que foi detido, por vandalismo no centro da cidade não recebeu a mesma atenção. Não foi documentado pela Globo, então "não aconteceu".

Mas ao final da noite, ocorreu um fato isolado que tomou conta do noticiário. Um jovem abordado pela Polícia Militar fugiu e, supostamente, tentou enfrentar os perseguidores. Recebeu dois tiros e está em estado grave na Santa Casa de Misericordia, bem proximo de onde foi baleado e levado.

Ao ser ferido com risco de morte, não importa mais o que fez ou o que é. Tornou-se a grande vítima da "truculência policial" e pode se tornar o mártir dos movimentos anti-Copa.

Esse episódio não estava no "script". 








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